quinta-feira, 9 de maio de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 26 - AUTORA: SÔNIA FINARDI



XXVI

Rosa estava no camarote da comissão organizadora com Claude e Fernanda, que brincava entretida com sua mamadeira vazia. Claude conversava com o prefeito sobre seu projeto de casas populares.
- Seu pai e sua tia comentaram sobre seu projeto de casas populares, Claude. Eu fiquei muito surpreso a princípio. Pensei que a França não tivesse esse tipo de problema habitacional por ser um país de primeiro mundo. – Dizia o prefeito Afrânio Marques.
- A França tem um déficit permanente de moradia, Afrânio. Atinge cerca de um milhon de famílias. Mas isso deixou de ser um tema político relevante. O governo considera essa queston como secundária e controla a comercializaçon, o auxílio para a compra ou para a locaçon de terrenos. E com isso, permite que a construçon de habitações decline.
- No Brasil, então, vai de mal a pior. Pessoas vivendo sem serviços básicos, como uma rede de esgoto apropriada, coleta de lixo, água potável, etc. A carência habitacional é mais forte na faixa de renda que vai até três salários mínimos. Essa parcela da população responde por mais de noventa por cento da carência habitacional.
- Meu projeto tinha como objetivo contemplar essa mesma faixa de rendimentos na França. Mas a pessoa que o implantou non tinha o mesmo interesse, transformando-o em mais um sonho impossível para quem ganha de um a três salários mínimos.
- Nosso município sempre teve um dos maiores déficits habitacionais de Mato Grosso do Sul. Esse ano, a Prefeitura vai realizar uma Audiência Pública, onde será discutido com a sociedade o diagnóstico dessa situação habitacional. Durante a audiência serão apresentadas as Diretrizes de Ação para enfrentar os problemas encontrados no município. Gostaríamos que você fizesse parte do Conselho Gestor. Aceita?
- Mon Dieu! Non sei... O que você acha, Rosa?
- Eu penso que você deve aceitar. Seu projeto é fantástico, adequa-se a qualquer lugar do mundo e...
Então, escutam os protestos de Fernanda, que atrai a atenção de todos:
- Mamamama papapapapa... tatatata... bruuuubruuuu - E vai estalando a língua e querendo bater palminhas.
- Sua filha também é a favor, Claude. Não aceito não como resposta! - Diz o prefeito sorrindo – Minha secretária entrará em contato com você assim que definirmos dia e hora.
- Está bem, Afrânio. Eu aceito participar da reunion. Está na hora mesmo de retribuir um pouco do que recebi, desde que vim morar aqui.
- Então, estamos combinados. - Confirma Afrânio.
Como Fernanda continuasse reclamando, Rosa diz:
- Amor, acho que ela cansou e quer dormir. Vamos pra casa?
- D’áccord, chérie. Vem aqui com o papai, hã? – Diz Claude, tirando-a do carrinho. – Que é que foi, borboletinha... Você está irritada com todo esse alvoroço, non é?
E antes que pudessem se despedir do prefeito, eis que Nara e Edmond entram no camarote.
- Boa noite, Claude. Não me diga que já está indo embora! Não vai nos apresentar ao seu amigo?
Sem outra opção, Claude os apresenta a Afrânio, que pouco depois é chamado por um outro grupo do camarote.
Nara, então, pede para segurar Fernanda. Claude já ia negar, explicando que a menina estava irritada e com sono e que não seria uma boa hora, nem mesmo era seu desejo vê-la nos braços de Nara. Mas não teve tempo.
Nara insistiu em pegar Fernanda no colo e antes que Rosa pudesse impedir, tomou-a dos braços de Claude.
O desconforto de Fernanda nos braços de Nara era evidente. Olhava para Rosa e Claude, esticando os bracinhos e começou a choramingar.
E Nara fez a única coisa que não devia ter feito: balançar Fernanda, que havia acabado de tomar sua mamadeira há poucos minutos.
Os soluços de Fernanda e a exagerada força com que Nara a balançava, na tentativa de mantê-la quieta, foi uma combinação fatal. Fernanda ficou pálida e devolveu o leite, vomitando sobre Nara.
- Oh, meu Deus... Que cheiro horrível! Que nojo! – Gritava Nara, vermelha de raiva – Sua garotinha nojenta! Olha só a minha roupa... O meu cabelo... O meu sapato italiano!!
- Olha lá como fala da minha filha, sua louca! – Diz Rosa, tirando a menina de Nara – Vem com a mamãe, vem! Essa... bruxa ruiva não vai fazer mal pra você!
- Bruxa ruiva? – Grita Nara, atraindo a atenção das outras pessoas.
- A culpa foi sua, Nara. Por que insistiu em pegar a menina se não gosta de crianças? - Intervém Edmond.
- Oras, cale a boca e me tire daqui! – Fala histérica - Eu estou cheirando leite azedo! Mon Dieu, isso é humilhante! Vai me pagar por mais essa, sua brasileirinha subdesenvolvida! – Diz, olhando Rosa com os olhos vermelhos de raiva.
- Agora chega, hã? – Diz Claude, colocando-se na frente de Rosa - Edmond, sua esposa já passou dos limites! Tire-a daqui, antes que eu faça uma loucura.
- Nara, o que deu em você? Ameaçar a mãe da menina só porque ela... – Vai falando Edmond, enquanto arrasta Nara para fora do camarote.
- Pronto, borboletinha... Non chore mais, hã? - Diz Claude, afagando Fernanda carinhosamente no colo de Rosa – Vamos pra casa!
Depois de um banho morno e perfumado com Rosa na banheira, Fernanda dormiu tranquilamente. Quando Rosa retorna ao quarto do casal, Claude saía do banheiro.
- Eu devia tê-los colocado para fora da fazenda ontem. – Diz, referindo-se a Nara e Edmond - Teria evitado toda essa confuson, non é?
- E causado uma pior. Você não acha que ela sairia sem fazer um escândalo, acha? – Comenta, deitando-se na cama.
- Tem razon... – Ele tira o roupão, ficando apenas com a bermuda do pijama, juntando-se a Rosa - Nara seria capaz de anunciar à imprensa local que a expulsamos da fazenda e isso abalaria a reputaçon de nossos serviços e da festa.
- Se ela tivesse feito alguma maldade com nossa borboletinha, ah, não sobraria um só fio vermelho naquela cabeça de pica-pau!
- Mon Dieu! Rsrsrsrrs.
- Por que está rindo? Eu estou falando sério. Ela que não se meta a besta comigo!
- Lembrando de tudo agora... Foi muito engraçado vê-la toda... suja. Eu nunca vi Nara ton dramática... Ton desalinhada e ton mal cheirosa. Ao contrário da minha gatinha, hã? – Diz, aproximando-se do ouvido de Rosa, respirando pesadamente e deslizando sua boca até a dela.



- Você também não fica atrás... – Diz com o corpo mole pelas carícias que Claude já lhe fazia – Me faz perder a cabeça... – Diz com a voz rouca.
- Sabia que eu non podia ter arrumado um apelido mais perfeito pra você do que gatinha?
- É? Por quê?
- Porque quando você perde a cabeça, assim, como agora, e se derrete toda em meus braços,... Quando me pede pra te fazer minha... Sua voz é igual ao ronronar de uma gata... firme... profunda... sexy...
- Deve ser pela sensação de prazer que você me dá! Pura endorfina... paixão, euforia. É aquela sensação indisfarçável da felicidade. É isso, você é a minha endorfina... – Diz Rosa.
- E você a minha Serafina... – Murmura Claude, sorrindo malicioso e subindo com suas mãos pelo corpo de Rosa, presas à camisola, que se arrasta com elas. – Anteontem eu voltei ton zangado, que non te acordei como prometi, gatinha...
- E promessa a gente tem que cumprir, não é? _ Diz ofegante, correndo suas mãos pelo peito e pelas costas de Claude.
- D’accord... Se naquela noite non te acordei... Essa, non vou deixá-la dormir!
E cobre a boca de Rosa com a sua, enquanto seu corpo se inclina totalmente sobre ela.
E quando não há mais porque esperar, eles se tornam um só, sedentos de prazer. E se fartam na fonte do amor que um dia os uniu.
O terceiro e último dia da festa incluía um passeio a cavalo pelos arredores da fazenda, não incluso na diária. Com duração de até duas horas, o itinerário apostava em trilhas e cachoeiras na própria fazenda e nas fazendas vizinhas, cavalgando-se pelas estradas vicinais
Rosa não sabia o por quê, mas não queria ir como combinado com Claude e os outros monitores. Fernanda também estava agitada e manhosa. Nada a satisfazia.
- Eu acho que é outro dentinho dela que tá rompendo, dona Rosa! – Dizia Dadi, vendo Rosa tentar distrair Fernanda com um brinquedo qualquer.
- Sabe que você tem razão, Dadi! – diz Rosa, olhando a boquinha de Fernanda com atenção. - A gengiva dela está mais abaulada e esbranquiçada e ela não consegue engolir toda a saliva. Por isso está agitada e manhosa.
- Deve ter um mordedor novo guardado em algum lugar... Eles são ótimos pra aliviar a coceira da gengiva. – Fala Rosa, enquanto procura o mordedor nas gavetas do armário de Fernanda. – Achei! Ainda bem que eu comprei vários...
- Sabe que eu ouvi outro dia, na televisão, um dentista falando que o alívio é maior se antes o mordedor ficar na geladeira, porque o frio ajuda a confortar a região. – Fala Dadi, toda prosa.
- Ah, é? Então, põe na geladeira pra mim, Dadi. Eu vou dar um banho nela, tá tão suadinha...
Depois de deixar Fernanda com Dadi, bem mais calma, depois do mordedor em suas mãos, Rosa se arruma e vai ao encontro de Claude, no salão de festas, onde ele dava as instruções para o grupo com quem sairiam. Continuava com aquela sensação que não deveria ir.
E a sensação aumenta ao ver Nara e seu marido, Edmond no grupo.
- Eu pensei que ela havia ido embora depois de ontem. – Diz para Claude, enquanto um dos monitores explicava sobre não deixar nenhum tipo de resíduo pelo caminho, como sacolas e garrafas plásticas, embalagens em geral, pois isso poderia atrair os animais, que os ingerindo, morreriam na certa.
- Eu também, hã? Mas non daremos a ela o gostinho de estragar nosso dia, chérie.
Então, Claude repassa alguns itens essenciais e diz que mesmo quem não tem experiência em montar pode se sentir seguro, pois os cavalos da Papilon Blue eram mansos e adestrados. Cita até que Rosa, sua esposa, havia aprendido recentemente a montar.
Foi a deixa para Nara se aproximar e provocar Rosa, dizendo:
- Eu não consigo sequer imaginar alguém da sua idade ainda aprendendo a cavalgar. Claude e eu montamos desde nossa infância. Era um dos nossos hobbys preferidos na França.
Nara parecia se divertir com a reação de Rosa, que ficou tensa e incomodada. E apesar da vontade que Rosa tinha de puxar todos os cabelos daquele topete de Nara, simplesmente respondeu-lhe assim, antes de virar as costas e ir em direção às baias:
- E eu não consigo sequer imaginar que alguém da sua idade e da sua classe, não tenha aprendido a ser pelo menos educada ainda. Principalmente com os anfitriões da festa.
Enquanto Claude vistoriava os cavalos rapidamente, Rosa lhe dizia de sua falta de vontade de ir. Podiam cancelar o passeio e devolver o dinheiro.
- Rosa, non podemos deixar esse grupo para trás por causa dela, hã? Quer, por favor, pegar o seu chapéu para nos acompanhar, gatinha? Chantal está acostumado contigo e é um cavalo obediente. Além do mais eu estarei do seu lado todo o passeio, d’accord?
- Você quer muito que eu vá, não é?
- Claro, vai ser a nossa primeira cavalgada juntos. A primeira de muitas, hã? E você é a primeira rainha da festa, seria falta de consideraçon não acompanhar seu rei, oui?
- Está bem, eu vou por você, Claude! E pela festa. Vou buscar o meu chapéu e volto num instante.
Minutos depois, estavam todos montados e a caminho do passeio. Percorreram alguns quilômetros pela fazenda e logo passaram para as imediações. O monitor do grupo contava um pouco da história local.
Pararam algumas vezes para que aos turistas tirassem fotos, filmassem ou apreciassem com atenção a paisagem. A última parada foi numa das cachoeiras na fazenda de Rodrigo. Todos desceram dos cavalos e puderam ver de perto a queda d’água. Alguns turistas arriscaram-se a entrar no rio e aproveitar ao máximo esse presente que a natureza nos dá. A parada durou uns vinte minutos, tempo em que os cavalos puderam também descansar.
Algumas pessoas preferiram caminhar ao redor do local, explorando sua magnífica flora. Claude e Rosa os acompanharam. Nara não se juntou a nenhum dos grupos, ficando isolada, enquanto Edmond, seu marido, se divertia nas águas transparentes do rio.
Passado o tempo combinado, estavam todos reunidos para a volta. Claude conferia o total do grupo antes de partirem de volta.
Rosa aproximou-se de Chantal e notou que o alazão tinha as orelhas voltadas para trás, os olhos e a boca contraídos. Contraiu a sobrancelha, lembrando das explicações que Claude lhe dera:
- “Lembre-se: os cavalos colocam as orelhas para trás quando galopam ou executam uma manobra difícil. Mas também pode significar que ele apenas está atento a ruídos que vêm de trás, à voz de quem o comanda ou mesmo que está sonolento. Porém, se isso estiver combinado com um abanar de cauda e movimentos excessivos de boca e olhos, indica que o animal pode estar irritado com alguma coisa.”
Lentamente colocou sua mão no pescoço de Chantal e o acariciou suavemente.
- Ei amigão, o que foi? – Dizia, enquanto olhava para o corpo de Chantal procurando pelo motivo de sua inquietude. O que está acontecendo, hum?
- Rosa, algum probleminha com esse seu pangaré? – Escutou a voz irônica de Nara atrás de si, já montada. – Sabe, pessoas despreparadas como você, não deviam se arriscar em cima de um cavalo, queridinha!
Mas antes que respondesse à altura, ouviu Edmond repreender Nara num tom quase de ameaça:
- Nara, joindre le groupe ! Il a promis de rester loin les Geraldy, pour éviter toute confusion . Puis tenez votre parole! Devrais-je ignorer notre accord? [Nara, junte-se ao grupo! Prometeu manter-se distante dos Geraldy, para evitar mais confusão, então, cumpra sua palavra! Ou devo desconsiderar nosso acordo?]
Não entendeu completamente o que ele dissera, mas o tom em que foram ditas e a reação de Nara ao ouvi-las lhe deram a certeza que não foram de carinho.
Desprezou mentalmente a ironia de Nara, procurando Claude com os olhos. Então pulou para a sela, acomodando seu peso sobre Chantal, que empinou levemente, levantando suas patas dianteiras alguns centímetros do chão.
- Calma, garotão! – Diz, afagando o pescoço arqueado do cavalo, com uma das mãos - Nós sabemos que você não é um pangaré¹! A não ser que ela esteja se referindo aos seus pêlos amarelados! Mas duvido que ela saiba disso...
Aparentemente controlado, Chantal obedece aos comandos de Rosa, que se aproxima de Claude e alinha-se aos outros cavalos.
- Algum problema, Rosa? Eu vi Nara falando contigo.
- Com ela, nenhum. É só Chantal que parece incomodado com alguma coisa.
- Quer que eu o examine?
- Eu já olhei por todo seu corpo, até as ferraduras. Não achei nenhum ferimento.
- Pode ser stress ou cansaço. Chantal já non é ton novo, non é campeon? – Diz Claude, lançando um olhar sobre o cavalo.
Começaram a jornada de volta em passos lentos e cadenciados. Claude e Rosa estavam à frente do grupo, como guias que eram. O outro monitor posicionava-se atrás do grupo, evitando que alguém se dispersasse pelo caminho.
Rosa conseguiu manter Chantal sob seu completo domínio por quinze minutos. Mas, de repente, o alazão relinchou, sacudindo a cabeça de um lado para outro, ameaçando empinar a cada passo.
Rosa apertou ainda mais as rédeas em suas mãos, concentrando todos os seus esforços em controlar Chantal que aumentava a pressão para se libertar das rédeas, iniciando um galope mais rápido.
- Rosa, mais devagar, chérie. - Diz Claude seriamente. - Puxe as rédeas!
- Ele não me obedece mais! – Diz, preocupada, inclinando o corpo para frente ao perceber que Chantal vencia seus esforços e não conseguiria contê-lo por mais tempo.
Sentiu as rédeas ferindo suas mãos e na tentativa de aliviar a dor, afrouxou-as por alguns segundos. Foi o suficiente para Chantal. Com um movimento brusco de cabeça, o animal tomou as rédeas nos dentes e impetuosamente saiu num galope desenfreado.
- Rosa! Mon Dieu... Chantal! – Gritou Claude, apertando os calcanhares contra seu cavalo, fazendo-o acelerar atrás de Rosa, vários metros a sua frente.
Enquanto o cavalo disparava, o vento cortava o rosto de Rosa, tirando-lhe o fôlego. Desesperada, sem conseguiu acalmar o alazão, sentiu sua visão escurecer e enterrou o rosto na crina esvoaçante de Chantal, percebendo que a sela dançava sobre o dorso do cavalo. Agarrou-se com força ao santantônio - a parte anterior e elevada da sela – tentando equilibrar-se e lutou para não cair.
Ordenava a Chantal que parasse, mas o animal parecia extasiado em sua aparente liberdade e não a obedecia.
Então, ouviu vozes e gritos assustados que se aproximavam dela misturados ao barulho dos cascos de cavalos batendo sobre o chão de terra vermelha da trilha onde estavam.
Reconheceu a voz de Claude, pedindo a ela que não se mexesse e suplicando desesperado a Chantal que parasse. Fechou os olhos e entrou num estado de semiconsciência. Ouvia as vozes, mas já não as identificava.
E não pode ver claramente quando Claude emparelhou seu cavalo e segurou as rédeas soltas de Chantal, enquanto Edmond e outros cavaleiros se colocavam à frente do alazão, forçando-o a parar, diminuindo o galope para um trote duro e parando bruscamente.
Em seu quase delírio, Rosa sentiu-se caindo de um precipício, enquanto escorregava junto com a sela totalmente frouxa. Mas Claude já havia saltado de seu cavalo e amparou-a antes que atingisse o chão.
- Chantal, pare! Pare, por favor... – Dizia Rosa, soluçando, ao cair, nos braços de Claude, já quase inconsciente – Chantal, pare... eu não quero morrer, não posso... Claude, borboletinha... Eu amo vocês!
Claude abraçou Rosa, apertando-a contra seu peito, enquanto tentava trazê-la de volta à consciência:
- Xiiiiiiiiiii,... Rosa, me escuta, chérie! Está tudo bem, Rosa! Acalme-se, oui? Foi só um susto... Um grande susto, gatinha! – Mas, no fundo, sentia, sabia que em tudo isso tinha a mão de Nara, sem dúvida.
E se tivesse dúvidas, elas desapareceriam, pois enquanto todos voltavam a seus lugares, Nara aproximou-se, olhando com desprezo para Rosa e com raiva para Edmond, dizendo em alto e bom som, totalmente descontrolada:
- Seu estúpido! Pourquoi est-ce ? Tout allait si bien. Je voulais voir ses morts! [Por que fez isso? Estava tudo saindo tão bem. Eu queria vê-la morta!] – E puxando as rédeas do cavalo com força, tomou a direção da fazenda, forçando o cavalo a galopar e obrigando Edmond a segui-la.
O resto do grupo seguiu de volta guiados pelo monitor, a pedido de Claude.
Bem mais calmo sem a sela, Chantal aproximou-se de Claude e Rosa e, afetuosamente, inclinou sua cabeça em direção a ela, como se pedisse desculpas.
- Está tudo bem, Chantal! Com certeza você non teve culpa. Nossa gatinha vai ficar bem, hã?
Alguns minutos depois, Rosa voltou a si. Demorou outros minutos mais para se recompor e entender o que havia acontecido. Montaram o mesmo cavalo e puxando Chantal pelas rédeas com a sela solta sobre si, voltaram à fazenda.
1-Pangaré: (adj) Diz-se de cavalo ou muar cujo pêlo é vermelho-escuro ou algo amarelado, como que desbotado no focinho, na barriga e nas virilhas. sm Cavalo com essas características. P.-rampampão: cavalo fraco ou de pouco valor. Fonte: Dicionário de Português Online – Michaelis.

Continua...

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