quinta-feira, 19 de julho de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 10 - 1a PARTE - AUTORA: SÔNIA FINARDI


Capítulo X – A entrega

Quinta-feira chega e com ela o casamento.
Todos os envolvidos estão no apartamento: Dadi, Frazão, Janete, Freitas e o juiz que vai realizar a cerimônia. Estão todos sentados, esperando pelo casal. Então eles surgem no topo da escada. Rosa está usando um vestido palha, discreto, mas que não esconde as formas do seu corpo.

Janete já havia ajudado na maquiagem, pra dar uma reforçada no aspecto cansado da “noiva desenganada pelos médicos”.

Eles descem até o centro da sala, onde o casamento é realizado. Ao final da cerimônia, o juiz fala rapidamente com Rosa e Claude:

Juiz: Eu sinto muito por vocês. Por estar realizando essa cerimônia assim, nessa situação constrangedora. Dá pra perceber que vocês se amam muito. Eu desejo toda a felicidade que puderem ter... – Ele beija a mão de Rosa, cumprimenta Claude, se despede de todos e sai.

Todos sentam ao mesmo tempo e sorriem uns paras os outros.

F: Bem meus queridos – diz olhando pra Rosa e Claude – não rola uma comemoraçãozinha não?

J: Frazão, que isso!? Você perdeu a noção?

C: Deixa Janete, esse aí non perde por esperar, hã? Mas nós vamos sim, fazer um brinde...

F: Eu sabia que você não ia resistir, francês...

C: Dadi... Pode trazer a bandeja das bebidas!

Ela entra na sala com vários copos com água – todos riem , menos Frazão, que fala:

F: Água, francês? Você deve estar doente né?

R: Não, quem está doente sou eu. E não posso nada com álcool! kkkkkkkkkkkkkkkk

F: Ah, Rosa... essa vai ter volta, aguarde a vingança do seu anjo negro...

C: Que vingancinha, oh Frazon... Aqui todo mundo vai dirigir, hã? E quem dirige non pode beber!

Frazão fica sem graça, todo riem da situação, inclusive ele, que não se segura.

Fre: Bom, essa parte já tá resolvida. Agora vou providenciar o registro do seu casamento lá no Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça.
E na proposta você pode anexar uma cópia da certidão de casamento.

C: Freitas, eu nem sei como te agradecer por isso, hã? Você foi muito profissional e competente. Merci.

Fre: Eu só fiz o meu trabalho, meu amigo.

Todos se despedem e Rosa e Claude ficam no apartamento, por mais um tempo.

C: Enfim, sós! – Diz num sorrindo devastadoramente sedutor, enquanto a olha caminhar para o sofá.

Ela se faz de desentendida e retruca: 

R: Claude, as minhas coisas estão no quarto de hóspedes. Quanto tempo você acha que eu devo deixá-las por aqui?

C: Como assim, quanto tempo? Eu pensei que você viesse pra cá, ficar aqui comigo...

R: Eu também quero, mas é tão surreal isso... Minha vida está mudando a cada vinte e quatro horas. A gente nem se conhece direito, assim, não sabemos quase nada um do outro, preferências, o que não gostamos... Essas coisas que acontecem normalmente, entre casais.

C: Você tem razon... Vamos resolver isso agora mesmo, hã? Vem comigo!

Ele a puxa pela mão, pega as chaves do carro e grita:

C: Dadi, estamos saindo!

Eles vão a um restaurante, e durante o almoço:

R: Os americanos não vão vir pro Brasil, pra verificar a proposta pessoalmente?

C: Non, eles tem representantes aqui. Eles só virão pra assinar os contratos, mesmo.

R: Mas você conhece eles, assim, pessoalmente?

C: Eu tive um encontro com eles, há um ano atrás, quando eles estavam procurando empresas pra investir aqui no Brasil . Fazia pouco tempo que minha empresa estava no mercado e eles queriam encontrar projetos novos. Depois de alguns meses eles ligaram, dizendo que gostaram dos projetos e tinham resolvido investir. Mas nesse meio tempo o Coutinho conseguiu me desestabilizar... e o resto você já sabe.

C: Mas porque você tá preocupada com isso?

R: Bem... eles podiam saber que você não era casado, sei lá... Ou que era outra pessoa, se eles são assim tão ligados à moral e aos bons costumes...Já pensou você namorava uma e casa com outra?

C: Hummm... Você quer saber se eu tinha alguém quando te conheci? Isso é ciúme...

R: Ciúme?! Não é só curiosidade feminina – Diz tentando disfarçar.

C: Non Rosa, eu non tinha ninguém na minha vida, até encontrar você... Eu non vou mentir, dizendo que era um santo... mas você me fez mudar... e eu gosto disso, chérie.
E você?

R: Eu?! Você pensa mesmo que eu teria alguma coisa com uma pessoa e casaria com outra, no caso você?

C: Non foi isso que eu disse! Eu sei que você non tinha ninguém.

R: Ah! E posso saber como é que você tem tanta certeza disso?

C: Calma... hã? Naquele dia, na sua casa, quando seus pais chegaram... Se você estivesse com outra pessoa, a esta hora eu estaria morto! Seu Giovanni é duro na queda, hã? E por falar nele, como vamos contar pros seus pais sobre esse nosso casamento?

R: Contando. Mas não já. Vamos esperar o contrato.

C: Eu adoro seu otimismo, chérie. Espero que você esteja certa...  Agora, nós vamos namorar um pouquinho, d`accord?

Eles saem do restaurante, e seguem de carro pela cidade.

R: Hum... pra onde você tá me levando hem?

C: Pra um lugar onde nunca levei ninguém... Praça Pôr do Sol. Você conhece?

R: Não... eu ia muito ao parque Ibirapuera, quando criança.

C: Você vai gostar, confie em mim... fica em  Alto de Pinheiros. Como o nome já diz, o pôr do sol é lindo por lá. Ponto de encontro de casais, amigos com violão e donos com cachorros. O parque é um dos destinos mais procurados por famílias e atletas aos finais de semana e feriados. Com uma área de 732 mil m², possui ciclovia, quadras, campos de futebol, brinquedos para as crianças e bosque com espécies de Mata Atlântica. A área de lazer inclui ainda aparelhos de ginástica, pista de cooper, tabelas de “street basketball” e um anfiteatro aberto com 750 lugares, sanitários adaptados para deficientes físicos e lanchonete.

R: Nossa, meu marido, além de empresário é um perfeito guia turístico – rsrsrsrsrsrs – Como você sabe de tudo isso?

C: Gostei de ouvir isso, de você... “meu marido”. - E dá aquele sorriso. -  Quando eu passava as férias aqui no Brasil, era lá que eu me refugiava, e sempre que posso eu vou até lá.

R: Nossa, você vai dividir esse segredo comigo? Refúgio é coisa séria...

C: Eu quero dividir muito mais que segredos contigo, mon amour...

E assim, eles passam todo o fim de tarde, andando de mãos dadas pelo parque, contando suas aventuras de crianças, sonhos, família, enfim conversam sobre tudo, menos sobre a vida amorosa. Sorriram, deram gargalhadas, se entristeceram, voltaram a sorrir.
Ao entardecer, quando o sol já estava se pondo, eles ficaram em silêncio, admirando o espetáculo da natureza:

R: Isso é lindo! Se eu tivesse o poder de parar o tempo, eu parava ele agora e ficava assim pra sempre.

C: Hummm  pra sempre assim, pertinho de mim?

E a beija delicadamente, descendo os lábios pela lateral do seu rosto, espalhando pequenos beijos por seu pescoço...Rosa mergulha naquele beijo, enfiando suas mãos pelos cabelos do francês, numa carícia que provocava gemidos  dele.



C: Melhor non me provocar, madame Geraldy. Eu posso non resistir e o seu tempo vai pro espaço, hã?

Rosa ia dizer “eu te amo”, quando anunciam o fechamento do parque, e eles têm que voltar pra realidade...

Contrariando Claude, Rosa decide ir para o seu apartamento, dando a desculpa que precisava arrumar o que havia desarrumado. Não queria que ele percebesse o quanto ainda sentia medo em se entregar.

Claude, por sua vez, fazia um sacrifício enorme tentando entendê-la.

O fim de semana passa, com Rosa evitando ficar sozinha com Claude. Ela dava sempre um jeitinho de ter alguém por perto. No domingo à noite, ela conversa com Janete:

J: Rosa, você tá esperando o que pra se mudar pro apartamento do Claude? Frazão disse que esses dias ela tá de mau humor, estressadinho mesmo... Só pode ser falta de hmhmhmh.

R: Janete, essas coisas não são assim, pra mim, ficar por ficar. Você sabe disso.

J: Eu só sei o que você contou: que o seu ex-noivo te deixou, no dia do casamento. Eu entendo o trauma, não queria estar na sua pele. Mas já passou tanto tempo! E todo mundo percebe que o Claude tá  feliz com você. Ele tá apaixonado.

R: Sabe, Janete, não foi só me deixar no dia do casamento. Aconteceram coisas que ninguém sabe. Nem pra minha mãe eu contei tudo, porque não tive coragem...

J: Bom, quando você precisar desabafar eu tô aqui! Amiga, não perde essa chance de ser feliz. A vida é curta. A gente não pode perder esse tempo todo não!

R: Nossa, você tá parecendo minha mãe, falando assim! – rssrsrsrsrs

J: É porque nós queremos ver você bem, feliz, curtindo!

R: Eu sei amiga. Eu vou sim, acertar tudo. ...Mas agora eu vou dormir. Até amanhã!

Segunda-feira, na construtora...

Rosa e Janete estão às voltas com Gurgel, que quer tudo o mais perfeito possível.

G: Meninas, isso está “mara” ! Modéstia à parte, está perfeito!

J: Ah tá! Modéstia? Isso nunca foi sua praia, meu bem! Rsrsrsrsrsr

G: Claro né amiga! Se eu não me valorizar, quem o fará?

Nesse momento entram Claude e Frazão na sala.

F: Bom dia, meninas!

E vai até Janete e lhe dá um abraço, carinhoso.

C: Bom dia a todos!

Rosa esperava que ele lhe desse um selinho, mas ele mal fala com ela, apenas faz algumas perguntas pra Gurgel, dá uma última revisada no vídeo e volta pra sua sala.

Rosa fica desconcertada, mas não fala nada. Frazão percebendo a situação vai atrás de Claude:

F: Claude, o que foi aquilo, meu querido? A Rosa não entendeu essa sua atitude fria. Aliás, ninguém entendeu né!

C: Frazon, a Rosa tá fugindo de mim, dá sempre um jeitinho de não ficar sozinha comigo. Enton, se é isso que ela quer, é assim que eu vou agir.

F: Francês, francês.... a Rosa já deu provas que te ama. Nenhuma mulher faz o que ela fez, sem gostar, sem amar.

C: Eu queria que ela confiasse mais em mim. O que será que aquele ex-noivo aprontou com ela, Frazon?

F: Ah, nem a Janete sabe ao certo. Só que ele deixou ela no dia do casamento.

C: Pois é. Mas nós já estamos casados. E nem assim ela confia em mim...

Enquanto isso na sala de Gurgel, Janete conversa com Rosa, que tentava não chorar.

J: Calma Rosa, vai ver ele levantou com o pé esquerdo! Você sabe que ele é instável.

R: Mas ele nunca foi tão frio assim, Jane. Será que ele se arrependeu...?

J: Rosa, eu acho que ele quer que você tome a iniciativa... Limpa essas lágrimas e vai lá falar com ele.

Gurgel que ouvia calado retruca:

G: É isso ai, amiga! Vai lá e arrasa...

Ela caminha até a sala de Claude, e ao abrir a porta escuta a última fala de Claude:

“...E nem assim ela confia em mim...”

R: Com licença, posso entrar?

F: Bem, eu tenho que fazer umas ligações. Até depois. Sai da sala deixando Rosa e Claude a sós.

R: Claude – Diz de maneira suave – Ao contrário do que eu possa demonstrar eu confio em você sim. É em “mim” que eu não confio, nas “minhas” reações.

Ele se aproxima dela, acaricia sua face e diz, olhando-a intensamente:

C: Eu queria tanto acreditar nisso... Mas você tá sempre fugindo, se escondendo. Rosa, eu non sou mais criança. Eu concordei em te dar um tempo, mas non deixe que esse tempo se torne um problema entre nós, oui?

Rosa segura na mão dele, ainda em seu rosto e responde:

R: Eu não vou deixar. Eu prometo.



Ela se volta pra sair da sala, mas Claude a segura pelos braços, se inclina e lhe dá um beijo, ao qual Rosa corresponde plenamente.

R: Eu sei que tá difícil pra você me entender. Eu acho até, que qualquer outro, já teria me mandado passear.... Mas você.... você tá sendo tão paciente comigo...

C: Só porque você é especial pra mim, hã?

Com a respiração entrecortada, ela diz:

R: Eu ... eu vou recompensá-lo... acredite....

C: Cuidado, chérie.... Promessas son dívidas, e eu vou cobrá-las sempre...

E a abraça por trás, fazendo-a arrepiar-se com sua barba por fazer...

R: Eu sempre cumpro minhas promessas, sempre! Ela se vira de frente pra ele e lhe oferece a boca, num convite ao prazer.

O resto do dia transcorre entre olhares, assinaturas, abraços, promessas, beijos e sonhos.
Claude e Rosa convidam Frazão e Janete para jantar no apartamento dele.
Eles passam a noite jogando conversa fora, e naturalmente do desejo deles de fecharem o contrato. Já tarde da noite, Frazão deixa Janete e Rosa em casa e segue pra sua também.

J: Que bom que vocês se entenderam, Rosa. Eu não sei como você agüenta, ficar perto dele e não rolar nada...

R: Janete, se você não estivesse com o Frazão eu ia achar que estava a fim do Claude!

J: Daquele francês mal educado? Não troco meu deus de ébano por dois Claudes, Rosa... Eu amo o Frazão.

R: E eu amo o Claude – Diz baixinho, mais pra si mesma que para Janete.

Um comentário:

  1. Sônia, lindo esse capítulo, parece que esse casal vai se entender agora. Gostei muito! Bjs.

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