domingo, 11 de março de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - CAPÍTULO 18 - AUTOR: TONI FIGUEIRA

Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes


http://youtu.be/zIuryHGvAVc

Participam deste capítulo

  HELÔ
JUREMA
DELEGADO FONTOURA
MARIETA
VÍTOR
RENATÃO
KONSTANTÓPULUS
 
CENA 1  -  APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

INDECISO, KONSTANTÓPULUS OLHOU PARA O INTERIOR DO APARTAMENTO, DE ONDE SE OUVIA ENORME BURBURINHO, E DIRIGIU-SE A VÍTOR.

KONSTANTÓPULUS  -  Desculpe, mas o senhor veio numa hora imprópria. Meu patrão está dando uma festa e não sei se vai poder lhe receber...

VÍTOR  -  (insistiu) Por favor, diga a ele que é urgente, que prometo não demorar.

KONSTANTÓPULUS  -  Um momento.

O MORDOMO DIRIGIU-SE AO INTERIOR DO APARTAMENTO E VOLTOU EM ALGUNS MINUTOS COM RENATÃO À FRENTE, PROTESTANDO, IRRITADO.

RENATÃO  -  Meu amigo, não vou poder recebê-lo, sinto muito. Estou no meio de uma festa. Como vê, não há clima pra falar da Nívea...

VÍTOR  -  Eu peço desculpas por ter vindo sem avisar, mas é muito importante!

RENATÃO  -  (cortou)  Quem é o senhor? É detetive? O que quer saber sobre Nívea?

VÍTOR  -  Meu nome é Vítor Mariano. Eu e Nívea... íamos nos casar. Eu queria saber a respeito das fotos mencionadas por ela no seu diário. Fotos feitas pelo senhor.

RENATÃO  -  (impaciente)  Olha, meu amigo, eu sinto muito, mas não tenho nada a dizer sobre isso. Vou voltar pra minha festa. Passe bem. Com licença.

VÍTOR PÔDE VER AINDA QUANDO UMA LOURA DE CORPO ESCULTURAL PUXOU RENATÃO PELO BRAÇO, ABRAÇOU  E BEIJOU-O NA BOCA. RESIGNADO, O RAPAZ DIRIGIU-SE PARA O ELEVADOR.

CORTA PARA:

CENA 2  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

JÁ PASSAVAM DE DEZ  DA NOITE QUANDO VÍTOR RETORNOU AO APARTAMENTO DE EMILIANO. MARIETA ABRIU A PORTA, APREENSIVA.

MARIETA  -  Vítor, graças a Deus! Eu já estava preocupada.

VÍTOR  -  (ar cansado)  Desculpe, D. Marieta. Não vou sossegar enquanto não esclarecer alguns pontos obscuros nessa história.

MARIETA  -  Descobriu alguma coisa sobre a morte de minha filha?

VÍTOR  -  Não, nada. Mas amanhã vou até a delegacia. Quero ter uma conversa com o delegado responsável pelo caso.

MARIETA  -  (resignada)  Eu compreendo você. Sei que nada trará nossa Nívea de volta, mas precisamos saber o que aconteceu, quem praticou essa atrocidade contra ela...

VÍTOR  -  A pergunta que martela minha cabeça é: por quê? Por quê fizeram isso? E não vou descansar enquanto não descobrir. (olhou para o interior do apartamento) E seu Emiliano?

MARIETA  -  Já se recolheu para dormir. Estava muito cansado, coitado.

VÍTOR  -  Bem, acho que vou fazer o mesmo. Meus pés parecem duas bolas de chumbo...

MARIETA  -  Vá, vá. Fique á vontade. Se quiser jantar, tem comida no fogão. Vai dormir na sala ou no quarto da Nívea?

VÍTOR  -  Eu fiz um lanche na rua, obrigado, D. Marieta. Hoje vou tentar dormir no quarto. Boa noite.

MARIETA  -  Boa noite, Vítor.

CORTA PARA:

CENA  3  -  DELEGACIA -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA.

DELEGADO FONTOURA  -  Por favor, conte tudo o que sabe sobre Nívea Louzada. Desde o instante em que a viu pela primeira vez.

VÍTOR, SENTADO Á MESA DE ZÉLIO FONTOURA, COMEÇOU A RELATAR, DETALHADAMENTE, TUDO O QUE SABIA SOBRE NÍVEA.

VÍTOR  -  Eu pertencia á paróquia de um bairro afastado em Ibiúna, onde moram os avós de Nívea. Por coincidência,  antes de sermos apresentados por D. Marieta, nos conhecemos na praia, porque eu ia passando no calçadão e levei uma bolada. Ela veio pegar a bola e...

FONTOURA OUVIA ATENTAMENTE O DEPOIMENTO DE VÍTOR, FAZENDO ALGUMAS ANOTAÇÕES, VEZ OU OUTRA.

VÍTOR  -  ... e minutos antes de eu viajar para São Paulo, ela recebeu um telefonema que a deixou bastante preocupada. É possível que o telefonema tivesse relação com o que aconteceu depois. Mas não posso afirmar.

DELEGADO FONTOURA  -  O senhor conhece Ricardo Miranda?

VÍTOR  -  Conheço. Por quê?

DELEGADO FONTOURA  -  Sabe que ele foi namorado da vítima antes dela ficar noiva do senhor?
 
VÍTOR  -  Sei.

DELEGADO FONTOURA  -  Acha que ele, por ressentimento, podia ter cometido o crime?

VÍTOR  -  (pensou um pouco) Peço permissão para não responder a essa pergunta.

DELEGADO FONTOURA  -  Por enquanto, isso é o bastante, padre. O senhor está liberado.

VÍTOR  -  Sempre ás ordens, delegado. Com licença.

VÍTOR RETIROU-SE, DEIXANDO ZÉLIO FONTOURA PENSATIVO, ENQUANTO GIRAVA A CANETA ENTRE OS DEDOS. OUVIU-SE UMA BATIDA NA PORTA. O DETETIVE DE PLANTÃO ENTROU, ACOMPANHADO DE UMA MULHER.

DETETIVE JONAS -  Dá licença, doutor? Esta moça quer lhe falar. Está muito nervosa e diz que é sobre o caso Nívea Louzada.

A MULHER SE APRESENTOU.

JUREMA  -  Eu me chamo Jurema de Alencar. Quero fazer uma declaração importante.

O DELEGADO APANHOU UM BLOCO DE NOTAS, TIROU A CANETA DO BOLSO E FICOU ESPERANDO.

JUREMA  -  Bem, eu quero que o senhor faça constar no processo de Nívea que Ricardinho disse que estava comigo na noite do crime.

DELEGADO FONTOURA  -  (com frieza)  Por quê?

JUREMA  -  É que... o senhor compreende... eu sou uma moça solteira, vivo só! Ricardinho    não  falou que estava comigo, em meu apartamento, para não me comprometer, o senhor entende?

FONTOURA, ENTRETANTO, NÃO PARECEU ACREDITAR MUITO EM JUREMA.

DELEGADO FONTOURA  -  (irônico)  As suas relações com Ricardo Miranda datam de muito tempo?

JUREMA  -  Sim, senhor. Nós nos gostamos há bastante tempo.

DELEGADO FONTOURA  -  A senhora sabia que ele estava apaixonado por Nívea?

JUREMA  -  (hesitou, antes de responder)  Sabia, sim, senhor.

DELEGADO FONTOURA  -  E a senhora se conformava com isso?

JUREMA  -  Não... eu não aceitava isso.

DELEGADO FONTOURA  -  A senhora diz que entre uma e meia e duas horas de terça-feira estava em seu apartamento com Ricardo Miranda. Ele estava lá, não é verdade?

JUREMA  -  Exatamente.

DELEGADO FONTOURA  -  Pois muito bem. Depois mandarei chamá-la para tomar seu depoimento em cartório.

JUREMA  -  Estarei aguardando, seu delegado.

DELEGADO FONTOURA  -  A senhora é atriz, não é?

O ROSTO DE JUREMA ABRIU-SE NUM SORRISO.

JUREMA  -  Sou, sim, senhor.  Fiz algumas pontas, é verdade... Ainda espero pelo grande papel... mas, no momento, estou parada.

JUREMA ABRIU A PORTA E SAIU. O DELEGADO VOLTOU-SE PARA O DETETIVE JONAS, QUE ESTIVERA OUVINDO A CONVERSA.

DELEGADO FONTOURA  -  Está se vendo que é mesmo uma atriz.     Mas não me convenceu nesse papel. Trate de investigar se ela disse a verdade.

CORTA PARA:

CENA  4  -  APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

A CAMPAINHA SOOU E KONSTANTÓPULUS ABRIU A PORTA.

VÍTOR  -  Bom dia. Preciso falar com o senhor Renato. Com licença.

DITO ISTO, O PADRE VÍTOR FOI ENTRANDO, DEIXANDO O MORDOMO PARADO, SEM SABER O QUE FAZER.

RENATÃO  -  (surgiu na sala e deu de cara com Vítor) O senhor outra vez?

VÍTOR  -  Desculpe incomodá-lo, seu Renatão, mas precisamos conversar sobre as fotos.

RENATÃO  -  (de má vontade)  Eu prefiro esquecer este assunto. Sou um homem de responsabilidade, padre. Ia pegar mal uma coisa dessas, sabe?

VÍTOR  -  Imagino que seja, mas precisamos...

RENATÃO  -  (cortou)  Perdão pelo mau jeito, mas estou muito ocupado e não posso lhe dar atenção agora, padre. Konstan, acompanhe o padre até a porta!

INCONTINENTI, RENATÃO DEU AS COSTAS E ENTROU NO ATELIÊ. MAIS UMA VEZ, VÍTOR RETIROU-SE, SEM NADA CONSEGUIR.

CORTA PARA:

CENA  5  -  IPANEMA  -  CALÇADÃO  -  EXT.  -  DIA.

VÍTOR CAMINHAVA PELO CALÇADÃO, NO FIM DA TARDE, SENTINDO A LEVE BRISA DO MAR TOCAR-LHE A FACE. RESPIROU FUNDO, TENTANDO RELAXAR. FOI NESSE MOMENTO QUE RECONHECEU HELÔ, SENTANDA NUM BANCO DO CALÇADÃO, SOZINHA, FITANDO O MAR.

VÍTOR  -  (tocou o ombro da jovem, pelas costas) Oi. Lembra de mim?

HELÔ VOLTOU-SE E LEVANTOU, SURPRÊSA.

HELÔ  -  O senhor!

VÍTOR  -  (esboçou um sorriso) Que coincidência encontrá-la aqui...

HELÔ  -  (com grosseria) Não é coincidência. Eu moro naquele prédio (apontou o prédio do outro lado da rua). Mas eu queria mesmo encontrar você pra lhe dizer umas verdades!

VÍTOR  -  (sem entender) Pois então... fale.

HELÔ  -  (com ódio na voz)  Vivo me culpando pela morte da minha melhor amiga. Posso ter minha parcela de culpa... mas o verdadeiro culpado da morte dela é você, padre! Foi por sua causa que ela morreu!
 
FIM DO CAPÍTULO  18

Helô (Dina Sfat)

 e no próximo capítulo...

*** Vítor e Helô tem uma discussão tensa, em pleno calçadão da praia!
*** Jurema de Alencar, casualmente, conhece Leopoldo Reis, ex-presidiário e pai de Ricardinho.
*** Leopoldo vai à casa da ex-mulher, Danusa, e a ameaça de morte!

 NÃO PERCA O CAPÍTULO 19 DE

5 comentários:

  1. Toni, pobre Vítor, está se expondo muito, acho que vai ter problemas! Estão surgindo novos personagens na trama e isso é muito bom! Estou gostando muito! Bjs.

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  2. Toni, ainda lembro do que foi encontrado no corpo de Nívea: marcas de unhas. Uma mulher esteve na cena do crime, pode não ser a assassina, mas esteve lá. Continuo muito desconfiado da Jurema. Está muito bom mesmo, concordo com a Maria. Abraço.

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  3. Toni acho que o vítor logo vai começar a desvendar todas essas duvidas sobre a morte da Nívea... Quanto a jurema acho q pode ter sido ela..mas o Ricardinho tbm deve ter ajudado..Parabéns! amo Ler ... beijos *-*

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  4. JE e Maria, Vítor vai ser atacado nos próximos capítulos, por conta de seu envolvimento nesse vespeiro! A chegada de Leopoldo Reis vai movimentar ainda mais a trama! Abraço!!!

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  5. Talita, que bom que tá gostando! Muitas surpresas vem por aí, nas investigações sobre a morte de Nívea, aguarde!
    Bjs!

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