sexta-feira, 13 de abril de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - CAPÍTULO 32 - AUTOR: TONI FIGUEIRA

Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes


http://youtu.be/zIuryHGvAVc

CAPÍTULO 32

Personagens deste capítulo:

DETETIVE JONAS (Solon de Almeida)
RICARDINHO (Carlos Vereza)
DELEGADO FONTOURA (Urbano Lóes)
JUREMA (Arlete Salles)
OLIVEIRA RAMOS (Mario Lago)
HELÔ (Dina Sfat)
MARIETA (Wanda Lacerda)
LAURO LEMOS
RENATÃO (Jardel Filho)
SUSI (Maria Cláudia)
LEOPOLDO (Paulo Gonçalves)
CABO JORGE

CENA  1  -  DELEGACIA   -  SALA DO DETETIVE JONAS  -  INT.  -  DIA.
NA SALA DO DETETIVE JONAS, PRÓXIMA AO GABINETE DO DELEGADO FONTOURA, A CONVERSA ERA PRÀTICAMENTE A MESMA, APENAS OS PERSONAGENS ERAM DIFERENTES. RICARDINHO ESTAVA SENTADO NUM BANCO, DEBAIXO DE UM FOCO DE LUZ. AO SEU LADO, O DETETIVE.

DETETIVE JONAS  -  Besteira você continuar negando, meu velho. Sua namorada acabou de lhe entregar. Ela disse que você matou Nívea Louzada!

RICARDINHO  -  (incrédulo)  Vocês estão blefando! Não acredito! Jurema não pode ter dito uma coisa dessas! Pois se ela não sabe de nada! A não ser que a tenham obrigado! Sim, só pode ser isso, o velho truque! Querem que ela confesse... ou, no mínimo, que diga que foi ela! Pois podem ficar esperando. Eu não digo nada! Nem com dez depoimentos iguais a esse! Não confesso de jeito nenhum!

DETETIVE JONAS  -  Rapaz, agindo assim, com essa marra toda, só complica mais a sua situação!

RICARDINHO  -  De mim vocês não arrancam nada! Nem que me matem, ouviram! Nem que me matem!

CORTA PARA:

CENA 2  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA.

JUREMA ERA A PERSONIFICAÇÃO DO DESESPERO. ESTAVA MUITO CHOCADA, ARRASADA MESMO. O DELEGADO CONTINUAVA FALANDO, HAVIA UNS CINCO MINUTOS, MAS ELA POUCO SE IMPORTAVA.

DELEGADO FONTOURA  -  A senhora admite como verdadeira a acusação? Ele acabou de dizer que foi a senhora quem  matou  Nívea.  Depois  desse  depoimento,  eu posso pedir a sua prisão preventiva e a senhora será levada ao Tribunal do Júri. Ou está disposta, agora, a dizer toda a verdade, tudo o que sabe sobre o crime?

JUREMA LEVANTOU OS OLHOS MOLHADOS, RESIGNADA.

JUREMA  -  Sim. Contarei tudo.

O DELEGADO, ENTÃO, FOI ATÉ A PORTA E MANDOU O GUARDA IR BUSCAR O ESCRIVÃO. ESTE VEIO DEPRESSA, SENTOU-SE DIANTE DE UMA MESINHA COM COMPUTADOR E INICIOU A TOMADA DO DEPOIMENTO.

DELEGADO FONTOURA  -  Seu nome?

JUREMA  -  Leontina Pereira de Souza. Jurema de Alencar é pseudônimo...

O HOMEM FOI ESCREVENDO O QUE ELA DIZIA.

DELEGADO FONTOURA  -  Bem, dona Jurema, isto é, dona Leontina, em seu depoimento anterior, a senhora negou que soubesse quem matou Nívea Louzada. Pergunto novamente: a senhora tem conhecimento ou suspeita de quem a teria assassinado?

JUREMA NÃO RESPONDEU. PARECIA AINDA MAIS ANGUSTIADA.

DELEGADO FONTOURA  -  Dona Leontina, vou repetir a pergunta...

JONAS ENTROU.

DETETIVE JONAS  -  Nenhuma novidade. Ricardinho apenas continua afirmando que foi ela.

DELEGADO FONTOURA  -  A senhora está ouvindo, dona Jurema? Ricardinho, seu querido Ricardinho, continua lhe acusando. Isso vai mandá-la para a cadeia.

JUREMA  -  (levantou a cabeça e dirigiu-se ao detetive)  Ele falou que fui eu?

DETETIVE JONAS  -  Tá dizendo isso há meia hora.

A MOÇA CAIU NUMA CRISE NERVOSA DE CHORO.

DELEGADO FONTOURA  -  Dona Jurema, deseja um calmante? Ou ao menos um copo d’água?

JUREMA  -  (aos poucos foi se controlando) Não, obrigada.

DELEGADO FONTOURA  -  Muito bem. Vou repetir a pergunta: a senhora suspeita de quem teria assassinado Nívea Louzada?

JUREMA  -  Sim. Fui eu. Ricardinho disse a verdade: eu a matei!

FONTOURA E O DETETIVE JONAS OLHARAM-SE, SURPRESOS.

CORTA PARA:

CENA 3  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  ESCRITÓRIO  -  INT.  -  DIA.

OLIVEIRA RAMOS FALAVA AO TELEFONE, COM AR DE PREOCUPAÇÃO.

OLIVEIRA RAMOS  -  Escute, preste bem atenção: Helô decidiu que quer a presença da mãe de qualquer maneira no seu casamento. Nós precisamos combinar o que fazer pra ela desistir dessa idéia!

HELÔ ENTREABRIU A PORTA, SEM SER PERCEBIDA E OUVIU PARTE DA CONVERSA. EM SEGUIDA, CORREU PARA SEU QUARTO.

CENA 4  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  QUARTO DE HELÔ  -  INT.  -  DIA.
HELÔ ENTROU E, CUIDADOSAMENTE, TIROU O FONE DO GANCHO E OUVIU A CONVERSA.

OLIVEIRA RAMOS  -  (off)  Escreva uma carta, mande um e-mail, qualquer coisa, mas tem que dizer a ela que não pode, de jeito nenhum vir para o casamento! Isso é impossível!

ERA O BASTANTE. HELÔ DEPOSITOU O FONE NO GANCHO, COM AS MÃOS TRÊMULAS.

CORTA PARA:

CENA  5  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA. 

DELEGADO FONTOURA  -  Cara, eu tinha como certa a culpabilidade de Ricardo Miranda!

DETETIVE JONAS -  Confesso que eu também acreditava nisso.

DELEGADO FONTOURA  -  Bem, não há mais o que pensar. O importante é que o truque funcionou e só isso me importa. Agora, é confirmar as declarações de Jurema. Para isso, a primeira providência é chamar D. Marieta, a mãe da vítima. Temos que fazer uma acareação entre as duas. Cuide disso o mais rápido possível, Jonas.

CORTA PARA:

CENA 6  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  ESCRITÓRIO  -  INT.  -  DIA.

HELÔ ENTROU NO ESCRITÓRIO DO PAI, COMO UM FURACÃO. OLIVEIRA RAMOS DESLIGOU O TELEFONE, NUM GESTO BRUSCO.

HELÔ  -  Não precisa disfarçar, meu pai. Eu ouvi tudo na extensão. Você quer impedir minha mãe de vir ao meu casamento! Tou começando a acreditar que há algo de sujo por trás disso e vou descobrir, custe o que custar! Está decidido: vou aos Estados Unidos trazê-la de volta!

OLIVEIRA RAMOS  -  Minha filha, você entendeu tudo errado. Não quero impedir a vinda de sua mãe. Ela é uma mulher doente. Não pode viajar...

HELÔ  -  (cortou) Chega, meu pai. Você não vai continuar me enrolando com suas histórias. Quero minha mãe aqui, no meu casamento, e não falamos mais disso!

CORTA PARA:

CENA  7  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA -  INT.  -  DIA.

JUREMA DE ALENCAR ESTAVA OUTRA VEZ SENTADA Á FRENTE DO DELEGADO FONTOURA, QUANDO O DETETIVE JONAS ENTROU COM D. MARIETA NO RECINTO.

DELEGADO FONTOURA  -  Obrigado por ter vindo, D. Marieta (e apontou para Jurema)  Conhece dona Jurema de Alencar?

MARIETA  -  Não, não conheço. Por que me chamou aqui, delegado?

DELEGADO FONTOURA  -  Esta senhora acabou de confessar o assassinato de sua filha, Nívea.

MARIETA -  (empalideceu)  A... a senhora?

JUREMA ERGUEU OS OLHOS VERMELHOS, AR SOFRIDO.

JUREMA  -  Eu sinto muito, minha senhora... mas sua filha queria tirar de mim o homem que eu amo... Por ele sou capaz de tudo! Fiquei cega, só pensava em acabar com ela!

MARIETA TREMIA, O ÓDIO ESTAMPADO NA FACE.

MARIETA  -  (gritou, descontrolada) Então foi você! Monstro! Assassina! Assassina!

DELEGADO FONTOURA  -  (interveio)  D. Marieta, por favor, tenha calma. Só chamei a senhora aqui porque atendeu o telefonema de uma mulher, marcando encontro com Nívea, na noite do crime. Seria capaz de identificar como sendo de dona Jurema aquela voz?

MARIETA  -  (com firmeza e ódio na voz) Não tenho dúvida nenhuma, delegado! Aquela voz era dela!

DELEGADO FONTOURA  -  Muito bem, tudo coincide com as suas declarações, dona Jurema. Poderia descrever o momento do crime, como foi o encontro com Nívea Louzada?

JUREMA  -  (com todo sangue-frio)  Encontrei ela e a atraí para o paredão, logo depois da meia-noite. Ameacei com um revólver... e a empurrei lá de cima! Pronto! Já disse tudo o que tinha pra dizer!

MARIETA  SENTIU O MUNDO RODAR, COMO SE ESTIVESSE NUM AVIÃO DESGOVERNADO. O DETETIVE JONAS A AMPAROU, EVITANDO QUE ELA CAÍSSE AO CHÃO.

DELEGADO FONTOURA  -  È melhor levá-la para casa, Jonas. Dê-lhe um copo d’água e a acompanhe, por favor.

CORTA PARA:

CENA 8  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

NAQUELA NOITE, OLIVEIRA RAMOS REUNIU ALGUNS AMIGOS PARA UM DRINK. O “PAPO” ROLAVA DESCONTRAÍDO, QUANDO LAURO LEMOS CHAMOU A ATENÇÃO DOS PRESENTES: SUSI, OLIVEIRA RAMOS, HELÔ, RENATÃO E MISS JULY.

LAURO LEMOS  -  Pessoal, tenho uma notícia para dar!

TODOS SE VOLTARAM PARA O JORNALISTA.

OLIVEIRA RAMOS  -  O que aconteceu?

LAURO LEMOS  -  Acabei de receber uma ligação da redação: foi descoberta a assassina de Nívea Louzada!

HELÔ  -  Assassina?

RENATÃO  -  Fala de uma vez, homem!

SUSI  -  Então... é uma mulher?

LAURO LEMOS  -  Isso mesmo. Ela acaba de confessar. É uma tal de Jurema de Alencar.  É atriz.

SUSI  -  Como é que pode, gente? Aquela atriz, Jurema de Alencar? Mas ela não é a namorada de Ricardinho?

HELÔ  -  Ela mesma. Eles tem um caso.

SUSI  -  Então, até que pode. O ciúme...

CORTA PARA:

CENA  9  -  APARTAMENTO DE JUREMA  -  SALA  -  INT. -  DIA.

APÓS A CONFISSÃO DE JUREMA, RICARDINHO FÔRA LIBERADO PELO DELEGADO FONTOURA E DIRIGIU-SE AO APARTAMENTO DA AMANTE, DE ONDE LIGOU PARA O PAI, LEOPOLDO.

ERAM QUASE MEIA-NOITE QUANDO O HOMEM DE MEIA-IDADE TOCOU A CAMPAINHA. RICARDINHO ATENDEU, AFLITO.

RICARDINHO  -  Ainda bem que você veio, velho. 

LEOPOLDO  -  (surpreso)  Meu filho! Vim o mais rápido que pude. Você nunca me ligou....  O que aconteceu?

RICARDINHO  -  Jurema está presa!

LEOPOLDO  -  (balbuciou, incrédulo)  Pre... presa?!    

RICARDINHO  -  Ela caiu no truque do delegado e confessou o assassinato de Nívea! Velho, eu preciso que você vá à delegacia e fale com ela! Ela tem de desmentir tudo!

LEOPOLDO  - (pasmo)  Deus do Céu! Mas a essa hora... não vão me deixar falar com ela.

RICARDINHO  -  Isso é verdade... Paciência, ela vai ter de dormir na cadeia. Você vai amanhã bem cedo, então.

LEOPOLDO  -  Coitada da Jurema... Pode deixar, filho. Eu vou, sim. Conte comigo!

CORTA PARA:

CENA 10  -  IPANEMA  -  EXT.  -  DIA.

IMAGENS DO AMANHECER. NAS PRIMEIRAS HORAS DO DIA, UM GRUPO DA TERCEIRA IDADE PRATICAVA TAI-CHI-CHUAN NA PRAIA, OUTROS SE EXERCITAVAM EM BICICLETAS OU CORRENDO NO CALÇADÃO.

CORTA PARA:

CENA 11  -  FACHADA E INTERIOR DA DELEGACIA DE IPANEMA
O CABO JORGE ACOMPANHOU LEOPOLDO REIS Á CELA DE JUREMA DE ALENCAR.

LEOPOLDO  -  (fitou a mulher atrás das grades, penalizado)  Jurema, minha querida! O que fizeram com você... Ainda não estou acreditando...

JUREMA  -  (segurou as mãos do amigo, abatida)  Seu Leopoldo, que bom que você veio! Pois é, meu amigo... eu confessei tudo! Eu matei Nívea Louzada!

LEOPOLDO SEGUROU-LHE OS BRAÇOS ATRAVÉS DAS GRADES E SACUDIU-A, COM FORÇA.

LEOPOLDO  -  Não repita essa loucura! Nós sabemos que não é verdade! Quem me mandou aqui foi o Ricardinho. Ele me mandou alertar você!

JUREMA  -  (confusa)  Alertar? Como assim?

LEOPOLDO  -  (sussurrou, aflito)  Você foi enganada e se deixou levar pelo truque do delegado! Meu filho jamais acusou você do assassinato daquela moça. Tudo não passou de um plano para fazer um de vocês confessar!

JUREMA  -  (empalideceu)  Meu Deus! O que eu fiz, meu Deus! (agarrou-se às grades, desesperada) E agora, seu Leopoldo! Eu confessei tudo, inclusive pra mãe da moça...! Eu tou perdida!

FIM DO CAPÍTULO 32
Susi (Maria Cláudia) e Vítor (Francisco Cuoco)
e no próximo capítulo...

*** Desesperada, Jurema tenta convencer o delegado Fontoura que mentiu em seu depoimento. Qual será a reação de Fontoura?

*** Oliveira Ramos está encrencado com as mentiras que contou a Helô sobre sua mãe e não sabe o que fazer!

*** Mario Maluco comunica ao pai, o delegado, que decidiu sair de casa.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 33 DE

3 comentários:

  1. Toni, fiquei com pena de Jurema, a situação dela complicou! E pelo jeito, ela não é a assassina. Enquanto isso, o verdadeiro assassino está livre! Gostei muito desse capítulo. Bjs.

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  2. Coitada da Jurema, como eu imaginei, não usa muito a cabeça é só explosão e deu no que deu, confessou o crime e se complicou. Tudo por amor ao Ricardinho. O que será que se passa com a mãe da Helô, estou muito curiosa pra saber qual é o mistério. Até o próximo. Bj

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  3. Jurema "pagando pato". Também foi se meter com o Ricardinho. Será que a mãe da Helô é doidinha como ela? Muito legal, Toni. O mistério está cada vez maior.

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