sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UMA ROSA COM AMOR - VERSÃO GAÚCHA - PARTE 27 - AUTORA: MARIANA LOPES

Roberta chega ao cortiço e, no caminho até a casa da família Petroni encontra Pepa.


Pepa – Bom dia! D. Roberta Vermont que prazer em vê-la. Como estão as filmagens? E o Sérgio está indo bem?

Roberta – Bom dia D. Pepa! As filmagens ainda não começaram, mas o Sérgio está indo muito bem ... a senhora me dá licença, mas eu vou a casa da Rosa...

Pepa – A Serafina está aqui? Mas eu não vi.

Roberta – A Senhora sabe se Claude está?

Pepa – Está ...está sim... agora ele não sai daqui, mas Serafina não tenho visto... Estão o Dr. Claude e toda a família... hora do almoço os Petroni ficam todos juntos... com o francês colado lá, mas a Serafina... não ta...

Roberta – Então, com licença ...

Roberta bate na porta e Amália atende e fica surpresa ao vê-la e diz que é.

Roberta – Bom dia! Desculpe por não ter avisado que eu viria e eu sei que o horário é impróprio para uma visita.

Amália – Bom dia! A senhora é sempre bem-vinda a nossa casa.

Roberta – Como está Rosa?

Na cozinha, Claude fica parado e tenta ouvir o que D. Amália vai responder.

Amália – Serafina está muito bem, obrigada! Mandou lembranças para a senhora. Falta pouco para ela voltar. Estou com muitas saudades, não vejo a hora de ver a minha filha. Faz um tempo que ela não telefona. Deve estar ocupada trabalhando...

Roberta – A Rosa está trabalhando no quê? Aonde?

Amália fala bem baixinho – O que exatamente ela está fazendo... eu não sei lhe dizer e aonde ... eu não posso comentar. Ela pediu, a senhora compreende...

Roberta – Imagina! Claro que eu compreendo. O Claude está? Eu sei que não é o melhor momento para uma visita, mas é que eu precisava falar pessoalmente com Claude. Ele está?

Amália – Dr. Claude? Está, na cozinha, almoçando. Vamos passar... a senhora aceita almoçar com a gente?

Roberta fica na dúvida, mas Claude levanta e vem cumprimentá-la e insiste para que ela os acompanhe. Ela aceita, cumprimenta Seu Giovanni, Teresinha, Gino, Dádi, senta-se a mesa e fica observando espantada como Claude está ambientado e parece feliz ali. Eles almoçam e todos se divertem. Roberta prova a comida de D. Amália e adora. Ela fala que agora sabe o porquê Claude não sai mais dali e nem aceitar o convite dos amigos para jantar.

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O telefone de Beto toca.

Beto – Alô?

Raquel – Oi Beto.

Beto – Oi Raquel, tudo bem?

Raquel – Beto, nós precisamos conversar...

Beto – Aconteceu alguma coisa?

Raquel – Aconteceu... mas eu preciso falar contigo pessoalmente.

Egídio chega e começa a ouvir a conversa.

Beto – Tudo bem Raquel, vamos nos encontrar.

Raquel – Beto, onde você está morando?

Beto – Raquel ... estou morando no cortiço.

Raquel – Você está morando num cortiço? Que cortiço?

Beto – No cortiço da Serafina...

Raquel – Da esposa do Claude? Você está maluco?

Beto – Raquel, depois eu te explico... quando você quer falar comigo?

Raquel – Pode ser agora?

Beto – Onde?

Raquel – Sabe aquele barzinho que nós sempre íamos, pode ser lá?

Beto – Daqui a pouco nós encontramos lá.

Raquel sai. E Egídio pensa: Beto morando no cortiço... vou ter uma conversa com ele muito em breve, muito em breve.

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Terminado o almoço Giovanni diz que vai descansar antes de voltar para acompanhar a construção das casas. Amália pergunta se eles querem um cafezinho e Dádi ajuda a servir. Teresinha vai trabalhar e Dino vai conversar com os amigos. Amália oferece a sala para eles conversarem. Dádi diz que vai até o apartamento ver como estão as coisas. Claude diz que ela pode ir com Rodrigo. Amália diz que vai junto buscar umas coisas que esqueceu. Claude e Roberta ficam sozinhos.

Roberta – O que Dádi está fazendo aqui?

Claude – A história é muito cumprida e vou resumir: para me livrar de Nara eu tive que pedir uma manutenção lá em casa e Dádi veio para cá. Eu me sinto ton bem aqui, Rosa tem sorte de pertencer a essa família e Dádi se dá muito bem com D. Amália e o Seu Giovanni.

Roberta – Tudo bem, mas eu nunca imaginei você vivendo aqui com o Seu Giovanni. Você vivia reclamando dele. Vocês vão ficar aqui até quando?

Claude – Até a Rosa voltar. Eu non reclamava dele, reclamava que a Rosa non tomava decisões sem consultá-lo e pedir a sua aprovaçon, mas hoje eu entendo...

Roberta – É tão estranho te ver aqui, mas ao mesmo tempo tão natural... sei lá amigo, você está diferente... se bem que eu já venho notando essas mudanças há algum tempo...

Claude – Eu me sinto diferente... só que agora tenho uma inquietaçon...

Roberta – Isso é saudade... de Rosa... E quando é que ela volta?

Claude – É... isso eu non sei, mas bem que você poderia, com esse seu jeitinho, tentar descobrir isso para mim... Porque está mais fácil eles arrancarem de mim... a senha da minha conta corrente do que dizerem onde Rosa está....

Roberta – Está tão difícil assim?

Claude – Estou tentando a um tempon falar com a Rosa e non consigo... non tem jeito...

Roberta – Mas o que você fez que provocou tudo isso?

Claude – Eu non fiz nada... nós estávamos muito bem... de repente ela foi embora e non quer falar comigo ...

Roberta – A Rosa não é esse tipo de pessoa, alguma coisa aconteceu... você fez alguma coisa e foi coisa séria. Ela sempre fez tudo por você, para te ajudar. Ficou contra o pai, enfrentou ameaças e nunca desistiu. Eu te achava muito injusto com ela, sem tolerância...

Claude – Roberta, eu sei que eu non tive a conduta que a Rosa esperava, mas na última semana que passamos juntos, foi tudo ton especial e eu non entendi nada ...

Roberta – Pode ser que ela tenha aprendido contigo...

Claude – Tenho até medo de perguntar... Aprendido o quê?

Roberta – Em dado momento você a tratava com cortesia, carinho... em outro ficava dizendo que ela só te trazia problemas, que seu mundo tinha sido devastado por um furacão... o que você queria? Que ela agüentasse tudo e ainda te agradecesse? Acho que a Rosa, até foi muito legal com você, outra teria jogado tudo para o alto há muito tempo.

Claude – A Rosa non é assim. Nem que ela quisesse, ela conseguiria ser desse jeito.

Roberta – Então, o que você acha que aconteceu?

Claude – Eu pensei tanto e realmente eu non sei o que foi, por isso é ton importante eu falar com ela. Quanto mais o tempo passa, mais nervoso e inseguro eu vou ficando. E essa sua conversa non está ajudando, está me deixando muito mais nervoso...

Roberta – Eu não quero te assustar, mas ou foram algumas coisinhas que você fez, ou alguma coisa que você não fez... Claude um homem experiente como você...

Claude – Roberta, eu fico irritadiço, quando estou perto de Rosa, ela me tira do sério e ao mesmo tempo eu non consigo ficar longe é uma confuson e eu fico explodindo por qualquer coisa... e eu não sei como agir... e aí tudo se complica...

Roberta – O problema é que você não se decide... você fica inconstante ... ora quer uma coisa, ora quer outra melhor que isso, você não assume...

Claude – Você está parecendo o Frazon e a Dádi... está falando como eles ...

Roberta – Tá bom, tá bom... e como você está?

Claude – Confuso, estranho, vazio... inquieto..

Roberta – Está com saudades da Rosa?

Claude – Estou... eu non consigo ficar naquele apartamento... non dá... O Sérgio non sabe onde está a Rosa?

Roberta – Não... não sabe

Claude – Eu non falei com a D. Joana, talvez ela saiba. A Rosa gostava muito de conversar com ela.

Roberta – A mãe do Sérgio? Você a conhece?

Claude – Claro. É uma pessoa muito legal. A Rosa gosta muito dela.

Roberta – Será que ela está em casa?

Claude – Deve estar...

Roberta – Eu vou lá falar com ela. Vou me apresentar e tentar descobrir alguma coisa da Rosa...

Claude – Que bom... qualquer coisa você me fala...

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Beto já está no bar quando Raquel chega. Ele levanta e a cumprimenta.

Beto – O que aconteceu? Você está com uma cara assustada...

Raquel – Beto, você morando no cortiço...

Beto – Estou morando sim e estou muito feliz... Não me diz que você me chamou aqui por causa disso?

Raquel – Não. Eu e a Elisa ouvimos uma conversa da mamãe e do vovô...

Raquel resume para Beto tudo que elas ouviram.

Raquel - ... e é isso... eles querem que eu diga onde você está... e evitar que você encontre o papai. Você tem notícias dele?

Beto – Nossa a coisa é mais pesada do que eu imaginava. O papai está para chegar por esses dias... aí nós vamos conversar... falar francamente...

Raquel – Beto, eu a e Elisa estamos assustadas e eu estou com medo de voltar para lá. Eu ia pedir para morar contigo, mas no cortiço... eu não sei...

Beto – Raquel, depois do que você aprontou para a Teresinha... não dá ...

Raquel – Eu sei que eu fui horrível, monstruosa, eu me arrependi...

Beto – A Teresinha é uma garota maravilhosa, que não merecia e não merece o que vocês fizeram...

Raquel – Eu sei que eu errei... tudo bem, mas se o Milton fosse um cara legal ele não teria caído nessa... imagina, chegar atrasado na própria festa de noivado para ficar com outra... quer saber, não que isso justifique, mas a Teresinha se livrou de uma roubada...

Beto – Eu sei Raquel e ela também sabe, mas isso não quer dizer que eu aceite a conduta que você teve...

Raquel – Eu sei... Ela aceitou você morar lá... Ela já sabe quem você é?

Beto – Sabe e não pensa que foi fácil contar, mas eu não podia começar um relacionamento com ela mentindo... ia ser igual ao ex-noivo dela. Ela sofreu ouvindo e eu sofri contando...

Raquel – Como assim? Você está com a Teresinha?

Beto – No meio dessa confusão toda, encontrar a Teresinha foi muito bom... estou apaixonado...

Raquel – Meu irmão apaixonado pela irmã da Serafina, uma corticeira...

Beto – Raquel, irmão? Você é igualzinha a mamãe, quer dizer a Nara...

Raquel – Não é isso Beto...

Beto – Claro que é, e eu não sei se você realmente está arrependida do que fez...

Raquel – Poxa! Eu vim aqui conversar ... te contar o que está acontecendo lá em casa... e você me trata assim...

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Roberta vai à casa de Sérgio. Joana abre a porta e fica surpresa ao vê-la.

Roberta – Joana Carioca.

Joana – Roberta Vermont.

Roberta – Você que é a mãe do Sérgio?

Joana – Sou... sou a mãe do Sérgio.

Roberta – Joana... faz tanto tempo... eu não posso acreditar que ... por que você não me procurou... eu queria tanto falar contigo...

Sérgio chega e fica surpreso com a presença de Roberta. Joana fica nervosa e Sérgio percebe.

Sérgio – Mãe o que houve?

Roberta – Você é filho da Joana Carioca? Por que você não me disse?

Sérgio – A minha mãe pediu, disse que estava com vergonha de ser costureira...

Joana – Eu não quis atrapalhar a vida de vocês, eu só não queria me lembrar do passado...

Roberta – Uma pessoa com o seu talento... Por que você não me procurou quando o Rodolfo desapareceu...

Sérgio – Vocês se conhecem? Mãe, por que você não me contou?

Joana – Sérgio, eu tive uma emoção muito forte hoje ao rever a Roberta hoje. Por que vocês não saem um pouco para conversar? Eu estou precisando ficar um pouco com os meus pensamentos ...

Sérgio – Mãe, o que está acontecendo...

Roberta – Sérgio, eu também estou nervosa agora, vamos respeitar o pedido da sua mãe? Vem comigo?

Joana – Sérgio vai com a Roberta... conversem... vai ser bom... eu preciso ficar sozinha... eu tenho umas costuras para entregar.

Eles saem e Joana fica sozinha.

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Após a saída de Roberta, Claude fica pensativo e volta a se lembrar da viagem com o casal Smith para o litoral, a última manhã que ficaram lá.

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Amanhece. Claude acorda e pensa que agora pela manhã ele vai conseguir ficar um pouco sozinho com Rosa e percebe que está dormindo entre os braços dela. Ele levanta levemente a cabeça e começa a observá-la dormindo e pensa: “eu gosto de acordar ao lado de Rosa, esses dias foram ótimos. Se bem que uma noite ela bebeu demais, eu contribuí com isso, e em outra eu tive insolçon, mas mesmo assim eu me diverti muito, ela é um furacon, non faz nada do que eu peço, tem uma personalidade, que quando aflora, é uma loucura, um turbilhão, mas é um turbilhão interessante, por que ela é boa de coraçon, gosta de ajudar os outros...”. Rosa se mexe dormindo e o abraça. Ela desliza as mãos pelos braços dele lentamente. Contente, Claude continua olhando Rosa dormir e pensa nos sentimentos que vem experimentando nas últimas semanas. Ele percebe que tem acordado bem-humorado, que os dias parecem mais bonitos, que as coisas ficam mais interessantes e resolve aproveitar esse tempo sozinho com Rosa para eles conversarem. Rosa começa a acordar e o abraça, ele pensa como é bom esse abraço, a Rosa é muito tem um perfume. O telefone toca, é Mrs. Smith perguntando se ele está melhor e avisando que o helicóptero está pronto para eles partirem e que os estão esperando para o café da manhã. Claude não acredita que isso está acontecendo. Rosa acorda e tenta levantar, mas não consegue, pois Claude está parcialmente sobre ela. Rosa pede para ele ir para o lado e Claude diz que não consegue, porque sua pele está toda repuxando. Rosa olha para ele e diz que não entende, pois o vermelhão sumiu. Claude diz que a pele está muito seca. Rosa diz que vai passar o hidratante que o médico indicou e começa a espalhar pelos braços e seus dedos acabam avançando para dentro da regata branca. Claude fecha os olhos. Rosa pergunta quem era ao telefone e Claude diz que eram os americanos avisando que estão esperando para o café e para irem embora. Rosa diz que se divertiu muito e Claude fica lhe observando. O telefone toca. Claude fala que não sabe como é que essa americana viveu sem eles até hoje. Os dois riem e vão se arrumar para descer.

**

Freitas chega ao cortiço acompanhado de Paulo. Freitas diz que não sabe onde é a casa. Paulo fala que ele já foi várias vezes ali e pede para Freitas segui-lo. Eles batem a porta. Claude volta ao presente quando houve alguém bater. Ele atende e fica surpreso com a visita.

Freitas – Boa tarde. Claude, nós precisamos conversar contigo.

5 comentários:

  1. Muito bom! A cena do encontro entre a Roberta e a Joana ficou ótima. Amei!

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  2. Como sempre! Ameiii...

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  3. Legal demais!! Ai essas lembranças!! Tão demais!!

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  4. Mariana, adorei a conversa de Claude e Roberta! O francês tá assumindo! Confuso, estranho, vazio...inquieto! Muito bom.Adorei!

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  5. Adorei. Bem q Rosa podia ligar e falar c Claude, poderia ser bem interessante.

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