domingo, 19 de junho de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 24


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 24 

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

DELEGADO FALCÃO
PEDRO BARROS
DALVA
JUCA CIPÓ
DR. MACIEL
ESTELA
LOURENÇO
MARIA DE LARA

CENA 1  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA - GRANDE  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

Visivelmente nervoso, Diogo Falcão entrou na casa-grande levando Lara ao colo.

PEDRO BARROS  -  (berrou para os criados)  Mande chamar o doutor! Dalva! Estela!

Dalva surgiu no tôpo da escada, olhos esbugalhados ante a cena – Lara sendo colocada, desmaiada e suja de sangue, sobre a poltrona larga da sala principal.

PEDRO BARROS  -   Vem cá, Dalva! Faz alguma coisa!

A tia empalideceu ao ver de perto as condições da sobrinha.

DALVA  -  Meu Deus, que foi isso, Pedro?

PEDRO BARROS  -  Aqueles malditos! Atiraro pra me acertá!  Pegou na minha filha...

DALVA  -  (mal se sustinha de pé)  Atiraram nela? Está morta?

DELEGADO FALCÃO  -  Não, morta não está.

A senhora levantou a blusa manchada e observou o ferimento. O sangue ainda corria muito lentamente.

DALVA  -  Deus do céu, como pode ter acontecido isto?

PEDRO BARROS  -  O tiro foi pra mim, já disse!   Pra mim!
 
JUCA CIPÓ  -  (indiscreto)  Eu disse que esse negoço num ia dá certo, num disse? Avisei, num avisei?

PEDRO BARROS  -  (ordenou, enérgico)  Cala a boca!  Você não sabe o que tá dizeno...

Mas Dalva já havia percebido tudo...

DALVA  -  O que não ia dar certo?  O que vocês tramaram?

JUCA CIPÓ  -  É o tiro que eu não quis dá no meu patrão.

DALVA  -  (com severidade)  Como? Expliquem-se!

Diogo Falcão procurou desviar a conversa. Sabia da fragilidade do jagunço.


DELEGADO FALCÃO  -  Não... não é nada. Não acha melhor a gente levar ela lá pro quarto, enquanto o doutor não vem?

PEDRO BARROS  -  É, melhor... Vai, leva ela, Falcão.

O delegado tornou a levantar a moça desfalecida, passando um braço por sob as costas e outro á altura das juntas do joelho.

Barros repreendeu o jagunço, logo após o grupo ter deixado a sala.


PEDRO BARROS  -  Veja lá o que diz, seu idiota!

JUCA CIPÓ  -  Será que foi... o Lourenço?

PEDRO BARROS  -  Claro que foi! Aquele... cachorro! Aquele desgraçado! Estava tudo acertado... pro tiro não pegá em ninguém. E foi pegá logo em quem... na minha filha! Eu mato aquele miserável!

O Doutor Maciel acabava de entrar, trôpego, claramente “tocado” pela cachaça.

DR. MACIEL  -  Eu já estava dormindo. Que foi isso? Que aconteceu com a senhorita Lara?
  
PEDRO BARROS  -  Um tiro... acertaram nela. Salva ela, doutor... e o senhor não se arrepende.

CENA 2  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE  -  SALA  -  INT.  - NOITE.

Estela olhava Lourenço, que parecia inquieto.


ESTELA  -  Você quer me dizer alguma coisa?

LOURENÇO  -  Quero! Quero!

ESTELA  -  Diga!

LOURENÇO  -  Acho que fiz besteira!

ESTELA  -  Você esteve lá... no local combinado... etc. etc.?

LOURENÇO  -  Estive... estive lá. Subi numa árvore, bem distante... e esperei... esperei que o Coronel Barros chegasse.

ESTELA  -  E ele chegou?

LOURENÇO  -  Chegou... direitinho como esperava... como a gente tinha combinado. Primeiro... falou o João, depois o Jerônimo... seu promotor disse umas palavras... depois Lara.

Estela assombrou-se com a revelação.

ESTELA  -  Lara? Minha filha se meteu entre essa gente?

LOURENÇO  -  Pois é... também pra mim foi uma surpresa. Mas aquele era o momento certo pra forjá o atentado...

A mulher fitava aborrecida o empregado do marido.

ESTELA  -  Não diga mais nada. Já sei tudo o que quer me dizer. Você atirou... e errou o tiro, como estava combinado. Só para fazer o bonzinho do meu marido ficar de vítima. Ah, meu Deus, que farsa! E você se prestou a ela. Ao menos... se tivesse acertado!
  
LOURENÇO  -  (exaltou-se)  Mas... eu acertei!
 
ESTELA  -    (zombeteira)  Não diga!

LOURENÇO  -  E não foi nele!

ESTELA  -  Quem foi? Se acertou no Juca, eu lhe dou os parabéns...

O capataz procurou forças para revelar toda a verdade.

LOURENÇO  -  Foi nela... na sua filha... em Lara!
 
ESTELA  -  (estremeceu)  Quê?

LOURENÇO  -  Ocê ouviu...


Com os punhos cerrados, a mulher bateu no peito e no rosto do amante, num desespero incontrolável.

ESTELA  -  Bandido! Bandido! Por que fez isso! Por quê? Por quê?


Lourenço se desculpava, enquanto retinha o braço da amante entre suas mãos rijas e poderosas.

LOURENÇO  -  Não foi por querer, Estela! Não foi por querer! Eu não queria acertá em ninguém. Era só o susto!

CORTA PARA:

CENA 3  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE  -  ESCRITÓRIO  -  INT.  -  DIA

Pedro Barros esbofeteava violentamente o capataz. Juca Cipó e um dos capangas agüentavam Lourenço, agarrando-o por trás e o coronel aplicava-lhe o corretivo...

PEDRO BARROS  -  Isto é pela falta de pontaria! (resfolegando, ordenou)  Agora, amarrem ele e lemvem pro galpão!   Vai ficá lá até eu sabê dos resultados do exame do Doutô Maciel. Se ela morrê... você também será um homem morto...

CENA 4  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  QUARTO DE LARA  -  INT.  -  DIA.

Maciel acabara de fazer o curativo na ferida. Estela parou, a poucos passos da cama.


ESTELA  -  É grave?

DR. MACIEL  -  Não... felizmente, não. O tiro pegou de raspão.  Foi uma hemorragia sem conseqüência. Apenas um desmaio, muito natural.
   
ESTELA  -  (aflita, meio desconfiada)    Tem certeza... de que a bala não se alojou aí?
   
DR. MACIEL  -   Invocando a cunhada)  Dona Dalva sabe que não.
   
DALVA  -  Que pergunta, Estela!  Então o doutor ia se enganar?

Lara gemia fracamente e Estela sentou-se ao seu lado, na beira da cama.

ESTELA  -  Minha filhinha, minha queridinha! O que está sentindo?

Lara recobrou os sentidos, ainda zonza. O quarto parecia-lhe uma montanha russa. Tudo a girar... a girar...

MARIA DE LARA  -  O que foi... que me aconteceu?

ESTELA  -  Atiraram em você, por engano. O tiro era para seu pai, minha querida!

Maciel pigarreou, significativamente.


DALVA  -  (com azedume)  Francamente, eu não estou entendendo esta história. Então vocês sabiam que iam tentar matar o Pedro?

ESTELA  -  Pois não sabíamos? Era um atentado forjado, para jogar a culpa sobre os nossos adversários  (esclareceu, ante os olhares pasmados dos presentes).

MARIA DE LARA  -  (pôs a mão sobre a boca, horrorizada)  Não é possível!

DALVA  -  Isto é um disparate, Estela!

ESTELA  -  Disparate, é? Pergunte ao Pedro! Foi ele quem arranjou esta embrulhada...

Lara balançou a cabeça, desalentada, como se falasse consigo mesma.

MARIA DE LARA  -  Papai havia prometido. Fez juramento de terminar... com essa espécie de coisas. Por que faltou com a palavra?  (fez menção de levantar-se)

DR. MACIEL  -  Não faça isso... não  levante ainda, ou corre perigo de nova hemorragia.

MARIA DE LARA  -  (resignada, dirigiu-se á mãe)   Quero falar com papai. Pode chamá-lo?

Maciel deixava o quarto. Barros entrava. Encontraram-se na porta.

PEDRO BARROS  -  E então?

DR. MACIEL  -  Tudo bem, meu amigo, tudo bem. Desta ela não se vai. Mas, não é bom facilitar com novos atentados. Vou passar uma receita lá embaixo.

Maciel desceu as escadas em direção á sala de visitas.

Pedro Barros aproximou-se da cama da filha.


PEDRO BARROS  -  Lara... como tá passando?

MARIA DE LARA  -  Do ferimento estou melhor, papai. Mas, desolada com o que o senhor tramou. (depois de uma pausa, prosseguiu)   Falhou com a sua palavra. Disse que ia terminar com atentados, mentiras, violências... mas o que aconteceu comigo foi um atentado forjado...

PEDRO BARROS  -  (voltou-se contra a esposa)   Será possível, Estela? Você já me pôs contra nossa filha!

A mulher enfrentou a carranca do marido.

ESTELA  -  Disse a verdade! Você pode me desmentir?

MARIA DE LARA  -  (angustiada, com as mãos unidas )   Por quê, papai?

O coronel pareceu aceitar as recriminações. Baixou os olhos, quase que se penitenciando do erro que cometera.

PEDRO BARROS  -  Deus me castigou, minha filha. E foi um castigo duro! Tudo, porque faltei com a promessa que fiz a você.
  
MARIA DE LARA  -  (sentida, mas não decididamente contra o pai)  Enquanto não provar a si próprio que pode mudar, Deus não vai ajudá-lo.  (pausa)  Por que me caluniaram, pai?

Barros modificou a expressão do rosto. De tranqüilo para angustiado. A máscara do coronel denotavam as múltiplas emoções que lhe iam n’alma. Percorreu o quarto com passadas lentas, o toc-toc do sapatão quebrando o breve silencio reinante no ambiente.

PEDRO BARROS  -  (com decisão)  Se aproveitaram de uma sujeita que anda por aí fazendo besteira e que se parece com você. Já mandei caçar essa tipa. Mando buscá ela no inferno! Vou mostrá a esses patifes que há muita diferença entre você e essa sujeitinha.
  
MARIA DE LARA  -  (aprovou com um sorriso)    Isso... tente encontrar essa mulher... faça tudo o que lhe for possível, eu... eu preciso vê-la. Creio que ela é, realmente, a causa de tudo que tem me acontecido.


FIM DO CAPÍTULO   24 

Domingas (Ana Ariel), Braz (Milton Gonçalves), Padre Bento (Macedo Netto) e Ritinha (Regina Duarte)

    
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

* JOÃO VAI Á FAZENDO DE PEDRO BARROS E O DESAFIA, DEIXANDO-O FORA DE SI.
* O PROMOTOR RODRIGO, DESCONFIADO, PEDE A SINHANA QUE REVELE TUDO O QUE SABE SOBRE A MORTE DA ESPÔSA DO DR. MACIEL.

* RODRIGO AVISA A POTIRA QUE VAI PEDI-LA EM CASAMENTO.

* PEDRO BARROS FICA TRANSTORNADO QUANDO O DR. MACIEL REVELA QUE LARA ABRIU SEU FERIMENTO COM AS PRÓPRIAS MÃOS!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 25 DE

2 comentários:

  1. Puxa, Lourenço ficou em má situação! E que lugar bem atrasado, essa cidade de Coroado: a filha do todo-poderoso Pedro Barros, atendida por um médico embriagado! Está muito emocionante! Bjs.

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  2. É mesmo, Maria do Sul. Eu me divirto com o Juca Cipó! Além de mau até a alma, é muito bobo e engraçado!!!

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