domingo, 19 de setembro de 2010

THE POWER OF LOVE - A HISTÓRIA DE UMA ROSA... E SEUS ESPINHOS - PARTE 9 - AUTORA: FERNANDA FREITAS RAMOS

Chegando ao orfanato...
D.O:Eu não sei do que os srs. estão falando... – diz,visivelmente nervosa.
C:Talvez isso aqui a ajude a se lembrar. – diz,tirando um cheque de R$20.000,00 do bolso.
D.O:Talvez se o sr. colocar mais um 0,eu possa pensar.
C:Acho que isso não será necessário. – diz,tirando uma escuta debaixo da gola da camisa.
Na mesma hora,o delegado entra com dois policiais:
‘’A sra. está presa.’’
D.O:Não,está havendo um engano...
Eu não posso ser presa,quem vai ficar à frente do orfanato?
D:Depois da sua quebra de confidencialidade e da tentativa de extorsão,pode estar certa de que a sra. é que não vai ser. – diz,algemando-a.
R:Fala o que aconteceu com a minha filha!
FALA!
D.O.:Não falo nada sem a presença do meu advogado.
R:DESGRAÇADA!
C:Calma,cherie.
Ela vai falar.
Horas depois,na delegacia...
D:Bem,ao que parece,a filha adotiva de vocês realmente é filha da sra. Vasconcelos.
C:E a Vitória?
D:Foi adotada com aproximadamente três anos de idade.
R:Quem a adotou,delegado?
D:Infelizmente,isso é confidencial.
C:Mas nossa filha foi roubada!
É um caso especial!
D:Sim,mas vocês terão que esperar o veredicto do juiz.
As regras da adoção são muito claras e estritas.
R:Ai meu Deus...
D:Os srs. tiveram muito azar...
É raro que uma criança deficiente seja adotada.
Rosa fica pálida e boqueaberta na mesma hora.
C:Deficiente?
Como assim? – pergunta,segurando a mão da esposa,tão chocado quanto ela.
D:Vocês não sabiam?Pensei que fosse um problema de nascença...
Sua filha é cega.
Os dois ficam mudos,se olhando por alguns segundos,até que Rosa desaba em lágrimas,seguida por Claude,que a abraça e acaricia sua cabeça.
No dia seguinte,no consultório psiquiátrico...
M:Nossa,que história,Serafina.
R:Pois é,Miguel...
Neste momento,a secretária bate na porta,entrando com Esperança nos braços:
‘’Olha quem veio ver o papai!’’
M:Oi,minha princesa! – diz,abrigando-a no colo.
E:Oi papai! - diz,beijando-lhe o rosto.
R:Ah,eu também vou querer um beijinho...
E:Serafina?
R:Meu amor,você reconheceu minha voz?
E:Claro,você tem voz de mãe.
Rosa riu emocionada ao ouvir aquilo.
M:E não é só a voz,meu amor.
Ela também tem cara de mãe. – diz,com tom de brincadeira,sussurando no ouvido da filha.
E:Eu posso te ver?
R:Como assim?
M:Você já vai saber. – diz, segurando as mãozinhas da filha até que estas encontrassem o rosto de Rosa,porém sem tirar as suas de cima.
E:Você é muito bonita,e tem mesmo cara de mãe.
Rosa segura as mãos da menina,que se encontravam em seu rosto.
Porém,ao fazê-lo,suas mãos também se encontram inevitavelmente com as de Miguel,que estavam por cima das da filha.
Neste momento,Claude adentra a sala,e ao ver a cena,sente seu coração parar de bater.
S:Me desculpe,dr.,ele sempre me faz de boba e...
M:Tudo bem,pode voltar pro seu posto.
S:Com licença. – diz,olhando torto pro francês.
R:Meu amor,o que você tá fazendo aqui?
C:Pardón,eu não sabia que iria interromper um momento tão familiar. – diz,visivelmente magoado.
R:Do que você tá falando,Claude?
C:Olha aqui,eu não sou cego,tá?
R:Claude! – reclama baixinho,dando um discreto beliscão no braço do marido.
C:Aaaaiii,que isso,tá maluca?
R:Meça suas palavras... – diz,apontando pra menina.
C:Não entendi.
M:Essa é minha filha,Esperança.
Ela é deficiente visual.
Neste momento,Claude faz cara de mancada:
‘’Pardón,eu não sabia.’’
M:Tudo bem. – diz,meio sem vontade.
Claude se abaixa diante da menina:
‘’Ei,você me perdoa?’’
E:Com uma condição:
Posso te ver?
C:Não entendo...
R:Era o que ela estava fazendo comigo quando você entrou e entendeu tudo errado.Eu te mostro. – diz,se abaixando atrás da menina e guiando suas mãozinhas até o rosto de Claude,como Miguel havia feito minutos antes.
E:Você tem uma cara bonita,como o papai.
Claude sorri e segura as mãozinhas da menina,ao mesmo tempo em que segura as da esposa,que ainda se encontravam ali.
Ao segurar aquelas mãos,ao mesmo tempo em que as sentia sobre seu rosto,Claude sentiu uma emoção tão forte que não pôde conter uma lágrima que escorria pelo seu rosto.
E:Você tá chorando?
Por que?
C:Não sei,meu amor,não sei... – diz,retirando as mãos das duas do rosto e beijando-as.
E:Não chora... – diz,colocando uma das mãozinhas no rosto do francês novamente,secando suas lágrimas e lhe dando um beijinho em seguida.
Claude a abraça,ainda chorando.
Rosa também se emociona e se junta ao abraço,deixando assim Esperança aconchegada entre ambos.
Miguel assistia à tudo,confuso.
Não estava entendendo o porque daquela cena envolvendo sua filha.
O casal tampouco entendia,mas a emoção que estavam sentindo era indescritível.
Miguel estava prestes a interromper o momento,quando a secretária bate na porta:
‘’Dr.,tem um oficial de justiça aí fora querendo falar com o senhor.’’
M:Comigo? – pergunta,confuso.
S:Sim,posso mandá-lo entrar?
R:Nós já estamos de saída,Miguel. – diz,levantando e se afastando da menina e do marido,que também sai do transe e se levanta logo em seguida.
M:Espera Serafina,eu ainda tenho que te dar aquela receita.
Eu já despacho esse cara.
R:Tá bom.
M:Pode mandá-lo entrar,por favor.
S:Tudo bem.
Por aqui,senhor.’’
O.J:Bom dia.
M,R e C:Bom dia.
M:Em que posso ajudá-lo?
O.J:Leia e assine no local indicado,por favor.
À cada linha que Miguel lia do documento,sentia seu corpo congelar.
Estava visivelmente abalado.
R:Algum problema,Miguel?
M:Sim,Serafina.
Um problema enorme. – diz,boqueaberto,com os olhos marejados.
C:Por que você tá olhando pra nós desse jeito?
Miguel apenas encarava os três,estático.
Agora ele entendia a cena que tinha acabado de presenciar.
Olhando pro Miguel naquele estado,Rosa imediatamente juntou todas as peças na sua mente:
‘’ Quando você me disse que tinha adotado uma garotinha cega,não me disse que ela era tão linda.’’
‘’ Vocês não sabiam?Pensei que fosse um problema de nascença...
Sua filha é cega.’’
‘’ Você tá chorando?
Por que?’’
‘’ Não sei,meu amor,não sei...’’
Após o flashback,Rosa cobre a boca com as mãos,olhando pra menina.
Claude,tão aturdido com a situação quanto Miguel e Rosa,de repente também começa a entender:
‘’ Quem a adotou,delegado?
Infelizmente,isso é confidencial.’’
‘’ Os srs. tiveram muito azar...
É raro que uma criança deficiente seja adotada.’’
‘’ Vocês não sabiam?Pensei que fosse um problema de nascença...
Sua filha é cega.’’
‘’ Essa é minha filha,Esperança.
Ela é deficiente visual.’’
Claude olha surpreso pra filha,arrancando o documento das mãos de Miguel em seguida e lendo-o.
C:É ela,meu amor!
É ela! – diz,pegando a menina nos braços e indo em direção à esposa,que também ia ao encontro deles.E assim,eles repetiram o abraço conjunto de minutos antes,mas com muito mais intensidade e lágrimas.
Esperança não estava entendendo muito bem a situação,e chamou pelo pai,que continuava mudo até o momento.
M:Vem,meu amor. – diz,tirando a menina dos braços dos pais.
O.J:Com licença,mas o sr. precisa assinar.
M:Eu não vou assinar nada!
A Esperança é minha filha,eu a adotei,e ninguém vai tirá-la de mim! – responde,exaltado.
O.J:Se o sr. se colocar nessa posição,as coisas só vão piorar.
R:Miguel,você sabe da nossa história,do nosso sofrimento...
Você foi meu confessor durante todos esses anos...
Por favor,não faz isso... – diz,chorando.
Miguel se emociona,pois tudo aquilo era verdade.Ele havia compartilhado do sofrimento da paciente,amiga,e mulher que ele sempre quisera transformar em algo mais,se não fosse pela existência de Claude.
Mas,ao mesmo tempo,amava a filha mais do que qualquer outra coisa,e não ia perdê-la assim,tão facilmente.
M:Tudo bem,Serafina,sejamos justos.
Que o juiz decida. – diz,assinando a intimação da audiência.
Claude se aproxima de Miguel e diz,em voz baixa,pra que a filha não ouvisse:
‘’Nem pense que vai ficar com a minha filha,entendeu?
Eu demorei demais pra encontrá-la,e ela estará onde deve estar,com a família.’’
M:A família dela sou eu. – diz,no mesmo tom.
C:Isso é o que vamos ver.
Os dois se olham desafiantes,até que Rosa quebra a tensão,passando entre eles e indo em direção à filha.
R:Tchau,minha vida. – diz,lhe dando um beijo.
E:Tchau. – diz,segurando o rosto da mãe entre as mãozinhas e retribuindo o beijo.
C:Tchau,meu amor... – diz,se aproximando lentamente.
E:Sua voz tá estranha...
Você tá chorando de novo?
C:É que eu tô muito feliz,Esperança. – diz,beijando a testa da filha.
E:E quando a gente tá feliz a gente chora?
C:Quando a felicidade é muita,sim.
Os dois fazem um carinho na cabeça da filha,dão-se as mãos e vão embora,com a esperança de que,da próxima vez,haveriam duas mãozinhas entre as deles,e que nunca mais teriam que olhar pra trás e deixá-la,como naquele momento.
Mais tarde...
C:Mon Dieu,como ela é linda,cherie... – diz,rindo de emoção.
R:Ai meu amor,eu tô com tanto medo...
C:Não se preocupe,nós vamos conseguir nossa filha de volta. – diz,segurando as mãos da esposa.
M:Filha?
Que filha? – pergunta,descendo as escadas.
R:Meu amor,você tem uma irmãzinha,e ela virá morar conosco em breve.
M:Eu não quero.
C:Minha linda,escuta...
M:NÃO,EU NÃO QUERO!
NÃO QUERO! – diz,se jogando no chão e arranhando os próprios braços com força.
C:Pára com isso,Manuela! – diz,segurando a menina.
R:Calma,meu amor,calma.
M:ME SOLTA,ME SOLTA!
VOCÊS NÃO GOSTAM DE MIM,VOCÊS QUEREM ME MATAR!
R:Não,minha filha,não... – diz,chorando.
C:Presta atenção,meu amor,olha pro papai... – diz,segurando a cabeça da menina.
Eu e a mamãe te amamos muito.
M:Eu não acredito em você.
E a Rafaela também não.
R:Quem é Rafaela,meu amor?
M:Ela tá aqui na minha frente. – aponta pro nada.
C:É a sua nova amiga imaginária?
M:Ela é de verdade,e é a única que sabe brincar direito.
Por isso é minha única amiga.
R:Não fala assim,e os seus irmãos?
M:Eles são uns bobos,não sabem fazer nada direito.
Eu e a Rafa somos muito melhores que eles.
C:Não fala assim,Manu...
R:Claude,deixa... – diz,acariciando o rosto do marido.
Claude olha pra esposa e entende o que ela quer dizer.
Às vezes ele se esquecia de como proceder diante da doença da filha,mas Rosa sempre estava pendente,lhe orientando.
C:Vai brincar,amor. – diz,colocando-a no chão.
M:Vamos,Rafa.
C:Ah cherie,eu não sei o que eu faria sem você. – diz,enlaçando-a pela cintura e dando um beijo na testa.
R:Nem eu,sem você. – e o beija longa e apaixonadamente,até que a campainha os interrompe.
D:Pode entrar,por favor.
C:Pois não?
O.J:Boa tarde.
Eu sou oficial de justiça.
O sr. é Claude Antoine Geraldy?
C:Sou eu mesmo.
O.J:Pode ler e assinar aqui,por favor.
Claude lê o documento com um sorriso e assina em seguida.
O.J:Ok,muito obrigado.
Boa tarde.
C e R:Boa tarde.
D:Por aqui,por favor,seu oficial.
R:Era a intimação?
C:Era sim,meu amor.
Mas nós vamos conseguir,não se preocupe.
R:Claude,essa situação é tão difícil pra mim...
O Miguel não merece isso,ele ama tanto a nossa filha...
C:Mas ela é nossa,Serafina.
Nós merecemos tê-la de volta.
R:É,eu sei.
Mas ela também vai sofrer.
C:Vai dar tudo certo,hã? – diz,se aproximando e abraçando-a novamente.
No apartamento de Miguel,a preocupação também imperava.
Ele estava sentado no sofá,com a cabeça abaixada sobre os braços cruzados,como um garotinho que acabara de ser castigado pela professora,quando sente a filha se aproximando.
M:Meu amor,me desculpa,eu já vou te pôr na cama.
E:Eu ainda não tô com sono,papai.
M:Vem cá. – diz,pegando a filha no colo e a aconchegando como se ela fosse um recém nascido.
E:Você vai me contar uma história,papai?
M:Vou sim,meu amor.
E:De princesa?
M:Sim.
De uma princesinha chamada Esperança.
E:Como eu?
M:Uhumm,como você...
Era uma vez um rei muito triste,porque a rainha e sua princesinha tinham ido pro céu.
E:Mas por que elas foram pro céu,papai?
M:Porque o rei não pôde protegê-las,meu amor.
Ele estava visitando um reino distante,quando uns homens maus invadiram o castelo pra roubar o seu ouro.Eles quiseram levar o diamante que o rei tinha dado pra rainha no dia em que a princesinha nasceu,mas ela não queria deixar,e os homens maus a machucaram.
E:Eles também machucaram a princesinha,papai?
M:A rainha estava com a princesinha em seus braços quando a machucaram,e acabaram machucando as duas,meu bem.
E:Como eles machucaram elas,papai?
M:Do mesmo jeito que machucaram a mamãe do Bambi...
Lembra?
E:Coitadinhas,papai...
Que pena que o rei não tava lá.
M:Pois é,meu amor,que pena... – diz,com os olhos marejados.
E:Mas e a Esperança,papai?
M:Depois de muitos anos,um dia o rei decidiu que não queria mais ficar sozinho,e foi até um lugar com muitas crianças sem família,pra escolher uma pra ser sua nova princesinha.
Chegando lá,ele encontrou uma menininha muito linda.
Só que,infelizmente,os olhos daquela garotinha tão maravilhosa não tinham luz.
E:Ela também não via,papai?
M:Não,meu amor.
E:Por que,papai?
M:Porque ela havia caído do berço e batido a cabecinha quando tinha 2 anos.
E:Ela era a Esperança,papai?
M:Era sim,meu bem.
Aquela garotinha era,literalmente,a esperança.
E o rei soube disso no momento em que a viu.
E:E ele levou a princesinha pro castelo e eles viveram felizes pra sempre?
M:É o que eu espero,meu amor. – diz,beijando a testa da filha e deixando uma lágrima cair no rostinho dela.
E:Por que hoje todo mundo tá chorando?
M:Porque todos desejam o mesmo que o rei:
Esperança

5 comentários:

  1. O que não falta em sua história é emoção. Muito interessante. Beijo.

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  2. Muito lindo e emocionante!!!! A parte mais emocionante é o reencontro da filha com o pai. Parabéns Fê!!! Bjs

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  3. Fernanda, hoje você me fez chorar! Muito emocionante! E a estória de Miguel também é triste. A gente fica na dúvida sobre quem deve ficar com Esperança. Mas você já deve ter uma solução justa! Está muito boa! Bjs.

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  4. Fernanda ,mais uma vez me emocionei e o encontro do casal com a pequena "Vitória/Esperança" muito lindo .Espero que tudo termine bem p/ambas as partes eles merecem toda felicidade.

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