quinta-feira, 16 de agosto de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 14 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

CAPÍTULO XIV - Sombras

Em New York...
  
Ju: Nara, eu preciso de mais dinheiro.

N: Mais dinheiro? Eu te dei cinco mil dólares há uns poucos dias... Tá pensando que além de pagar suas dívidas de jogo, vou sustentar suas saídas com outras mulheres também?

Ju: Você sempre soube que eu saía com outras. E nunca se importou com isso. Deve ser porque você faz o mesmo, não é? – Diz ironicamente.

N: Mas o dinheiro é meu... Eu me banco, coisa que faz tempo, você não faz mais... Se acomodou, antes ainda dava uns golpezinhos nas donzelas encantadas com você. Agora... só pensa em jogar...

Ju: Como você é boazinha, Nara. Quem não te conhece e ouve você falar assim pensa que você é uma alma bondosa, que ajuda os necessitados, usa o dinheiro pra o bem...

N: Eu uso ele para o bem... o “meu” bem! Mas estou te avisando, não abusa de mim não que caio fora. Pretendentes é o que não me falta!

Ju: Ta falando do tal advogado, que você comprou também, quando roubou o seu pai?

N: Roubar? Que palavra mais feia, querido! Eu... digamos apenas me dei o direito de antecipar o recebimento da minha herança... dinheiro que era de minha mãe... e ele nunca me  deixou mexer... O Otávio apenas colaborou pra que eu não fosse pega a tempo... me escondeu e conseguiu as passagens... você  devia agradecer a ele também, senão  não estaria aqui comigo!

 Ju: Nossa, agora é só “Otávio”... já ficou íntima assim? Você só pode estar armando outro golpe!

N: Na hora certa você vai saber, pois vou precisar da sua ajuda! Agora chega dessa conversa. Quanto é que você precisa?

Ju: Três mil dólares... E hoje eu sinto que vou ganhar... eu tenho que ganhar!

De volta a São Paulo...

Claude e Rosa chegam em casa. Claude pega o jornal pra ler, pois não teve tempo de manhã. Rosa vai até a cozinha, comer algo:

R: Boa noite, Dadi. Tem alguma coisinha pra eu beliscar? To morrendo de fome...

D: Tem bolo, d. Rosa... Mas se a senhora quiser eu preparo outra coisa, um lanche?

R: Não, bolo tá ótimo... Hummm tá uma delícia...Dadi!

D: Receita de minha mãe...

R: Hummm receita de mãe é tudo de bom! Adoro!

Ela vai pra sala, com o prato cheio de bolo. Senta-se ao lado do marido.

R: Amor, quer um pedaço de bolo? Tá uma delícia!

C: Non... agora non, chérie, deixa eu ler as notícias primeiro. Mas fica aqui comigo, há?

Rosa fica ali, perto dele, observando-o enquanto ele lê as notícias... A cada linha que lê, ele vai mudando sua expressão... surpresa, incredulidade, tristeza, alegria... De repente ele para de ler,  olha pra Rosa, seriamente.

R: Que foi? Atrapalhei você?

C: Non... você nunca me atrapalha! É que senti falta da sua voz, aqui pertinho do meu ouvido. Você tá tão caladinha.

R: É que você tá lendo!  Tão bonitinho te ver lendo, seus olhos vão mudando, sua expressão... Eu nunca tinha reparado antes...

C: Tem muita coisa que a gente ainda não reparou um do outro. A gente começou meio ao contrário. Se casou primeiro pra namorar depois...

R: Tá arrependido?

C: Você está?

R: Eu perguntei primeiro...

C: Eu nunca vou me arrepender de você, chérie. Eu só comecei a viver, depois que te conheci, quando fui ferido por um galho espinhoso, quando te segurei pra não cair naquela escada.  Depois disso eu nunca mais fui o mesmo. - E acaricia o rosto dela.

R: Eu me perdi em você naquele beijo, na escada. Naquele momento eu tive certeza que nunca mais minha vida seria a mesma. Como posso me arrepender de te amar?

Claude a abraça e lhe dá um beijo demorado, ao mesmo tempo delicado e suave e incrivelmente quente, sedutor.

C: Que tal a gente pegar um cineminha? Eu tava vendo os filmes em cartaz. A gente podia assistir o filme do Selton Mello, O Palhaço. Que você acha?

R: Eu ia adorar...

C: Deixa eu confirmar a hora da sesson... Mas que notinha é essa aqui...? Olha só... a Robertinha tá vindo gravar no Brasil...e nem me avisou!

R: Quem?

C: A Roberta.  A atriz Roberta Vermont. A gente se conheceu lá na França, uns anos atrás...

R: Ah sei... entendo!

C: Non entende non... Você já ta pensando que eu  tive alguma coisa com ela...

R: E não teve? Falou assim com tanta intimidade dela...

C: Serafina Rosa Petroni Geraldy...  – enfatiza o Geraldy – Eu conheço a Roberta, porque ela foi casada com um empresário amigo de meu pai, há muitos anos atrás e somos apenas bons amigos... Você vai conhecê-la  e tirar suas dúvidas, d`acord?

R: Ok, Claude... eu não quero estragar nosso cinema. Tá valendo ainda, não?

C: Sim... mas sabe, adoro ver sua carinha quando fica assim com ciúmes de mim... - Diz chegando perto dela, que tinha se afastado, e estava olhando pra água da piscina...

R: Eu, com ciúmes de você?

C: A- há... - E a abraça demoradamente.

R: É melhor a gente se afastar daqui. Até porque a Dadi tá na cozinha!

Ele dá um selinho nela.

C: Tem razon... Essa piscina é muito “atrativa”.  Vamos na  sesson das  vinte e duas horas... Assim dá tempo da gente tomar um banho, oui?

R: Claro... Eu vou primeiro. E sozinha.

No cinema...

Claude compra os ingressos, e antes de entrar na sala de exibição, ele resolve comprar pipoca, chocolate, água...

R: Claude, pára com isso... tá parecendo criança! Tá todo mundo olhando prá gente...

C: Que issi, chérie! Eu tenho direito de comprar pipoca pra minha namorada, non tenho?

R: Ah! Agora eu sou sua namorada...

C: Agora, non... Hoje... Esta noite... e todas as noites da minha vida, hã? – E dá um selinho nela, quase derrubando tudo que carregava.

R: Deixa que eu  te ajudar senão o “mico” vai ser maior, hã? – Diz imitando a expressão dele.

Ele sorri pra ela, pega em sua mão e praticamente a puxa pra sala de exibição.

Rosa bem tentou se concentrar na história do filme, mas Claude estava mais interessado em Rosa do que no filme.

C: Chérie, vamos namorar um pouquinho, hã? 

R: Claude, a gente pulou esta fase! Já estamos casados.

C: Por isso – Dizia baixinho, bem ao “pé do ouvido” dela, fazendo Rosa estremecer sob o contato da barba por fazer...

R: Pára, Claude... eu quero ver o filme...

C: Só um beijinho... com gostinho de pipoca...  - Ela vai dizer que não, mas Claude mais rápido, segura-lhe o rosto entre suas mãos e sua boca toma a de Rosa, que sem resistir, se entrega ao beijo, voluptuosamente.

Alguns adolescentes que estavam sentados, num grupo, atrás deles, começam a bater palmas, assoviar, fazer o maior barulho...

G: Aí! Eu também quero beijinho!... Gatinha me dá um beijinho!...

Claude se vira pra eles:

C: Que isso!!!!???? Seus pais non deram educaçon pra vocês non? Nunca beijaram non?  Deviam experimentar... com suas namoradas.... – Se volta pra Rosa e completa a frase... É muito bom beijar a  pessoa que a gente ama!

R: Claude! Meu Deus... que bicho te picou hem!?  Daqui a pouco vão pedir pra gente sair... e não vai ser com amor não!

O grupo de adolescentes responde:

G: Calma aí “tio”, a gente tava zoando na boa! Foi mal!!!   Desculpa!!!!!!

C: Rosa, eles eston me chamando de “tio”!?

R: Estão! É assim que eles chamam os mais “velhos”! (rsrsrsrsrsrsrsrsrrsrsrsrsrsr)

C: Ah mas eu vou...

R: Você não vai nada!... Fica quietinho aqui comigo. Vem cá... - Diz pegando o braço dele e passando por trás de seus ombros – Se você quer me namorar, começa me abraçando... e esquece eles...


Nos Estados Unidos – Nova York


Júlio entra no apartamento. Procura não fazer barulho, pois não seria bom que Nara o visse neste estado: rosto todo marcado pelos socos que levara, roupas desalinhadas, e o pior sem nenhum tostão no bolso.


Ai!... Que droga! Eu tava ganhando... tava ganhando... aquela vagabunda me distraiu pra eu perder a última rodada... Agora eu me compliquei de vez... Ai!... Isso dói. A Nara não vai querer mais me ajudar... tenho que arrumar essa grana de outro jeito... ou voltar pro Brasil, antes que eles me achem... Brasil... eu ainda tenho um trunfo por lá! Belezinha!” - Pensa com um estranho brilho no olhar.

Júlio entra no banheiro se livra das roupas, abre o chuveiro e deixa a água fria cair pelos machucados...

Eu tenho que ligar pro tal Coutinho... só ele pode me ajudar nesse trunfo

Ele pega o celular de Nara, encontra o número do celular de Coutinho e faz a ligação.

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Co: Nara... que surpresa! Me ligando a essa hora...

Ju: Não é Nara. É o marido dela.

Co: Ahh... Júlio!  haannnn  Perdão,  eu já estava estranhando  ser a Nara a essa hora.

Ju: Sei. Mas no momento eu estou precisando dos seus serviços aí no Brasil... Eu tenho um acerto pra fazer por aí, que envolve muito dinheiro e meu nome não pode aparecer por enquanto... É ai que você entra... topa?

Co: Bem, e quanto eu levo na brincadeira?

Ju: Trinta por cento! Mas a Nara não pode saber por enquanto.

Co: Fechado! O que você quer que eu faça?

Ju: Bom pra começo você tem que procurar em cartório um documento em nome de... blá...

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De volta ao Brasil – SP

O filme chega ao fim.
Claude segura a mão de Rosa, entrelaçando seus dedos aos dela, enquanto caminham para o estacionamento.

C: Você está com fome, chérie? Que jantar em algum lugar?

R; Até que não. Aquela pipoca toda, agora não tenho fome.

C: Um sorvete?

R: Não... nada. Só ter você assim perto de mim, segurando minha mão, me paparicando, isso é muito bom!

C: É muito bom mesmo, hã? _ Ele a abraça, envolvendo todo o corpo dela... enquanto diz nem sussurro - Eu to tendo uma idéia, se você concordar a gente pode fechar a noite com chave de ouro, namorando num lugar... diferente!

R: Você não tá pensando que eu vou “namorar” com você num estacionamento, está??!?!?!

C: Non, mon amour! Eu tava pensando em outro lugar mais aconchegante, preparado... Feito pra isso, hã?

R: Preparado pra isso? Você está pensando em me levar pra um Motel!!!!!!!!!!!!!!? – Diz se fazendo de ofendida.

C: Calma, hã? Foi só uma sujeston... Se você non quer ir a gente non vai. Eu jamais te levaria contra sua vontade... – Diz sério.

R: Eu não disse que não quero ir...

C: Enton eu posso ter alguma esperança? E a olha com aquela carinha de cão sem dono.

R: Claude, Claude... Você derruba meus muros me olhando assim, sabia? Minha resistência vai à zero... Só não quero que você pense que sou qualquer uma... que “fica” com o namorado na primeira vez que sai com ele pro cinema...  - Rosa finge estar indecisa.

C: Eu nunca pensaria isso de você, chérie!  Até porque, non é nossa primeira vez, de namorar, hã?- Dá uma piscada de olho pra ela – A gente já namorou no parque, lembra?

R: E como eu iria esquecer?  Você me levou pra conhecer o seu refúgio. Isso é coisa séria. De namoro “firme”, assim pra casar...

C: Bom, se você for uma boa menina, boa namorada, nesta noite... Eu me caso com você!

R: Hummmm, você está quase me convencendo! Acho que se você pedir com mais jeitinho eu não resisto

Claude beija seu pescoço, subindo com sua boca até encostar em seu ouvido e murmurar:

C: Vem comigo, sem medo de ser feliz!

R: Eu vou... sem medo... você sempre... sempre me faz feliz....


Eles chegam ao seu destino. Claude abraça Rosa e eles caminham rumo ao quarto. Apesar de ter certeza de que quer isto, Rosa está apreensiva, seus passos são lentos.
Claude abre a porta do quarto e entra. Rosa fica parada, se sentindo estranha...

Claude se volta, dá um sorriso pra ela e diz:

C: Vem... – E estende sua mão para Rosa, que segura imediatamente e entra. Ela se depara com um quarto todo decorado em vermelho e branco. Uma cama enorme, coberta de pétalas de rosas vermelhas, em forma de coração e um balde com champagne em meio ao gelo.

C: Você está gelada! – Ele segura as duas mãos dela, a olha e continua - Rosa... chérie... Eu non sou o lobo mau, hã? Eu quero apenas ter uma noite diferente contigo ou melhor dizendo, eu quero dar pra você uma noite diferente, com magia, seduçon romance... amor e prazer... tudo que você sonhou e desejou...

Rosa se joga de encontro ao peito de Claude:

C: Rosa eu já te disse isso, mas vou repetir: a gente se casou assim, sem planejar, por causa de um documento, mas isso non diminui o amor que eu sinto por você! Nem o respeito, a admiraçon... e muito menos  o desejo!

R: Eu sou uma boba mesmo... Você deve me achar muito  boba. Mas eu nunca estive num Motel antes. Eu cresci ouvindo que esse não é lugar de moça decente e a gente não gosta daquilo que não conhece Mas eu gosto do que vejo!

C: Você non é boba! Só fica “bobinha” quando eu te beijo, hã? – Diz, tentando aliviar a tensão e já usando suas mãos para acariciar as costas dela, que estremece.

R: Minha razão me diz pra sair, ir embora, mas meu corpo quer desesperadamente que eu fique! E oferece sua boca a ele, que sem pressa a toma para si, num beijo avassalador.

Ele interrompe o beijo:

C: Devagar, chérie... A gente tem todo o tempo do mundo por aqui, hã? – diz com a voz rouca de desejo.

Um comentário:

  1. Sônia tão lindo esse casal, engraçado e romântico! Mas tenho um mau pressentimento com Nara e Júlio, acho que vão incomodar muito! Mas espero estar enganada rsrs. Está muito gostoso de ler, amei! Bjs.

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