quarta-feira, 31 de julho de 2013

SESSÃO SAUDADE - DOMINGUINHOS

A Sessão Saudade de hoje homenageia aquele que sempre levou alegria aos corações das pessoas com sua música: o querido Dominguinhos.
Para saber mais sobre esse artista, favor consultar: http://www.dicionariompb.com.br/dominguinhos/biografia.
Comenta-se que se Luís Gonzaga era o Rei do Forró, Dominguinhos sempre foi o príncipe, um príncipe com coroa de couro e um sorriso sempre aberto a empunhar a velha sanfona.
É essa imagem alegre dele que queremos sempre guardar na memória!
Com o objetivo de homenageá-lo, reproduzimos abaixo dois vídeos com sucessos marcantes de sua carreira: Eu só quero um xodó e Isso aqui tá muito bom, que canta em parceria com Chico Buarque e que fez parte da trilha sonora da novela Roque Santeiro, em 1985.
Obrigado, Dominguinhos, pelos momentos alegres que nos proporcionou com sua música!
Descanse em paz, amigo!

PRIMEIRO VÍDEO



LETRA

EU SÓ QUERO UM XODÓ

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó prá mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver


SEGUNDO VÍDEO



LETRA

ISSO AQUI TÁ BOM DEMAIS

Olha, isso aqui tá muito bom
Isso aqui tá bom demais
Olha, quem ta fora qué entra
Mas quem ta dentro não sai

Vou perder me afogar no teu amor
Vou desfrutar me lambuzar deste calor
Te agarrar pra descontar minha paixão
Aproveitar o gosto dessa animação

SESSÃO HUMOR

Marcondes chega em casa, depois de um dia cheio no trabalho, e encontra a mulher, péssima cozinheira, chorando em um canto da cozinha:
- Querida! O que houve?
- Snif... querido, eu fiz aquela receita de bolo de carne que é minha especialidade... Mas o cachorro comeu tudo!
- Ah, meu amor, não fica assim não... Amanha mesmo eu compro outro cachorro para você...

Fonte: http://www.piadas.com.br/blogs/piadas/mulher-boa-cozinha.

terça-feira, 30 de julho de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 41 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XLI

O dia estava ensolarado. Mas o ar frio e a brisa suave o embalava. Artistas de rua, turistas, comerciantes se misturavam, aproveitando o sol da manhã. Foi o que encontraram, Claude, Rosa e Fernanda, assim que saíram do Metrô Abbesses, linha 12. Enquanto atravessavam a rua, ouviram Claude:
- Enton preparem-se gatinhas... Nosso último passeio a três, em Paris! Le “mursdesje t’aime”.
Cruzaram o portão que dava entrada a um pequeno jardim, muito bem cuidado e organizado. Árvores antigas lançavam suas sombras pelo chão e o canto dos pássaros competia com a música do acordeon francês, que um senhor tocava na entrada do jardim.



Fernanda soltou das mãos dos pais e saiu correndo por entre os canteiros.
- Não corra assim, Fernanda! - Falou Rosa, chamando a atenção da filha – Você pode cair ou mesmo colidir com alguém, filha! Tenha modos! Muro do amor? - Pergunta para o marido, enquanto Fer voltava para eles, sorrindo,  o  rostinho corado pela corrida e pelo vento.
- Oui! O “muro dos apaixonados”. Nunca ouviu falar? É um local onde casais fazem seu voto e entrelaçam os seus sentimentos. – Diz ao se aproximarem do muro.
- É muito lindo! – Exclama Rosa, enquanto Claude pegava Borboletinha no colo, para que apreciasse melhor. - Talvez esse seja o muro mais romântico do mundo!
- O que é  românico, mamãe?
- Romântico, filha. A mamãe disse romântico, oui? - A corrige Claude, contendo o riso.
- Ahhh!  E o que é?
- Romântico é ter algo de apaixonado, meu amor. – Explica Rosa – é ser poético, sentimental... É gostar muito de alguém...
- É como ser  o herói dos contos de fada, Borboletinha!
- Ahhhh... É ser príncipe e princesa, igual você e a mamãe, quando você fala “eu te amo”? - Pergunta olhando para o pai.
- Touché! Acertou em cheio, hã? E este muro, o muro do "Eu te amo" tem quarenta metros quadrados. A frase "eu te amo" está escrita mais de mil vezes em mais de trezentas línguas diferentes. Ela foi inaugurada em doze de outubro de dois mil.
*A praça desAbesses, associada a passeios românticos, ficou ainda mais conhecida depois que os artistas Frédéric Baron, Claire Kito e Daniel Boulogne realizaram o muro dos apaixonados, já com mais de mil declarações de amor em diversos idiomas” .





Depois de andarem por toda extensão do muro, Claude continua:
- Havia um costume, quase uma lenda, que, depois de passarem por aqui, os apaixonados  colocavam um cadeado em uma das grades da ponte sobre o rio Sena, depois de trancar o cadeado, jogava-se a chave no rio e o casal ficaria  junto e feliz para sempre.
- E iremos fazer isso? – Pergunta Rosa, enquanto observam as várias  formas linguísticas de se escrever eu te amo.
- Infelizmente non. Chegamos tarde, chérie. Eram milhares de cadeados com nomes ou iniciais de casais pendurados na grade da ponte. Eles ocuparam toda a grade da Pont des Arts. Nos mais variados estilos. Mas esses cadeados começaram a atrair ladrões, pelo metal. Eles usavam cortadores de fio, o que causava danos estruturais. Enton, estão sendo retirados desde o começo de dois mil e treze.
- Que pena, que uma demonstração de amor acabe por conta de pessoas oportunistas...
- E como é que faz pra ser romântico agora? – Pergunta Fer, que prestara atenção no que Claude dizia e surpreendendo aos dois.
- De outras maneiras, por exemplo, podemos escrever poemas, fazer programas ao ar livre, dar flores, preparar um almoço ou jantar, fazer uma viagem, ou simplesmente dizer “eu te amo”. D’accord?
- D’accord,papai! A gente pode ir comer agora?
- Podemos, minha princesinha. O que você quer comer?
- Eu gostei daquele pãozinho todo enroladinho e recheado...
- Hummm, você quer dizer que gostou dos croissant! Voilá! Vamos até eles. Aqui perto tem um Bistrô e mm mmmmmm...





Horas mais tarde, no hotel.
- Térese, qualquer contratempo, você liga pra gente, d’accord? –Orienta Rosa para a babá.
- Oui, madame Geraldy. Non se preocupem, eu tomarei conta da Borboletinha como se fosse  minha irmã.
- Tenho certeza que sim. Se ela acordar, reforce que voltaremos logo...
- Não se preocupem! Eu saberei contornar a situação. Divirtam-se tranquilamente.
Claude abraça Rosa pela cintura e ambos saem para a noite. Seria a última noite deles na França. 
Quando descem do elevador, Rosa pergunta:
- Qual o nosso destino? Você não disse aonde vamos...
- Bien... – Responde Claude, sorrindo enigmaticamente - Um simples passeio em volta do Sena já seria muito romântico, hã? Mas vamos para um lugar ainda mais apaixonante.
Um táxi já os aguardava na porta do hotel. Depois de entrarem, Rosa continua:
- Tudo que fizemos e vimos foi apaixonante – Diz suspirando – O passeio pelo Sena em Paris ao pôr-do-sol; piqueniques aos pés da torre Eiffel, visita à Montmartre,  um bairro boêmio, com  seus artistas de rua ...
- Non esqueça a visita ao Monte Saint Michel, o jantar no Guinguette Du Vieux Moulin a beira do Rio Rhone em Avignon, o  passeio em Les Baux de Provence e Saint Remy, com seus  campos de lavanda e girassóis... Mas tudo isso foi só para entrarmos" no clima", gatinha.
- Está sendo uma aventura incrível, principalmente para Borboletinha. Ela adorou o porto de Cassis... Lembra só como ela ficou se banhando naquela  praia? E as falésias de Marseille, então? Verdadeira obras de arte da natureza!
- Nossa filha non tem medo de altura, chérie, percebeu? Non teve no passeio de carro que fizemos na MoyenneCorniche, entre Monaco, La Turbie e Éze, com aquela vista inacreditável sobre o Mediterrâneo e non teve na torre.
- Ela fez uma estranha analogia: disse que quanto mais perto do céu, mais fácil de sua oração ser ouvida  pelo “Papai do Céu”...
- E o que tem isso?
- Ela disse que você a ensinou a rezar, pra ela pedir a Ele que aceite a encomenda  do  seu irmãozinho...
- Voilá! Ela queria falarcom ele pelo celular, hã? Eu apenas disse que tinha que falar com uma oraçon...
- Não, foi muito mais que isso! Você a ensinou a falar com o coração! – disse, encostando sua cabeça no peito do marido, sentindo que ele a abraçava, protetora e carinhosamente. Perderam-se num silêncio, cúmplice do amor que sentiam.
Há algo místico e romântico na Europa, o friozinho incessante, os séculos de histórias, os castelos que nos lembram as histórias de contos de fadas. Um clima de romance único.
As luzes de Paris,que iluminam o Rio Sena, a lua brilhando no horizonte competindo em beleza com a Torre Eiffel fazem o clima perfeito para um casal em busca de romantismo.  E não foi isso que fizemos? Pensava Rosa, olhando pela janela, enquanto o táxi seguia. Claude ainda não falara para onde estavam indo. Mas fosse onde fosse, tinha certeza que seria  inesquecível.







Como havia sido passear de mãos dadas, se deliciar com os croissants das cafeterias e depois aproveitar o entardecer na famosa Champs-Élysée, sempre adornada por flores em seus canteiros...
A arte, a boemia, a liberdade e, sem dúvida, o amor. Paris era isso para os apaixonados. – Concluiu de si para si. Então, Claude a tirou dos devaneios:
- Hummm, ton quietinha!  O que foi, com sono?
- Não! Eu estava pensando, recordando tudo que já fizemos por aqui...
- Nada comparado ao que vai ver ainda, chérie! Bien, chegamos! – Exclama, quando o táxi para em frente a uma construção.
Rosa observou enquanto descia do táxi. Parecia um hotel de luxo. Construído à margem de um rio, aproveitava as rochas para servirem de pilastras e sustentarem os quatro ou cinco andares acima de suas cabeças.
Claude segurou a mão de Rosa e juntos atravessaram o amplo saguão, chegando até a recepção, elegantemente decorada com móveis em mogno. Incrivelmente planejado, os balcões seguiam a linha das rochas, que  haviam sido preservadas, embora desgastadas em sua superfície,  formando uma linha reta e continua.  Duas das quatro paredes eram de rochas puras também. A iluminação era o ponto alto do ambiente, deixando-o acolhedor e misterioso. Seria um cenário perfeito para O Conde de Montecristo, romance de Alexandre Dumas, pensa Rosa.
A recepcionista lançou um olhar de interesse para Claude, logo substituído por inveja, seguido de indiferença, ao notar as alianças, que Rosa fez questão de exibir, pousando discretamente sua mão sobre a de Claude, enquanto ele assinava  o livro de registro.
Assim que pegou as chaves reservadas, da suíte nupcial, ao contrário do que imaginava Rosa, desceram em vez de subirem com o elevador.
- Eu pensei ter entendido que íamos ocupar a  suíte nupcial..
- D’accord, entendeu certo, gatinha.
- Pensei também que ficasse  na cobertura... – Comenta Rosa.
- Geralmente ficam, mas é nossa última noite em Paris. Tinha que ser... especial e marcante, d’accord?
- D’accord, diz, imitando-o - Vai ser muito marcante passar a  nossa última noite no subsolo deste prédio, que deve estar cheio de “animaizinhos do mal”.
- Xiiiiii... Tenha calma, hã?
- Ter calma?!?!? Sinceramente, Claude, eu não vou fazer amor num lugar repugnante e mal cheir... – Claude a beija com paixão. Então, o elevador para e as portas se abrem.
E o que Rosa vê a deixa deslumbrada. Não havia subsolo. O subsolo era a suíte nupcial e dava de frente para o rio. Uma bancada de madeira ficava entre o quarto e as rochas da beira  do rio. Um perfume sedutor pairava no ar, uma cama com lençóis dobrados convidavam ao amor...


- Mas... como foi que achou esse lugar? – Exclamou, extasiada, sem acreditar no  que via, chegando próxima ao balcão de madeira
- Eu o projetei, há alguns anos atrás, antes de ir para o Brasil. Ficou pronto recentemente e Pierre, o proprietário, a guardou para nossa segunda lua de mel... Seremos os primeiros amantes a passar por aqui... – Responde Claude, envolvendo-a por trás.
- Devo um pedido de desculpas... Eu fui impulsiva e... Aquilo ali é uma mesa? – Pergunta, olhando para um dos braços  que as pedras faziam para dentro do rio.
- Oui... Non te lembra alguma coisa? Esse detalhe eu acrescentei depois de nosso jantar de dois anos. Tudo pela internet.  Enton, jantaremos primeiro, madame Geraldy! Tenha a gentileza de me acompanhar, hã?
- Ficarei encantada, monsieur. E depois?
-Bien, depois nos despediremos à altura da cidade dos amantes como amantes, gatinha!


Continua...

SESSÃO REMAKE MUSICAL - O AMOR ESTÁ NO AR - PEDRO STEFANI

A música O Amor Está no Ar, que teve como intérprete Agostinho dos Santos, é apresentada no vídeo abaixo por Pedro Stefani.
Para ouvir a interpretação de Agostinho dos Santos, favor acessar: http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2013/07/sessao-tunel-do-tempo-musical-o-amor.html.
Boa diversão!



LETRA

O AMOR ESTÁ NO AR

Ninguém esconde o amor
Ninguém proíbe o amor
É só olhar no olhar
Pro amor chegar

O amor está no ar
Em tudo que tocar
É só olhar no olhar
Pro amor chegar

Segredo eu quis te fazer
Quiseste todo amor esconder
Mas, tudo em torno de nós
Cantava sobre a voz

Fonte: http://letras.mus.br/agostinho-dos-santos/1762342/

SESSÃO TÚNEL DO TEMPO MUSICAL - O AMOR ESTÁ NO AR - AGOSTINHO DOS SANTOS

A música O Amor Está no Ar, interpretada por Agostinho dos Santos, fez parte da trilha sonora da novela Na Idade do Lobo, apresentada pela Rede Tupi no horário das 19h de 13 de março a 12 de setembro de 1972.
Para maiores informações sobre a novela, favor consultar: www.teledramaturgia.com.br/tele/idadelobo.asp.
Boa diversão!



LETRA

O AMOR ESTÁ NO AR

Ninguém esconde o amor
Ninguém proíbe o amor
É só olhar no olhar
Pro amor chegar

O amor está no ar
Em tudo que tocar
É só olhar no olhar
Pro amor chegar

Segredo eu quis te fazer
Quiseste todo amor esconder
Mas, tudo em torno de nós
Cantava sobre a voz

Fonte: http://letras.mus.br/agostinho-dos-santos/1762342/

segunda-feira, 29 de julho de 2013

HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE CLÁUDIA G (28/07/13) - COLABORAÇÃO: FERNANDA SOUZA


Fonte: http://static.maniadescraps.com/imagens/cybergan38/aniv/aniversario005.gif

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 16 - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 16 - Pressentimento

Emanuela olhou para Érica, mas não disse uma só palavra.
— E então? – insistiu, Érica indo em direção a ela. – Não vai me responder?
— O que quer exatamente quer que eu faça?
— Quero que se encontre com o Dr. Otávio e aceite a proposta dele. Afinal, ele é seu avô, não é?
— Eu não sei o que pensar...
— Como não sabe? Ele é seu avô. Um dos homens mais ricos do país. Não tem porque ficar assim.
Emanuela suspirou.
— Durante quase toda vida eu e minha irmã fomos órfãs e nunca sequer conhecemos nossa mãe biológica, um dia uma pessoa desconhecida me diz que eu tenho um avô rico de um pai que morreu há 18 anos. Como quer que eu reaja? Como se fosse a coisa mais natural do mundo? Além do quê essa história ainda é muito estranha. Eu deixei de acreditar em conto de fadas há muito tempo.
Érica suspirou impaciente enquanto tirava um papel de dentro da bolsa.
— Aqui está o exame de DNA. Se quiser pensar sobre o assunto, tudo bem. – pegou um cartão da bolsa. – E aqui o meu cartão, assim que se decidir pode me ligar.
***
Depois das compras, Viviane, como de costume passou no hospital para ver Rafael. Procurou por Rafael pelo hospital e o encontrou no quarto 308. Rafael e Mariana conversavam do lado de fora e Viviane se aproximou devagar sem que fosse percebida pelos dois.
— Então, Mariana, seu pai está se recuperando bem.
— Sério? – disse ela sorrindo. – Que bom! O ruim é que logo, logo não vou mais lhe ver. É bom conversar com você.
— Também foi muito bom conversar com você. – disse ele, afagando a cabeça dela. – Agora tenho que ver outros pacientes. Fazer relatórios e mais relatórios. – disse sorrindo e saindo logo em seguida.
Viviane se aproximou mais de Mariana.
— Então, você está aqui de novo.
— Ah... – disse Mariana, percebendo Viviane. – Você é a garota de antes.
— Meu nome não é a garota de antes e sim Viviane Alcântara se você não sabe. Herdeira desse hospital e herdeira de um dos maiores grupos empresariais do país.
— Hum...
— O que esse “hum” significa?
Viviane sorriu.
— Nada demais. Então, o que você quer comigo?
— Eu não quero ter nada a ver com você. É por isso que estou pedindo educadamente que se afaste dele, ok?
— Ah... Está falando do Dr. Rafael? Eu estou dizendo educadamente que eu não tenho qualquer intenção de evitá-lo.
Viviane não acreditava no que ouvia.
— Então, você realmente gosta dele.
— Gosto. Mas, não do jeito que está pensando. E não vou evitar uma pessoa que não me fez mal algum.
— Eu já disse a você que sou muito rica? Eu posso fazer da sua vida um inferno.
— Hum, deixa eu ver... – disse Mariana como se estivesse pensando. – Acho que você disse isso três vezes, duas diretamente e uma indiretamente.
Viviane sorriu falsamente.
— Então, você está mais do que avisada. Eu sou muito rica e posso fazer da sua vida um inferno. Então, se afaste dele enquanto estou sendo educada, ok? – disse saindo.
Mariana suspirou.
— Quatro vezes. Que garota maluca.
Logo que Viviane se afastou, Emanuela chegou. Mariana ainda observava Viviane de longe enquanto balançava a cabeça negativamente.
— O que foi? Quem era? – perguntou Emanuela, vendo Mariana observar algo ao longe.
— Ah... Você está aqui. Não é ninguém, só uma maluca. É cada uma que me aparece. E você, por que demorou tanto? O que aquela mulher queria com você?
Emanuela ficou pensativa durante alguns segundos.
— Manu... – insistiu Mari - Quem era?
— Ah... Depois eu conto para você. – disse, sentando-se em um banco próximo.
Mariana sentou-se próxima a ela.
— Mariana... – começou Emanuela pensativa. – Se houvesse a possibilidade de conhecer a família do nosso pai... Você gostaria de conhecê-los?
Mariana pareceu pensativa por alguns segundos.
— Sim. Gostaria.
— Mas e se eles não gostassem da gente? Por sermos filhas... Você sabe.
Mariana sorriu.
— Sabe, Manu... Às vezes, se preocupa demais com o que as pessoas pensam de nós. Se as pessoas não gostassem de nós, então, iríamos fazer com que gostassem. E além de tudo, sempre vai ter alguém que goste da gente, nem que seja um, não é? Mas, por que pergunta isso?
— Por nada. – Emanuela desconversou.
Mariana pareceu um pouco triste.
— Mas, seria incrível não? Ter uma família, tios, primos, avós. Fico imaginando quem são, como são... Pena ser tão improvável algo assim acontecer.
Emanuela levantou-se de repente.
— O que foi Manu? – Mariana se assustou com o movimento repentino.
Emanuela olhou um pouco desconcertada para a irmã.
— Ah... Tenho que fazer uma coisa. – disse, saindo.
Emanuela voltou para a lanchonete, mas não encontrou Érica. Lembrou-se do cartão e viu o número. Ligou e alguém atendeu do outro lado da linha.
— Eu já tomei minha decisão. – disse ela ao telefone.
***
O carro percorreu um caminho de aproximadamente trinta minutos antes de chegar ao seu destino. Érica olhou para Emanuela, que estava ao seu lado no carro.
— Não se esqueça, para todos os efeitos, você acreditou na história inicial. – disse Érica.
O carro parou em frente uma mansão. Era extremamente luxuosa. Érica e Emanuela desceram do carro e o motorista saiu. Emanuela ainda não acreditava que mansões daquele tipo existiam ali.
— Engraçado. Um dia, eu li que milionários costumam não ostentar muito o que têm. Mas parece que essa regra não se aplica muito aqui.
Érica riu.
— Na verdade, quem faz questão de manter essa mansão é o irmão do Dr. Otávio, o Dr. Marcos. Apesar de não morar aqui, ele prefere que essa mansão esteja sempre disponível para quando ele voltar.
Emanuela olhou intrigada para Érica.
— Esse Dr. Marcos não é seu marido? Por que o chama assim?
— Às vezes, eu meio que esqueço esse detalhe... - Érica sorriu enigmática.-Vamos entrar?
Quando Emanuela entrou, não podia acreditar no que os seus olhos estavam vendo. Nunca pensara que veria tanto luxo assim na vida.
— Você poderia esperar por um momento aqui nessa sala, enquanto eu vou dizer que já está aqui?
Emanuela balançou a cabeça afirmativamente.
Érica foi em direção ao escritório do Dr. Otávio. Bateu na porta e Tarcísio atendeu. Tarcísio saiu antes de deixar Érica entrar.
— Você tem alguma novidade? Conseguiu trazer as gêmeas?
— Consegui trazer uma delas, mas é o suficiente.
Tarcísio olhou desconfiado para Érica.
— Que método você usou para trazê-la?
Érica riu.
— Que método você acha que eu usei? Algum tipo de suborno ou chantagem?
— Eu não sei... Não confio em você, afinal, traiu a pessoa que mais confiava em você, não é?
Érica suspirou entediada.
— Está falando do Fabiano? – riu-se - Águas passadas, Dr. Tarcísio, não movem moinhos. Então, posso falar com o Dr. Otávio ou vou ter que passar por algum tipo... – e sussurrando no ouvido de Tarcísio- ...de revista?
— Não faça esses tipos de brincadeiras, senhora Érica. Sim, você pode entrar.
Érica riu.
— Sabe com o que você se parece, Dr. Tarcísio? Um cão de guarda, fiel ao seu dono. Alguém que nunca terá um papel de destaque e sempre ficará à sombra de outra pessoa. Nunca pensou em tomar o lugar do Dr. Otávio? Se você quiser, eu posso lhe dar umas dicas, afinal, como você mesmo disse, eu traí a pessoa que mais confiou em mim, não foi? – disse rindo, logo depois se dirigindo a porta do escritório do Dr. Otávio.
Tarcísio olhava, enquanto via Érica se afastando.
— Definitivamente, essa mulher só pode ser louca. – disse para si mesmo.
Érica entrou no escritório.
— Bom dia, Dr. Otávio.
— Bom dia, Érica. O que a traz aqui?
Érica sentou-se em uma cadeira próximo à escrivaninha do Dr. Otávio.
— Como combinado, eu trouxe uma das garotas: a Emanuela. Agora depende exclusivamente do senhor, Dr. Otávio, de convencê-la.
— Isso é verdade?
— Claro, nesse momento, ela se encontra na sala principal, esperando pelo senhor.
Otávio sorriu.
— Que bom. Como cumpriu sua parte no acordo, então você pode ficar o tempo que quiser na mansão.
— Obrigada, Dr. Otávio.
Otávio ficou sério.
— Não me agradeça, apenas estou cumprindo o que combinei. Não pense que me agrado com você nessa casa esbarrando com o meu filho. Por isso, eu peço que o evite sempre que puder.
— Tudo bem. Se é assim que o senhor quer, assim será. – disse, sorrindo, enquanto levantava-se e saia do escritório.
***
Enquanto Érica falava com o Dr. Tarcísio e o Dr. Otávio, Emanuela não parava de admirar o lugar onde estava.
— Nossa! Isso realmente é exagerado... – disse, levantando-se de onde estava sentada e olhando os objetos ao redor.
De repente, alguém entrou. Era Viviane.
— Que ridículo. – pensou ela em voz alta ao entrar na sala. – Mas, ela não vai me roubar ele. Não vai mesmo. – de repente, ela notou que alguém estava na sala observando um quadro.
Viviane se aproximou, tentando saber quem era. De repente, Emanuela virou-se. Viviane quase caiu para trás de tão assustada que estava. Emanuela ficou admirada com a reação da garota.
— Certo. – disse Emanuela. – Posso não ser tão bonita quanto você, mas não acha que exagerou um pouco?
 Viviane não conseguia pensar em nada até que recuperou o fôlego.
— O-o que você está fazendo aqui?! – perguntou quase gritando.
Emanuela não entendeu a pergunta.
— Desculpa. Mas, eu te conheço de algum lugar? Você me parece familiar... Mas, não consigo me lembrar.
Viviane não acreditava no que estava vendo.
— P-Por quê? – perguntou Viviane sem reação. – Por que você está aqui? Por acaso você mudou de opinião sobre o Rafael? Quer declarar uma guerra?
Emanuela estava confusa.
— Me desculpe, mas eu não sei do que está falando.
Viviane parecia não ouvir Emanuela. Estava pensativa.
— E como você veio parar aqui na minha casa? – disse, olhando para Emanuela. – Há pouco tempo atrás, você estava no hospital...
Vivi começou a andar pela sala. Emanuela pareceu entender o que estava acontecendo.
— Desculpa, mas eu acho que você está me confundindo com a...
— Foi o Rafael que trouxe você? – interrompeu Viviane com uma expressão assustada. – Por acaso, vocês vieram aqui para me dizer que estão namorando? - e batendo no rosto de leve. – Não, não... Isso é impossível. Rafael nunca ficaria com você... Você não tem classe e muito menos estilo!
Emanuela olhou para Viviane séria.
— Classe? Estilo? – perguntou Emanuela não entendendo. – Do que você está falando?
Viviane olhou para Emanuela com desprezo.
— Foi isso mesmo que você ouviu... – e olhando Emanuela de cima a baixo. – O modo como você fala e até o modo como você se veste... Definitivamente, você não é o tipo do Rafael. Ele jamais se interessaria por uma garota como você.
Emanuela não tinha certeza do que estava acontecendo, mas de uma coisa tinha certeza, aquela garota a estava confundindo com sua irmã.
— Eu sei que pode parecer estranho... – começou - ...mas realmente você está me confundindo...
Antes que Emanuela pudesse continuar o que falava, alguém entrou na sala. Era o Dr. Otávio. De repente, ele parou e olhou para Emanuela. Ela era muito mais bonita pessoalmente e havia alguns traços de Jorge em sua aparência.
— Muito prazer. Meu nome é Otávio. E você é a...?
Emanuela não respondeu de imediato. Ainda estava surpresa por conhecer aquele homem que diziam ser seu avô.
— Emanuela. Muito prazer. – disse.
Viviane ficou confusa e se aproximou dos dois.
— Espera... Seu nome não é Mariana?
Emanuela sorriu.
— Era o que eu estava tentado explicar para você. É possível que você tenha me confundido com a minha irmã gêmea.
Viviane não conseguia acreditar no que ouvia.
— Então era sua irmã...? – e um pouco admirada. – Nossa, que coincidência! Encontrar duas irmãs gêmeas no mesmo dia! Mas o que você está fazendo...?
Viviane de repente percebeu algo.
 — Espera... – disse olhando para Emanuela e para seu avô. – Irmãs gêmeas? Não pode ser coincidência.
Viviane olhou para o avô. Pela expressão do Dr. Otávio, as suspeitas de Viviane estavam corretas.
— Então, o senhor vai mesmo fazer isso? – disse profundamente magoada. – Trazer essas duas?
— Viviane, por favor.  – pediu ele, tentando interromper a neta. – Eu preciso conversar com Emanuela. Você poderia sair?
— Por que não vai para o escritório então? – disse rebelde.
Otávio olhou seriamente para Viviane.
— Viviane, vá para o seu quarto, eu quero receber Emanuela aqui.
Viviane olhou com ódio para Emanuela. Otávio percebeu a hostilidade da garota.
— Viviane, agora. – repetiu ele.
— Faça como o senhor quiser. – disse ela, saindo e esbarrando propositalmente em Emanuela, subindo as escadas logo em seguida.
Emanuela olhou para Otávio, enquanto Viviane se afastava. O olhar dele refletia um pouco de tristeza.
— Eu acho que... Que eu não deveria ter vindo aqui. – disse Emanuela para si mesma, mas fazendo-se ouvir por Otávio.
— Não se importe muito com o comportamento inadequado dela... – disse, virando-se para Emanuela. - Viviane pode ser muito impulsiva, às vezes. Tem estado assim desde... – de repente interrompeu o que ia falar. – Bem, de qualquer forma, tenho uma parte de culpa nisso. Mas, vamos ao que nos interessa... – disse sentando-se e indicando para que Emanuela sentasse também.
Emanuela sentou-se e esperou que o Dr. Otávio falasse.
— Então, você aceitou me conhecer antes de tomar uma decisão definitiva.
Emanuela concordou com um gesto afirmativo de cabeça.
— Qual a sua decisão? Vocês estão dispostas a virem para cá? – perguntou Otávio com um pouco de ansiedade na voz.
Emanuela pareceu pensar no que ia dizer.
— Dr. Otávio, o senhor deve entender que isso tudo é muito surreal pra mim... O senhor, dono de um grupo empresarial, querendo que duas garotas desconhecidas venham para cá como se fossem adotadas... Essa é de fato a verdade?
Dr. Otávio sorriu.
— Sim, é a verdade.
Emanuela pareceu ficar um pouco mais retraída diante daquela afirmação.
— Então, conversarei com a minha irmã. Dependendo do que conversarmos, eu lhe darei uma resposta. Mas, gostaria de pedir que caso concordemos em vir para cá, que nós possamos fazer algum tipo de trabalho para compensar o fato de estarmos aqui. Afinal, somos completas estranhas nessa casa.
Otávio pareceu pensativo.
— Tudo bem. – disse por fim. – Então, quando vocês tomarem uma decisão, me digam imediatamente.
— Sim, claro.
Otávio a cumprimentou e Emanuela saiu da mansão. Logo em seguida, Érica a encontrou do lado de fora.
— O que foi? Parece meio desanimada. – disse Érica.
— Não é nada.
— Então... Você realmente não disse nada sobre já saber que é neta dele?
— Não, não disse. Afinal, você pediu para guardar segredo.
— Tem razão. – disse Érica, sorrindo.
O carro parou e Érica e Emanuela entraram.
***
Viviane voltou para a sala onde o avô ficara conversando com Emanuela. Quando voltou percebeu que o avô estava sentado na poltrona da sala pensativo.
— Oi, vovô. – disse ela ao chegar, sentando-se.
O Dr. Otávio pareceu acordar de seus pensamentos.
— Que comportamento foi aquele, Viviane? – perguntou com um pouco de irritação na voz. – Você não é mais uma criança, por que insiste em se comportar como uma?
Viviane percebeu a irritação no tom de voz do avô.
— Por quê? Só por que eu me sinto frustrada? Eu não posso mais me sentir assim?
Otávio olhou ainda sério para a neta.
— Pelo jeito você sabe quem é aquela garota.
— É, eu sei... Eu percebi quando ela falou que tinha uma irmã gêmea. Então, o senhor estava mesmo falando sério... – disse ela. – O senhor nem chegou a considerar os sentimentos da minha mãe, muito menos os meus... Trazer para cá duas bastardas!
Otávio se irritou com o palavreado de Viviane.
— Eu já disse que eu não admito que fale assim com elas. – disse ele.
— E não é verdade? – perguntou ela quase chorando. - Ou elas são legítimas? Por causa da mãe delas, o meu pai traiu a minha mãe! Por causa delas, a minha mãe se afundou no trabalho e esqueceu a própria filha! Por causa delas, a minha vida foi um inferno. E por causa delas, estou perdendo a única pessoa da família que ainda se importava comigo!
— Não fale assim das suas irmãs! – disse Dr. Otávio alterado.
Viviane olhou para o avô com o olhar magoado.
— Irmãs?! – e com o olhar um pouco vago. – Eu detesto elas! Não. Eu odeio! Elas roubaram tudo de mim! Meu pai, minha mãe, e agora o senhor também! De que adianta ter tanto dinheiro... Se tudo o que eu mais quero me tiraram? – disse, saindo.
Gabriele, mãe de Viviane, ia chegando quando a filha saiu.
— O que aconteceu, Dr. Otávio? – perguntou ela preocupada. – Por que Viviane saiu daquele jeito?
Otávio suspirou.
— Simplesmente, ela está reagindo assim desde que viu uma das garotas aqui na mansão. Parece que até agora ela não sabia que eu estava falando sério...
Gabriele ficou surpresa.
— Uma delas veio aqui?
Otávio olhou de repente para Gabriele.
— Não me diga que também não achava que eu estava falando sério.
— Não, de maneira alguma. É só que... Era disso que eu tinha medo... Viviane estava calma demais... – e olhando para o sogro. – Mas, o senhor tem que entender, Dr. Otávio, apesar de tudo, isso está sendo muito difícil para ela. O senhor é a única pessoa em que ela realmente confia nessa casa...
Otávio suspirou.
— Entendo, Gabriele. E o que mais me entristece é que eu tenho culpa no sofrimento da minha neta. Eu a tornei muito dependente de mim.
Gabriele pareceu pensativa.
— Não só o senhor, Dr. Otávio. A culpa é minha por não ter sido uma boa mãe. Se eu tivesse dado o apoio que ela precisava, ela não teria ficado tão dependente assim do senhor. Mesmo quando a minha filha mais precisou... Eu não fiquei ao seu lado.
Otávio sorriu e olhou para Gabriele com um olhar paternal.
— Acho melhor não pensarmos mais nisso... Nos atormentarmos desse jeito não vai melhorar o comportamento de Viviane. Quem sabe com a chegada dessas garotas, Viviane não se torne uma menina mais calma e mais sociável. Acho que o que podemos fazer agora é esperar.
Gabriele sorriu, tentando se animar.
— Tem razão.
***
Emanuela chegou ao hospital, trazida por um dos motoristas do Dr. Otávio. Já passava das seis da noite. Sabia que a irmã estava preocupada. Culpava-se por ter deixado o celular desligado, mas de qualquer forma ia se desculpar com a irmã. Ao chegar perto do quarto, chamou a irmã pelo pequeno vidro que tinha na porta. Logo depois, Mariana saiu.
— Onde você esteve? Você saiu naquela hora tão de repente e nem disse aonde ia. – disse Mariana, logo ao sair. – Eu tentei ligar para você, mas o seu celular sempre caia na caixa postal. Eu fiquei preocupada.
— Eu sei. Aconteceu algo.
Mariana começou a imaginar coisas.
— O quê? Por acaso, dona Francy expulsou a gente por não pagar o aluguel?
— Não. Não foi isso.
— Então, você não vai me contar? – perguntou a irmã curiosa.
— É claro que eu vou, mas você tem que se sentar primeiro. Preste bastante atenção, ok?
— Está bem. – concordou Mariana, sem saber o porquê a irmã estava tão séria.
Mariana sentou-se em um banco que ficava encostado na parede do quarto. Emanuela então contou tudo o que acontecera e a primeira proposta que ouvira por parte da Érica e depois a história real que a Érica havia contato e, logo em seguida, como ela havia ido à mansão conversar com o Dr. Otávio. Mariana ouviu tudo calada. Ao terminar, Emanuela olhou para Mariana.
— E aí?
Mariana olhou para a irmã e pegou na sua testa.
— Você não está com febre?
— Mariana, eu estou falando sério.
Mariana ficou séria de repente.
— Se tudo que me diz é verdade, então nós temos uma decisão para tomar. – e olhando diretamente para a irmã. – A verdade é que ainda estou um pouco tonta com tudo isso. Quer dizer, então, que nosso avô é um milionário?
Emanuela balançou a cabeça afirmativamente.
— É tão inacreditável isso.
— Foi o que pensei também.
— Mas, mesmo assim é possível.
Emanuela olhou para a irmã compreensiva.
— Se quiser pensar um pouco mais sobre isso. – disse Emanuela. - Vou aceitar qualquer decisão que tomar.
Mariana suspirou.
— Acho que não há muita coisa para pensar.
— Não?
— Eles são nossa família. Não foi isso que a gente sempre quis? Mas, eu fico triste em saber que nosso pai biológico não está mais vivo. Você sabe do que ele morreu?
— Érica falou algo sobre um acidente, só não me disse muitos detalhes.
— O lado bom é que somos ricas agora. – disse Mariana rindo.
— Mari, estou falando sério.
— Eu sei. – disse ela, fazendo um muxoxo. – Mas, me diz... Como é esse nosso avô? Ele parece ser legal?
— Aparentemente sim. Mas, não tenho certeza. Afinal, ele criou uma mentira enorme ao invés de nos falar à verdade.
— Mas, mesmo assim você não contou a ele que já sabia a verdade.
— Não. E não foi só porque a Érica me pediu. Talvez, ele realmente não se sinta bem falando isso agora. Também pode existir outro motivo...
— Que outro motivo? – Mari pareceu curiosa.
— Ele pode estar querendo ver como nos comportamos. Se somos confiáveis.
— É, tem razão... Mas, podemos fazer isso. Podemos dar uma condição para esse Dr. Otávio... Aí veremos seu verdadeiro motivo.
— Qual? – perguntou Manu interessada.
— A condição vai ser ele empregar o nosso pai.
Emanuela estava um pouco incrédula sobre aquela proposta.
— Mas, o Rogério tem passagem na polícia... Que pessoa, em sã consciência, empregaria um ex-detento?
— Aí é que está. Se ele concordar significa que a mentira que ele criou foi apenas porque não está preparado para nos contar a verdade. Se ele aceitar a condição, nós vamos aceitar a proposta dele sem qualquer objeção.
Emanuela olhou para Mariana e sorriu. Apesar de, às vezes, achar que a irmã fosse de outro mundo, na maioria das vezes, ela sabia exatamente como testar o caráter das pessoas. De repente, lembrou-se de algo.
— Ah, antes que eu me esqueça... Acho que temos uma irmã ou prima.
— Sério? – disse Mariana contente.
— Não fique tão feliz. – disse Emanuela, fazendo com que Mariana se desanimasse. – Ela parece ser extremamente desagradável.
— Sério? – disse Mariana desmotivada.
— Acho que o nome dela é Viviane...
Mariana, de repente, lembrou-se de algo.
— Ela por acaso não é loira, não é?
— Ah, tem razão... Ela me confundiu com você. Acho que ela já se encontrou com você aqui no hospital.
— Sério? – disse Mariana, lembrando-se de Viviane.
— Vem cá, você só fala “sério” agora?
Mariana suspirou.
— Oh, God... Why?
Emanuela riu-se com a expressão de desanimada de Mariana.
***
Eram quase oito da noite quando Otávio Jr. chegou em seu carro na mansão. Ele acabara de chegar à mansão, quando a sua mulher o recebeu. Ela, por sua vez, parecia estar um pouco preocupada.
— O que foi que aconteceu? - perguntou ele, olhando para Camila.
Camila suspirou.
— É melhor irmos para uma das salas e conversarmos reservado...
Os dois se dirigiram a uma das saletas da mansão em que poderiam conversar sem que pudessem ser ouvidos.
— E aí? O que é essa expressão de preocupação no rosto? – perguntou ele, afrouxando a gravata e sentando-se em uma das poltronas da saleta.
Ela sentou-se também.
— Estou preocupada com a Érica... Na verdade, com qualquer coisa que envolva o Marcos.
— E o que realmente lhe preocupa? - perguntou desinteressado.
Camila olhou para o marido.
— Você não acha estranho não ter acontecido nada a Érica? Quer dizer, nem entre as pessoas que trabalham com Marcos eu ouvi falar que ela deveria ser punida ou coisa parecida...
— E você acha que o Marcos iria dar um fim nela? Apesar de tudo, aquela mulher tem as suas utilidades. - disse sorrindo com o olhar vago.
Camila aparentou sentir ciúmes.
— Do que está falando exatamente?
— Não é nada, minha querida... Não precisa ficar tão preocupada. O que eu quero dizer é que Marcos não faria nada precipitado. Se ele quiser dar um fim nela, pode ter certeza que ele vai fazer tudo para que pareça um acidente...
— Igual ele fez com Jorge?
Otávio Jr. olhou assustado e, ao mesmo tempo, irritado para a esposa.
— Nunca mais repita isso aqui! - disse ele, repreendendo-a. - Existem coisas que não podem ser faladas nem mesmo quando estamos a sós.
Depois que Otávio Jr. se acalmou um pouco, Camila ousou continuar a conversa.
— Mas, você não acha que ele descobriu que nós usamos a Érica?
— Sim. E daí?
Camila não entendia porque o marido estava muito quieto.
— E o que você pretende fazer? Com certeza ele já sabe que, de alguma forma, nós estamos planejando algo contra ele.
Otávio Jr. riu.
— E com certeza, ele está pensando que somos idiotas o suficiente para armarmos tudo isso por causa de uns trocados...
— Você acha que ele não percebeu a nossa real intenção?
Otávio riu.
— Não. E sabe por quê? - disse olhando para a esposa. - Por que ele nos subestima... E espero que continue assim. Mal sabe ele que estamos algumas jogadas à sua frente.
Camila sorriu.
— Agora que percebi... Parece que você está realmente de bom humor. O que aconteceu no escritório?
Otávio Jr. sorriu satisfeito.
— Recebi uma ótima notícia. Algo que eu estava planejando há algum tempo...
— O quê? - perguntou ela, interessada.
— Sabe, Camila, existe uma vantagem na obsessão do Marcos pela presidência do grupo... Ele nem consegue perceber que uma auditoria é feita sem que ele saiba.
Camila parecia realmente assombrada.
— O que você está falando? Uma auditoria? Mas, assim eles vão descobrir...
— Isso. - concordou ele, interrompendo a esposa. – Marcos, aos poucos, vai ser encurralado como um rato... Mesmo que ele consiga escapar da acusação de sequestrar uma das suas sobrinhas-netas, porque afinal colocaremos a culpa nele; ele realmente não vai conseguir se salvar de ser preso por lavagem de dinheiro... E logo, quando descobrirem o envolvimento dele com o tráfico humano, provar a inocência em um sequestro fica mais difícil ainda. Ficamos com o dinheiro do resgate e eu, como segundo para a sucessão, consigo a presidência.
Camila sorriu.
— Esse plano é perfeito... – disse, olhando para o marido. - Com certeza, eu me casei com um homem inteligente.
***
Viviane voltou ao hospital. Como não tinha visto Rafael mais cedo direito, resolveu voltar à noite. Era a primeira vez que ia ali naquele horário. De repente, conseguiu encontrar o tio.
— Tio Fabrício? – tentou chamá-lo.
Fabrício percebeu a sobrinha.
— Vivi? O que está fazendo aqui? É melhor você ir para casa, eu e Rafael estamos muito ocupados.
— O senhor vai ficar de plantão hoje?
— Sim, vou. – disse, se afastando. – Vá logo para casa, já está ficando tarde...
Viviane parecia estar um pouco preocupada. De repente, viu Rafael.
— Olá, Viviane? – Rafael cumprimentou, se aproximando. – É incomum você está aqui a essa hora... Está procurando seu tio?
Viviane sorriu.
— Não. Na verdade, só estou aqui para lhe ver...
Rafael olhou sério para a garota.
— Você deveria parar com isso. No começo, eu até tolerei por ser sobrinha de um amigo, mas você deveria parar de se comportar como uma menina mimada.
Viviane ficou meio sem jeito.
— Desculpa, foi só uma brincadeira...
— Então, eu lhe aconselho a parar com essas brincadeiras, se não quiser que eu fique realmente desapontado com você. – disse – Agora, deveria ir para casa, porque está ficando tarde. – concluiu, saindo.
Viviane ficou sem reação. Era a primeira vez que Rafael a tratava daquela forma. De repente, sentiu aquela sensação conhecida. Era como se alguém a estivesse seguindo.
“Não. Só pode ser imaginação. De qualquer forma, vou pedir ao motorista que venha me pegar em frente ao hospital.” – pensou, enquanto pegava o celular.
Mariana vinha da lanchonete do hospital, quando avistou Viviane. De repente, tentou falar com ela, mas antes que conseguisse alcançá-la, ela saiu. Voltou para o quarto, onde Emanuela conversava com Rogério.
— Sabe quem eu encontrei no corredor? Aquela garota, Viviane... Parecia um pouco pálida.
— Pálida? – perguntou Emanuela intrigada.
— É. – disse Mariana pensativa. – Como se estivesse assustada com algo. – e olhando para o pai. – Mas, mudando de assunto, o que estavam conversando?
Rogério olhou para Mariana.
— Sua irmã estava me contando sobre a proposta que vocês receberam...
Mariana olhou para Emanuela. As duas haviam combinado que contariam apenas parte da história. O fato de que o Dr. Otávio era avô delas ficaria em segredo até que o próprio Dr. Otávio contasse.
— E o que o senhor achou?
Rogério ficou pensativo.
— Acho que vocês têm esse direito.
Emanuela e Mariana se olharam confusas com a afirmação de Rogério. Ele tentou consertar o que falara.
— Digo... Vocês têm o dever de aceitar. Afinal é uma oportunidade única.
— Ah... Sim. – disse Mariana rindo. – Pensei que o senhor estava delirando!
Os três riram. Emanuela olhou para Rogério intrigada.
***
No dia seguinte, Viviane foi para a faculdade. Estava extremamente cansada. Não conseguira dormir direito. De repente, Verônica foi ao seu encontro.
— Viviane! Você não vai acreditar! – Verônica falou de repente.
— Acreditar no quê?
Verônica pegou no braço de Viviane e praticamente a carregou. No caminho, Viviane notou que os outros alunos olhavam para ela de forma diferente.
— O clima está estranho aqui. – comentou e olhando para a amiga. – Para onde está me levando?
— Para o laboratório de informática.
Viviane não entendeu. As duas entraram no laboratório, onde os notebooks estavam instalados. Verônica colocou Viviane em frente a um dos computadores e acessou a internet. Ao abrir a página principal, Viviane tomou um susto.
— O-O que é isso?! – perguntou Viviane quase sem reação.