segunda-feira, 24 de junho de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 12 - AUTORA: JULIANA SOUSA


Emanuela ia sendo levada de carro. No percurso ia imersa em seus pensamentos e ao pensar na irmã e no pai seus olhos ficavam marejados de lágrimas. 
Depois de algum tempo, o carro parou. Emanuela, Fernandes e os outros dois homens desceram. Ela pode perceber que se tratava de uma boate, mas por ainda estar no começo da noite ainda estava fechada.
Fernandes entrou pela porta de entrada. Emanuela o acompanhou, enquanto os outros dois homens ficaram do lado de fora. Ao entrar, a garota percebeu que havia algumas mulheres, algumas muito jovens, rindo e conversando perto de um pequeno bar do estabelecimento.
Fernandes se aproximou trazendo Emanuela.
— Trouxe uma nova amiga para vocês… – disse ele, se dirigindo para uma das mulheres - Rosália, você sabe o que fazer.
Uma mulher se aproximou de Emanuela e indicou um caminho. As duas atravessaram a boate e saíram por uma porta que ficava nos fundos da boate, de lá passaram por um corredor e chegaram a uma casa que ficava por trás. Ao chegar lá, Emanuela percebeu que parecia ser um local onde algumas garotas residiam.
— Aqui é onde você vai morar de agora em diante. – disse explicando. – Não costumamos trazer clientes aqui. Quando tiver um cliente, tenha certeza de levá-lo para outro local. Você sabe, para fins legais, somos apenas garçonetes na boate que não tem um lugar próprio para morar.
As duas entraram na casa e se dirigiram para os quartos. Parecia haver vários deles ali. Rosália entrou em um dos quartos e acendeu a luz. Era um quarto normal, com duas camas de solteiro e alguns móveis.
— Esse é o meu quarto. Por enquanto, você pode usar algumas roupas que estão no guarda-roupa. Você trouxe alguma mala? – disse olhando para Emanuela. – Ah, me esqueci de perguntar… Qual é o seu nome?
— Emanuela. – respondeu ela muito introvertida.
Rosália olhou para Emanuela com curiosidade.
— Você me parece ser muito jovem e bonita... Por que está aqui? Por que precisa do dinheiro?
Emanuela parecia distante.
— Eu... Nunca faria isso por dinheiro algum no mundo.
Rosália olhou confusa para a garota.
— Então... Você não está aqui por vontade própria?
Emanuela não respondeu, o que fez Rosália não insistir na pergunta.
— Ok. Vou sair por um minuto, sinta-se a vontade. – disse saindo.
Manu ficou quieta por um tempo, olhou ao redor e depois suas lágrimas começaram a correr pelo seu rosto.
“Então, esse é o meu destino... O que eu estava pensando? Que alguém viria me salvar?” – pensou.
Rosália bateu a porta do escritório de Fernandes e em seguida abriu. Fernandes estava terminando de falar ao telefone, quando Rosália entrou.
— Fernandes, o que está acontecendo? Quem é aquela garota?
Fernandes pegou um cigarro e o acendeu com calma, olhando para Rosália com os olhos semicerrados.
— O que isso importa?
Rosália se aproximou da mesa onde estava Fernandes.
— Importa. Acho que essa garota está aqui forçada. Quem é ela?
— É só uma conhecida. Não se preocupe, ela veio por conta própria. Não a obriguei.
Rosália riu-se.
— Fernandes, eu lhe conheço. Afinal, você é meu meio-irmão. Com certeza, você deve ter usado um dos seus joguinhos sujos para trazê-la aqui. Não estou certa? Quem é ela?
Fernandes assoprou colocando a fumaça do cigarro que acabara de inalar para fora.
— Você quer mesmo saber quem é ela? Ela é filha da Letícia. Letícia Mattos.
Rosália não acreditou no que ouviu.
— Você está dizendo que ela é uma das gêmeas?
Fernandes acenou afirmativamente.
— Sim. E digo mais, vou conseguir que a irmã dela venha também. Afinal, elas que decidiram pagar pela dívida do paizinho delas. Isso não lembra alguém?
Rosália riu-se.
— Se aproveitando da fragilidade das pessoas para fazerem o que você quer. Você é um monstro, sabia?
— Eu? Sério mesmo? Afinal, eu lhe emprestei dinheiro para pagar a dívida de jogo do seu pai, não foi? Agora, só estou cobrando o que é devido.
— E para isso me fez vender o meu próprio corpo e ainda trabalhar para você... E quer fazer o mesmo com essa garota. Você ainda acha que é humano?
Fernandes se levantou e se aproximou de Rosália.
— Não brinque comigo, Rosália. Não pense que eu vou respeitar qualquer laço sanguíneo que existe entre nós.
Fernandes pegou a mão de Rosália e depois de acariciá-la, de repente, pressionou a ponta do cigarro ainda acessa que tinha nas mãos conta a palma da mão. Rosália sentiu muita dor, mas suportou.
— Estou sendo paciente com você, porque negociamos o tempo da sua gravidez, mas não pense que pode brincar comigo...
Rosália se soltou de Rogério com os olhos vermelhos pela dor. Saiu enquanto Fernandes ria.
— Olha o que você fez... Que desperdício de cigarro. – disse para si mesmo, rindo da própria piada.
Érica estava no elevador. Já eram sete horas da noite. Estava muito nervosa. Se de fato tinha sido descoberta por ele, com certeza, estava em péssima situação. Sentiu a dor tão conhecida no estômago.
“Essa dor é insuportável” – pensou consigo, enquanto colocava a mão sobre o estômago em uma tentativa inútil de fazer a dor parar.
 O elevador parou no andar desejado. A dor de Érica aumentava só em pensar em encarar aquele homem. Andou por um pequeno corredor e bateu em uma das portas. Uma jovem atendeu a porta.
— Olá, dona Érica. – disse a jovem com um sorriso. – O Dr. Marcos a espera.
Érica abriu a porta de uma segunda sala. Ao entrar, pode ver o Dr. Marcos sentado na sua mesa com o olhar perdido. Era um homem nos seus 60 anos, cabelo grisalho e uma expressão no rosto de poucos amigos.
— Ora, ora… Se não é a minha querida esposa, a mulher mais ambiciosa que eu conheço… Érica. Como vai? – disse, levantando-se.
Érica não respondeu.
— Não fique tão assustada… Afinal, eu não mordo, não é? – disse rindo.
— O que quer de mim? – perguntou Érica, evitando olhar nos olhos dele.
Marcos apoiou-se na sua mesa, enquanto pegava um charuto e acendia.
— O que você acha? – disse ainda calmo.
De repente, olhou com ódio para Érica.
 — VOCÊ ACHA QUE SOU IDIOTA?! – gritou.
Érica se assustou com a mudança repentina. Como sempre, Marcos sempre lhe causava muito medo.
— Érica? Você não vai me responder?! – disse, voltando ao seu tom assustadoramente calmo.
— N-Não senhor. Eu não acho que o senhor seja idiota.
Dr. Marcos riu.
— Não é o que parece, minha Érica. Você simplesmente insultou a minha inteligência, achando que eu não descobriria sobre a carta que você fez que chegasse às mãos do meu irmão Otávio.
— Mas... Não foi só eu! – disse Érica nervosa, tentando se defender.
Marcos chegou mais perto. Érica sentiu a dor no estômago aumentar.
— Eu confiei em você… É uma pena. Eu lhe dei dinheiro… Muito dinheiro. Cuidei dos seus queridos pais, como queria. E é assim que você me paga. Você tinha uma linda vida pela frente. Tão jovem. Será que é assim que vão dizer nas notícias dos jornais quando encontrarem seu corpo?
Érica empalideceu.
— Por favor, me desculpe. – pediu ela. – Me dê mais uma chance, eu prometo que não farei algo assim de novo.
Marcos sentou-se novamente.
— Só me confirme uma coisa, minha Érica… Quem mandou você fazer isso?
Érica desviou o olhar de Marcos.
— Foi o Otávio Jr, não foi? – perguntou ele.
Érica balançou a cabeça afirmativamente.
— O que ele prometeu?
— E-Ele disse que tem um plano para tirar muito dinheiro do Dr. Otávio. Eu não queria ajudá-lo, mas ele insistiu, dizendo que iria colocar a culpa em mim de um jeito ou de outro. Em troca, ele me daria uma quantia em dinheiro.
Marcos riu.
— Não me diga que o plano dele era seqüestrar as netas bastardas para ganhar dinheiro com isso? – perguntou rindo. – Sim… Com certeza ele pensaria nisso. Aquele idiota.
Érica ficou sem reação.
— Então, o senhor sabia?
Marcos riu alto.
— E como não saberia? – e um pouco mais sério. – Quem vocês estavam tentando enganar? Eu sabia desde o início… De alguma forma, eu já tinha pensado em deixar o Otávio bem ocupado com isso… Eu tenho uma grande quantia de dinheiro para limpar. Não seria bom ele ficar atento ao Grupo agora. – e olhando para Érica com um olhar que a fez estremecer. – Essa eu deixo passar, mas na próxima vez que você tentar me enganar, mando você e o seu filho para sete palmos debaixo do chão. Você entendeu, não foi, minha Érica?
Érica estremeceu. Aquele homem era terrível quando se tratava de se vingar. Antes de conhecê-lo, já ouvira muitas vezes falar da fama que ele tinha. Saiu da sala e a dor no estômago parecia ficar mais forte, pegou um lenço na bolsa e tossiu. Olhou para o lenço e viu sangue.
Mariana esperara do lado de fora da sala onde seu pai estava sendo tratado. De repente, uma das enfermeiras a chamou.
— Você está com o paciente?
— Sim. Já posso entrar para vê-lo?
— Sim. – respondeu a enfermeira.
Mariana entrou para ver o pai. A cena chocou um pouco. Rogério estava todo enfaixado e os hematomas estavam evidentes. Todos aqueles aparelhos ligados a ele medindo seus sinais vitais a assustavam mais ainda. Ela se aproximou e começou a chorar silenciosamente. Um médico ainda estava anotando algumas coisas, quando viu Mariana.
— Você é a acompanhante? Você ou alguém terá que passar a noite aqui no hospital com ele. Ele vai precisar descansar bastante. Ele teve muitas fraturas e uma pequena hemorragia interna que já foi contida. Mas, no momento se encontra inconsciente. Precisa de absoluto repouso.
— Eu só preciso pegar algumas coisas em casa, pode ser?
— Claro, apenas avise a enfermeira.
Mariana olhou mais uma vez para o pai e antes que começasse a chorar novamente, saiu. Depois de um longo trajeto de volta, entrou em casa e foi pegar algumas roupas e coisas para pernoitar no hospital. Ao pegar uma das roupas, um pequeno cartão caiu do bolso.
— Fabrício... – disse ela, lembrando-se ao apanhar o cartão.
Rosália entrou com a mão enfaixada no quarto, o que chamou a atenção de Emanuela.
— O que houve...?
— Ah, isso? – disse Rosália sorrindo – Não foi nada. Um pequeno acidente.
Emanuela continuava sentada na cama, da mesma forma como Rosália a tinha deixado.
— Você ainda não pegou uma roupa? Então, deixe-me escolher uma para você... – disse, enquanto se dirigia para o guarda-roupa.
Emanuela a pegou pelo braço, impedindo-a.
— Eu tenho que fazer isso hoje?
Rosália olhou para a garota e percebeu certo desespero em seus olhos e sua voz.
— Deixarei você ser garçonete por hoje, mas você sabe que mais cedo ou mais tarde terá que enfrentar isso... Sinto muito... – disse Rosália um pouco triste - Já é difícil fazer isso por dinheiro, quanto mais por obrigação... Sei exatamente como se sente.
— Sabe? Como...?
— Perguntei ao Fernandes.
Rosália sorriu um sorriso triste.
— Também tive que fazer isso para pagar a dívida do meu pai... No começo é difícil, mas com o tempo você...
— Se acostuma? – interrompeu Emanuela – Não acredito que vou me acostumar a isso... – disse um pouco distante.
Rosália sorriu novamente.
— Não ia dizer isso... Com o tempo, você aprende a suportar.
Foi ao guarda-roupa e pegou um vestido e um par de sandálias.
— Aí está. – e olhando para Emanuela – Ah! Preciso lhe mostrar algo.
Emanuela ficou um pouco surpresa com a mudança repentina de Rosália. Ela a viu pegar uma caixa em cima do guarda-roupa e abri-la diante dos seus olhos.
Rosália sentou-se na cama e Emanuela sentou-se ao seu lado.
De dentro da caixa, Rosália pegou algumas fotos e mostrou uma em especial. Emanuela olhou para a foto e viu três garotas que aparentavam ter um pouco mais de vinte anos.
— Soube que você é uma das filhas da Letícia. Ela é a pessoa do meio. A da esquerda é a Tânia e a da direita é a Rebeca.
Emanuela olhou para Rosália surpresa.
— Você as conheceu?
— Apenas a Rebeca e logo quando ela estava conseguindo sair daqui. Ela me deu essa foto, a única que ela tinha dela.
Viviane saíra com Verônica para uma pequena festa na casa de uma amiga. No meio da festa, Verônica conversava com as amigas quando um rapaz aproximou-se. Ela percebeu que se tratava de Gabriel.
— E aí, não vai cumprimentar a Vivi? – disse ela.
— Não. Obrigado. Já tive minha dose de Viviane para o resto da vida. Me admira uma garota tão legal como você ser amiga daquela garota. – disse ele um pouco irritado.
Verônica riu.
— Sinto um sentimento hostil... – riu-se – Você sabe que do ódio para o amor é como daqui até ali, não é?
— Não se preocupe, o sentimento hostil, como diz, que tenho pela sua amiga nunca se tornará amor ou qualquer coisa semelhante a esta.
Verônica sorriu.
— É uma pena... Seria uma bela história. O casal perfeito se odeia, mas depois acaba se apaixonando. Bem clichê, mas quem disse que os clichês não agradam?
Gabriel olhou sério para Verônica.
— Você já está bêbada.
Verônica riu.
— Desde a primeira vez que você me apresentou, eu já sabia que não ia gostar dela. - continuou Gabriel - Não sei nem porque dei ouvidos a você tentando chamá-la para sair.
— Que mentira… Você mesmo disse que queria conhecer a sua prometida.
— Você fala como se estivéssemos no século dezenove…
— Mas ela não era sua prometida?
— Você sabe muito bem que isso foram só conjecturas dos nossos pais. Que eu saiba foi apenas uma conversa informal que eles tiveram.
Verônica sorriu.
— Ainda bem que essa época de casamentos arranjados passou. Eu não consigo imaginar ter que me casar por causa de negócios…
De repente, Verônica percebeu que Viviane estava se aproximando.
— Verônica? – disse ela ao chegar mais perto. – Por que está conversando com essa pessoa?
Verônica sorriu.
— Amiga… Não me diga que está com ciúme?
Viviane sorriu irônica.
— Até parece… Como se eu quisesse ter alguma coisa com essa pessoa!
Gabriel riu-se um pouco indignado.
— Você está enganada. Eu é que nunca vou querer nada com você. – e como para si mesmo - Garota maluca.
— Maluca!? Mas, na hora de beijar a maluca aqui, você nem sequer pediu licença, não foi? Eu posso lhe denunciar por assédio!
Gabriel parecia transtornado.
— Eu já disse que foi um acidente! Eu nunca que ia querer beijar você! E você chama aquilo de beijo?!
— Pois a maluca aqui está saindo, ok?
Viviane puxou Verônica para fora da festa.
— Viviane, meu braço! O que está fazendo? – disse Verônica, massageando o braço depois que saíram.
Verônica olhou para Viviane e viu a raiva contida em seu rosto.
— Que história de beijo foi aquela?
— Você não ouviu? Foi um acidente! Aquele idiota! Nem para assumir os próprios erros!
Verônica parecia confusa.
— Se foi um acidente, porque ele teria que assumir os erros dele?
Viviane suspirou.
— Tudo bem, eu vou lhe contar. Você lembra que me apresentou a ele formalmente naquela festa, lembra?
— Sim, disso eu lembro.
— Então, depois que você saiu, ficamos calados... Nem ele, nem eu conseguimos falar nada... Para falar a verdade, eu só conseguia pensar nos meus pais falando para eu me casar com ele.
Verônica riu.
— Sim, continue.
— Foi quando aconteceu.
— O quê? – Verônica perguntou curiosa.
— Bem, ele tinha se abaixado para pegar algo que tinha caído no chão e então quando ele ia se levantando, alguém me empurrou por trás e...
— E... – insistiu Verônica.
— Caí por cima dele e nossos lábios se encontraram! Pronto! Falei!
Verônica ficou boquiaberta.
— E você quer que eu acredite que isso foi um beijo?
— Bem, é que...
— O quê?
— Você sabe... Nossos lábios já estavam ali então...
— Oh, my God!!! – Verônica estava boquiaberta. – Vocês realmente se beijaram?!
Viviane parecia ter exposto todos os seus pecados.
— Mas, não fui eu! Foi ele! Por isso eu dei uma tapa na cara dele!
— O quê?! Você fez o quê?
— O que queria que eu fizesse? Eu nem tinha trocado uma palavra com ele direito e ele já veio me beijando!
— E ele não ficou chateado?
— Ficou, mas sem razão. Você sabia que ele teve a ousadia de dizer que eu não beijo bem?! Aquele idiota.
Verônica começou a rir.
— E, de repente, o seu grande segredo foi exposto!
— Do que está falando?
Verônica olhou para Viviane com uma expressão zombeteira.
— Você sabe muito bem do que estou falando... Você vive dizendo para todo mundo que já teve namorado, mas eu, sua amiga, sei muito bem que esse foi o seu primeiro beijo.
— Shhhh. – Viviane olhou para os lados e pediu silêncio a amiga. – Você quer que todo mundo saiba que tive meu primeiro beijo com quase 18 anos e principalmente com aquele cara?
— Tudo bem, mas acho que não precisa se envergonhar tanto. Pelo menos não é como aquelas garotas que tem filhos aos 11 anos de idade.
Viviane olhou para Verônica incrédula.
— Sério?
— Em que mundo você vive, Vivi? – perguntou Verônica admirada.
— Bem, você sabe, eu não assisto TV local.
— É verdade... Ser herdeira é outro nível... – e sorrindo - Bem, mas pelo menos terei uma história bem clichê para me entreter.
— Do que está falando?
— Não, nada. Vamos voltar para a festa?
— Quem disse que vamos? Eu não vou e você não vai. Castigo por ter rido de mim.
Verônica pareceu desanimada.
— Bem que o Gabriel disse que se admirava de uma garota tão legal como eu ser amiga de alguém como você. Como alguém pode ser tão chata?
— Mas, eu sei que você ama a chata aqui.
Verônica sorriu descontente.
— Tsc, tsc, tsc... Cada vez me convenço de que sou de fato uma pessoa muito legal.
Emanuela entrou na boate. A boate já tinha começado a funcionar. Para todo lugar que olhava via mulheres se insinuado para os homens. A música era alta e, por uns instantes, teve a sensação de sentir o cheiro de droga no ar. Rosália se aproximou dela.
— Esse vestido ficou ótimo em você. – disse, elogiando-a.
Rosália ia saindo, quando sentiu que Emanuela a pegava pelo braço.
— Eu… – Manu tentou falar, mas não tinha coragem.
Rosália sorriu.
— Você precisa se acalmar... Eu já disse que vou dar um jeito e você apenas será garçonete por hoje.
Emanuela balançou a cabeça afirmativamente.
— Vou inventar para o Fernandes que você não está se sentindo bem. Então só ajude com a entrega das bebidas. Não se preocupe. Mas, você sabe que não vai ser sempre assim, não é?
— Eu sei. É que…
Rosália sorriu.
— Não precisa explicar.
Emanuela seguiu Rosália e a ajudou a entregar as bebidas. O tempo passava e Emanuela se sentia mais calma. Pelo menos, tinha tempo para pensar em uma solução para o seu problema. Já passava das 23 horas quando, de repente, Fernandes mandou chamar as duas. Elas se dirigiram a uma das mesas que ficava em um lugar mais reservado.
Quando chegou lá, percebeu que Fernandes estava acompanhado. No entanto, ao ver a pessoa com quem ele falava, Emanuela empalideceu.
— Está é Emanuela. Bonita, não? – disse Fernandes ao rapaz.
O rapaz levantou-se e chegou perto dela.
— É muito linda…
Emanuela não acreditava no que via. Rosália tentou interferir.
— Fernandes, Emanuela não tem se sentido muito bem… Acho que…
— Rosália, saia. – ordenou Fernandes.
Rosália tentou falar, mas foi interrompida de novo pelo meio-irmão e por fim teve que se retirar.
— E aí, gostou mesmo dela? – perguntou Fernandes.
— E você ainda pergunta, meu amigo… Para mim, ela é perfeita.
— Ela é nova aqui, então seja gentil com ela. – disse Fernandes sorrindo.
O rapaz segurou-a pela cintura e quando já não estavam sobre o olhar de Fernandes pegou-a pela mão e se apressou.
— Vamos.
— O que está fazendo aqui, Fabrício? – perguntou Emanuela confusa.
Fabrício riu.
— O que você acha? Vim me divertir um pouquinho… – e olhando para ela. – É claro que vim lhe salvar!
Emanuela se soltou da mão de Fabrício.
— Eu não sei o que está fazendo aqui, mas eu não posso ir!
Fabrício olhou para ela confuso.
— Você quer ficar aqui? Sua irmã me pediu implorando para eu lhe salvar!
— Mas, Fernandes vai fazer mal para o meu pai e para a Mariana…
— Não se preocupe. Seu pai e sua irmã já estão a salvo. Vamos! Não vai demorar muito até ele achar essa situação estranha. Rápido!
Emanuela suspirou, detendo-o.
— Você não está entendendo, não quero viver fugindo como uma criminosa.
Fabrício percebeu que Emanuela estava muito gelada. Ele via o medo em seus olhos. De repente, abraçou-a.
— Eu já disse que você não precisa se preocupar. – disse enquanto a abraçava - Fique calma, ok? Está tudo bem. Nem que seja a última coisa que faça na vida, vou lhe tirar daqui imediatamente.
De longe, Fabrício percebeu que Fernandes estava achando aquela cena estranha e acabou ordenando alguns homens para ir atrás deles.
— Rápido!  Eles estão vindo atrás de nós. Meu carro está lá fora! Vamos, antes que eles nos alcancem.

Os dois correram para o lado de fora e entraram no carro. Fabrício arrancou, enquanto podia ver pelo retrovisor os homens correndo cada vez mais longe.

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