quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEU A LOUCA NA SERAFINA, A ROSA - PARTE 4 - AUTORA: CLÁUDIA G

Aquela noite havia sido especial para Rosa. Ela viu os olhos cobiçosos do patrão e amou ser desejada por ele, Rosa sentia que estava indo pelo caminho certo. “Ele não pode perceber de jeito nenhum que estou louca por ele. Ai meu Deus! Será que já dei alguma brecha? Preciso me controlar... preciso sorrir menos pra ele. Na verdade, acho que tenho que sorrir na medida certa...Não espera... só posso sorrir quando ele disser bom dia, boa tarde, boa noite e quando se dirigir à mim com algum galanteio, sempre sorrisos discretos, senão ele vai achar que tô como uma rosa mesmo...me abrindo pra ele. Não posso dar essa ousadia pro francês, não!”. Rosa entra em casa e vai direto para o seu quarto e começa a tirar brincos, anéis, o vestido... O vestido Rosa colocou delicamente na cama e o observou por alguns instantes, esse ela iria guardar com muito carinho. “Valeu cada centavinho que eu paguei por vc. Danado! Quase estourou o limite do meu cartão de crédito, mas oh, jóia!”. Rosa ligou seu rádio no quarto e foi terminar de tirar suas peças no banheiro para tomar um banho, de repente, Rosa se vê dançando e cantando embaixo do chuveiro, I Will Survive, de Gloria Gaynor.


At first, I was afraid, I was petrified.
Kept thinkin' I could never live
Without you by my side,
But then I spent so many nights
Thinkin' how you did me wrong.
And I grew strong
And I learned how to get along.

And so you're back from outer space.
I just walked in to find you here
With that sad look upon your face.
I should've changed that stupid lock,
I should've made you leave your key,
If I had known, for just one second,
You’d be back to bother me.

Well, now go! Walk out the door!
Just turn around now,
'Cause you're not welcome anymore!
Weren't you the one
Who tried to hurt me with goodbye?
Did you think I'd crumble?
Did you think I'd lay down and die?

Oh no, not I! I will survive!
Oh, as long as I know how to love,
I know I'll stay alive!
I've got all my life to live.
I've got all my love to give.
And I’ll survive! I will survive!
Hey, Hey!

(I will Survive – Gloria Gaynor – ouça em: http://letras.terra.com.br/gloria-gaynor/15949/)

Depois de um banho relaxante, Rosa se jogou na cama e dormiu profundamente. Seis da manhã Rosa já estava em pé e pronta para ir à academia, onde teria naquele dia aula de pilates para melhorar seu condicionamento físico e, ainda, iria enfrentar mais trinta minutos de corrida na esteira. O professor da academia elogiava constantemente seu desempenho e força de vontade, Rosa conseguia resultados rápidos e bastante satisfatórios.

Naquela manhã, quando chegou ao trabalho, Rosa sentou-se na sua cadeira e foi ler seus e-mails e entre tantos um lhe chamou atenção, era de miss Elizabet Smith a convidando para um chá. “Nossa! Não achei que ela fosse me passar um e-mail, ela disse que ia ligar. E agora? Respondo o quê pra ela?”. Rosa então começou a digitar sua resposta:



“Prezada miss Smith,

Antes de tudo saiba que a recíproca é verdadeira. A senhora e seu esposo foram extremamente gentis. Aceito com alegria o seu convite para o chá de logo mais, vou apenas conversar com dr. Claude antes, porque no horário proposto ainda estou trabalhando.

Um grande beijo,

Rosa”
Rosa, leu diversas vezes antes de enviar a mensagem, até que se decidiu: “Quer saber? Foi!”. Depois disso ela foi até a sala do seu chefe pedir permissão para ir se encontrar com miss Smith.

Rosa: Bom dia. - disse com o sorriso contido, aquele que ela considerava perfeito para a ocasião.
Claude: Bom dia! - disse com um largo sorriso.
Rosa: Desculpa atrapalhá-lo, mas é que eu recebi um e-mail muito gentil de miss Smith me convidando para um chá hoje à tarde. O senhor se importa se eu sair um pouco mais cedo?
Claude: Claro que non, Rosa! Ela já me telefonou hoje pela manhã perguntando se eu poderia liberá-la, non há como negar.
Rosa: Obrigada, dr, Claude.
Claude: Já non pedi para não me chamar de doutor? - pergunta com dúvida.
Rosa: Sim, claro, me desculpa, preciso me acostumar. - diz com seu sorriso ideal. - Precisa de alguma coisa?
Claude: Preciso! - diz com olhar fixo na secretária.
Rosa: Pois não? Pode dizer.
Claude: Non, quero dizer...non preciso. Obrigado.
Rosa: Então vou voltar ao trabalho. Obrigada mais uma vez.

Claude ficou olhando sua secretária se retirar, ele adorava vê-la caminhar, era muito elegante.

No horário do chá, Rosa encontrou miss Smith que já a esperava numa antiga casa de chá localizada no Largo do São Bento, no centro da cidade de São Paulo. Rosa se sentia estranha ao entrar ali, parecia refinado demais para ela, o mais próximo que ela já havia passado daquele lugar era quando ia a 25 de março com sua mãe fazer compras de natal ou outras quinquilharias. O local era realmente antigo e remetia ao início do século passado, seus frequentadores eram tão diferentes daquelas pessoas que passavam ali na frente.

Miss Smith: Rosa, que bom que chegou!
Rosa: Miss Smith, obrigada pelo convite.
Miss Smith: Imagina! Eu gostei muito de te conhecer. Queria saber mais de você, da sua vida.
Rosa: Ah, sou uma pessoa muito comum, miss Smith.
Miss Smith: Não foi o que me pareceu... Vamos pedir um chá, algo pra comermos e ai você me conta sobre você.
Os olhos de Rosa brilhavam ao ver as fotos dos doces e outros pratos da casa estampados no cardápio. Por fim, optaram por chá de frutas e cada uma comeu um delicioso bolo de fubá.
Miss Smith: Trabalha há muito tempo com dr. Claude?
Rosa: Vai fazer um ano.
Miss Smith: Quando vi vocês dois juntos pensei que fossem namorados.
Rosa: Verdade?
Miss Smith: Ele me parece gostar de você.
Rosa: Dr. Claude é um excelente patrão, também gosto muito dele.
Miss Smtih percebeu que Rosa não havia entendido o que ela havia dito, mas acho melhor não ir além naquele momento.
Miss Smith: O dr. Claude é casado, tem namorada...?
Rosa: Pelo que sei tem uma namorada.
Miss Smith: Sei. Ele é encantador.
Rosa: Sim, sem dúvida. - sorriu sem graça ao ter que dizer isso, mas não havia encontrado resposta melhor. - O chá! Que cheirinho bom esse.
Miss Smith notou um ligeiro incômodo de Rosa com o assunto e resolveu mudar o rumo da conversar para não encabulá-la. Naqueles dez primeiros minutos de conversa ela já havia percebido o suficiente para tirar algumas conclusões.

3 comentários:

  1. Claudia, esse texto é sempre muito doce... eu adoro...

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  2. Cláudia,
    vc tá melhor a cada parte. Amo começar a ler e derepente, qndo a coisa tá boa... acaba, me deixando um QUERO MAIS........
    Gosto dessa Rosa, mais real. As pitadas de humor sutis.

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  3. Cláudia, adorei essa Rosa, realmente poderosa! E esse sorriso ideal é o máximo! Só você, pra escrever isso! Muito lindo!

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