terça-feira, 5 de novembro de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 22 - PRIMEIRA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Aviso: por um lapso, deixamos de publicar esse capítulo na segunda, dia normal dele. Assim, estamos publicando hoje. Deixamos aqui nosso pedido de desculpas e informamos que, na semana que vem, a webnovela será novamente publicada em seu dia normal.
Boa leitura!

Capítulo 22 – Festa

Dr. Otávio esperava Emanuela junto ao carro. Logo depois, Emanuela saiu da mansão e entrou juntamente com Dr. Otávio no automóvel. Os dois tinham que chegar um pouco mais cedo para que Otávio pudesse dar as devidas instruções para Emanuela dentro da empresa.
O carro partiu. Depois de alguns minutos, Otávio que verificava no tablet as últimas versões de relatórios da empresa, olhou para Emanuela, que apenas olhava pelo vidro do carro em silêncio.
— Está ansiosa? – perguntou, interessado em puxar alguma conversa.
Emanuela sorriu.
— Não muito. Quer dizer, não sei exatamente o que esperar, então, pode-se dizer que estou um pouco.
— Não se preocupe. Você é inteligente e vai pegar o trabalho rápido. Mas você já decidiu que área realmente quer?
Emanuela pareceu pensar por alguns segundos.
— Bem, posso trabalhar em qualquer área, afinal pode ser algo temporário... Não sei ainda o que quero fazer da minha vida.
Dr. Otávio olhou para Emanuela e sorriu.
— Tem razão. A sociedade cobra bastante dos jovens. Em uma idade muito jovem já devem escolher o que tem que se fazer para toda a vida. Infelizmente, no meu caso, não tive essa oportunidade.
Emanuela pareceu curiosa.
— O senhor herdou a empresa do seu pai?
— Sim. Meu pai fundou a primeira empresa do Grupo Demontieux e depois os negócios começaram a ir bem. Ele parecia ter um talento nato para negócios. É uma pena que agora não vejo sucessores para a presidência do Grupo.
— E a Viviane?
Dr. Otávio olhou para Emanuela como não entendendo o que ela acabara de sugerir.
— Viviane? – disse, dando uma pequena pausa - Bem, Viviane tem sua própria carreira. O máximo que ela poderia pegar seria a posição de Diretora do Hospital algum dia. Mas ela não teria muito tato nessa área.
Emanuela pensou em dizer algo, mas se conteve. Se a própria Viviane não se manifestou em relação aquele assunto, ela não teria o direito de se intrometer.
***
Emanuela havia saído para começar seu trabalho no Grupo Demontieux, Viviane saíra para a faculdade e os adultos para as suas respectivas ocupações. Gabriela dava as últimas ordens na cozinha, enquanto que Mariana estava na sala vendo algo na televisão. De repente, a campainha tocou e uma das empregadas atendeu. Momentos depois, Mariana viu Fabrício entrando na mansão. Ela se levantou e foi ao seu encontro.
— Fabrício? Veio atrás da Manu?
Ele acenou com a cabeça.
— Então, ela não te disse que ia a trabalhar? O Dr. Otávio conseguiu um emprego de aprendiz para ela na empresa.
— Sério? Ela não me disse.
Mariana riu.
— Emanuela é assim. Não se preocupe. Ela está acostumada a ser muito independente. Acho que vai ter que ter um pouco mais de paciência, porque é a primeira vez que ela está em um relacionamento.
— Então, ela te contou?
— Não tinha como esconder isso de mim, né? – Mariana riu – Afinal somos gêmeas.
Fabrício riu. Mariana por alguns minutos ficou um pouco envergonhada. Às vezes, era difícil olhar para os olhos dele.
— De qualquer forma... – disse ela – Se não puder entrar em contato com ela pelo celular, assim que ela chegar posso falar que veio aqui.
— Obrigado. Vou tentar falar com ela por telefone. Deveria ter feito isso antes de vir aqui, teria evitado a viagem perdida.
Fabrício se despediu, enquanto Mariana voltava para a sala, agora sem qualquer interesse de continuar a assistir TV. De repente, teve uma ideia. Gabriele que vinha da cozinha se aproximou da garota.
— Sra. Gabriele. – disse Mariana. – A senhora tem o telefone daquele médico amigo do Dr. Fabiano?
— Fala do Dr. Rafael? – disse ela pensativa. – Acho que tem o número pessoal dele na minha agenda. Espere aqui.
Gabriele subiu ao quarto e logo voltou.
— Aqui está. – disse, entregando um cartão. – Esse é o cartão pessoal dele. Há um número de celular e o da sala pessoal no hospital Alcântara.
Mariana sorriu.
— Obrigada, Dona Gabriele.
— Não precisa agradecer. – e um pouco curiosa. – Mas não sabia que conhecia tão bem o Dr. Rafael.
— Ele se tornou um amigo quando meu pai ficou internado. Eu sempre conversava com ele sobre várias coisas. É alguém que você consegue dizer qualquer coisa e ele ainda tem uma resposta.
Gabriele sorriu.
— Pelo jeito, o Dr. Rafael não conquistou apenas a Viviane.
Mariana olhou de repente para Gabriele um pouco surpresa.
— A senhora está enganada, não gosto do Dr. Rafael como a Viviane gosta. Ele é só um amigo. Só um amigo.
Gabriele sorriu enigmática. Mariana pegou o celular e discou o número. Em alguns segundos, alguém atendeu.
— Dr. Rafael? Gostaria de lhe fazer uma vista, o senhor está muito ocupado? Ok, então. Estarei aí um pouco antes do almoço.
Mariana desligou.
— Dona Gabriele, a senhora me libera para eu ir almoçar no hospital?
Gabriele sorriu.
— Tudo bem.
***
Viviane estava no intervalo das aulas. Infelizmente, Verônica não tinha aula naquele dia. Ela estava sentada em uma cadeira junto a um das mesas da lanchonete da faculdade, quando alguém a tocou em seu ombro. Ela virou-se de repente.
— Então é você? Não lembro quando foi que eu lhe dei a permissão de me tocar na faculdade e agir como se fôssemos amigos.
Gabriel riu, enquanto se sentava em uma cadeira próxima.
— Vivi, do que está falando? Somos mais do que amigos. Afinal, fizemos coisas que amigos não fazem.
Viviane levantou-se da cadeira e preparou-se para sair.
— É melhor parar com isso. Se ficar falando bobagens por aí, as pessoas podem pensar errado. E você já esqueceu que somos inimigos?
Gabriel levantou-se também e se aproximou.
— Inimigos fazem isso? – disse Gabriel, pegando Viviane pela cintura e tentando beijá-la.
Viviane se desvencilhou.
— Pare com isso. O que acha que as pessoas vão pensar? Não estou com paciência para suas brincadeiras. Tenho muitos problemas agora. – disse e saiu, enquanto Gabriel a seguia. – E afinal de contas, o que está fazendo por aqui? Por acaso, está vindo para a Medicina apenas para me ver?
— Se eu dissesse que sim, o que diria?
Viviane parou, olhando para Gabriel.
— Diria que não tem a mínima chance e que gosto de outra pessoa. Me desculpe por ser tão fascinante a ponto de conquistar até meu inimigo.
Gabriel riu alto.
— Ainda bem que não vim para lhe ver, afinal, você é uma garota detestável. – e fazendo uma pequena pausa. – Mas que problemas povoariam a cabeça dessa patricinha mimada?
Viviane olhou séria para o rapaz.
— Ao contrário do que você e muitas pessoas pensam, eu realmente tenho problemas.
Gabriel a observou atentamente.
— Tem a ver com seu avô?
Viviane parecia surpresa.
— Como sabe?
— Bem, não sabia... Apenas desconfiei. Você parece ser muito apegada ao seu avô pelo que já andei observando, então, para uma pessoa egoísta como você, possivelmente seus problemas envolveriam a única pessoa que você gosta de verdade.
— Muito engraçado. Mas isso não é da sua conta. – disse, se afastando.
Gabriel a observou se afastando um pouco preocupado.
***
Mariana chegou ao hospital e logo viu o Dr. Rafael. Ele acenou para ela animadamente. Ela se aproximou.
— Agora que estou aqui, acho que fiz algo de muito errado. – disse Mariana.
— Por que diz isso?
— Bem... O senhor é um homem muito ocupado. Acho que devo estar lhe incomodando, não é?
— Não fale assim. Tenho uma folga antes do almoço. É sempre bom conversar com uma amiga.
Os dois foram para o jardim do hospital, que era arborizado.
— Pronto, aqui estamos mais a vontade. O que queria falar?
— Bem... Agora que estou aqui, realmente estou um pouco envergonhada. Mas já que o senhor é médico, talvez possa me ajudar.
Rafael pareceu confuso.
— Por que eu sou médico?
— Sim... Por acaso... Existe algum tipo de droga ou remédio que faz alguém deixar de se apaixonar ou algo parecido?
Rafael ficou surpreso com a pergunta.
— Você veio para me perguntar isso? Está falando sério?
Mariana suspirou cabisbaixa.
— Claro que não. – de repente olhou para Rafael. – Mas se eu estivesse falando sério, realmente haveria esse tipo de remédio?
— Claro que não. – respondeu ele rindo. – Mas que tipo de problema está passando para me fazer essa pergunta mesmo brincando?
Mariana suspirou novamente, enquanto sentava-se em um banco.
— Dr. Rafael, minha vida está uma bagunça... Tantos problemas e ainda tenho que lidar com esse tipo de sentimento. – disse.
Rafael observou Mariana. Ela sempre estava sorrindo e dizendo brincadeiras, mas pela primeira vez, ele realmente percebeu que essas pequenas piadas muitas vezes apenas escondiam tristezas e preocupações. Por alguns momentos, Mariana deixou transparecer o desânimo que havia dentro de si. Momentos depois ela sorriu novamente.
— O que estou falando? Ainda há esperança.  Pelo que li, a paixão tem dois anos de validade. Até lá vai estar tudo bem, não é? – disse rindo. – Até lá, estarei na faculdade e conseguirei o cara que eu quiser, afinal, existe lugar mais cheio de rapazes lindos esperando por mim do que na Faculdade de Medicina? O que me leva a uma pergunta, por que os caras da Medicina são tão bonitos? Bem, a minha teoria é que...
Mariana foi interrompida por um pequeno gesto de Rafael. Ele alisou a cabeça dela, bagunçando levemente o seu cabelo.
— Não precisa se esforçar tanto.
— Você me pegou. – disse Mariana sorrindo.
— Sim, pelo pouco que conheço você, já percebi que sempre que está muito triste ou preocupada, acaba fazendo piadas e rindo, mesmo quando não tem graça.
Mariana olhou surpresa para o médico.
— Então, minha carreira de humorista terminou antes mesmo de começar.
Ele sorriu.
— Mas me diga... O que realmente está acontecendo?
— Dr. Rafael... Eu não sou muito boa em dizer o que eu sinto. Para mim é mais fácil esconder. Mas talvez com o senhor eu realmente consiga, já que o senhor tem maior chance de ter amores impossíveis e não correspondidos.
Rafael não entendeu o que Mariana quis dizer, mas não a interrompeu.
—... bem de qualquer forma, acho que o senhor entenderia.
— Você fala do fato de gostar do mesmo garoto que sua irmã?
— Sim... Mesmo com tantos problemas, eu ainda fui arranjar esse. Isso não é patético?
— A paixão acontece, não é algo que você necessariamente procura.
— Eu sei. Mas eu me sinto mal. Ter que encarar minha irmã todos os dias e sentir o que eu sinto pelo namorado dela. Eu realmente sou a pior irmã mundo. E não posso dizer a ela, porque do jeito que ela é terminaria com o namorado só para não me ver triste. Eu me sentiria muito pior se ela fizesse isso. Então o que devo fazer? Eu sinto que se eu não contar isso a ela, estarei sendo falsa, hipócrita, a pior pessoa do mundo. Mas se eu disser vou piorar tudo.
Rafael olhou com carinho para a garota.
— Por que você acha que tem que contar para ela?
— Ora... Porque... Porque somos amigas. Não devemos ter segredos, não é?
— Você não tem que dizer tudo o que sente para todo mundo. Todas as pessoas têm seus segredos e não há nenhum mal em ter algo que queremos guardar para nós mesmos. Talvez por você ser irmã gêmea dela, ache que não deve haver qualquer segredo, mas é preciso que você também coloque limites. Afinal, você é você, ela é ela. Você tem o direito à sua individualidade. Se quiser contar a ela, isso é com você. Mas se não contar, não significa que está sendo hipócrita ou falsa.
— Então, não contar a ela não é tão ruim?
— Não acho que não seja. Por que você tem o direito de sentir como ela. Não é como se quisesse tomar o namorado dela, por esconder isso, não é?
— Não, de jeito nenhum.
— Então... Você vai ver que este tipo de sentimento passa... Um dia, você vai encontrar alguém que goste e que lhe corresponda. Quando esse momento vier, você vai ver que valeu a pena ter um pouco de paciência.
Mariana sorriu.
— Eu sabia que o Dr. Rafael saberia o que dizer. Se o senhor não fosse... – Mariana conteve-se. – O que quero dizer é que a pessoa que o senhor gostar vai ser muito sortuda.
Rafael riu.
 ***
Emanuela voltou quase no final do dia junto com o Dr. Otávio. Logo que chegou, subiu para o quarto. Após trocar de roupa, foi para o quarto da irmã, onde ela ouvia música.
— Posso entrar? – disse ao bater à porta.
Mariana abriu a porta.
— E aí, como foi seu dia de trabalho?
— Normal. – disse Manu. – Algum trabalho burocrático, já que eu fiquei na parte jurídica hoje. O Dr. Otávio disse que, por enquanto, ficarei trabalhando por um tempo lá, depois posso mudar quando eu quiser.
— Que bom.
— E você, o que fez o dia todo?
— Eu? Bem... Recebi seu namorado que por alguma razão não sabia que você tinha ido trabalhar e fui ao hospital.
— Ah, é verdade... Fabrício realmente me ligou, eu tinha esquecido completamente de ligar avisando.
— Manu, mesmo que ele seja só seu namorado, acho que devia ter avisado esse tipo de coisa. Eu sei que está acostumada a ser independente, mas o Fabrício pode achar rude ou até pensar que não se importa com ele.
— É, eu sei. – disse Emanuela pensativa. – Tomarei cuidado no futuro. Mas... Você disse que foi ao hospital. Sentiu alguma coisa? Está bem?
— Estou bem, não se preocupe. Fui apenas fazer uma visita para o Dr. Rafael.
Emanuela olhou surpresa para a irmã.
— Dr. Rafael? Nossa... Pelo jeito não é só a Viviane que gosta dele.
— Você está errada... Somos só amigos. Só amigos.
— Tem certeza?
— Claro. Absoluta. Mesmo se eu quisesse alguma coisa, seria impossível.
— Por quê? – disse Manu ainda mais confusa.
— Por que eu acho que o Dr. Rafael não gosta de garotas.
Emanuela olhou surpresa para Mariana.
— Você tem certeza disso?
— Certeza, eu não tenho, mas essas coisas a gente sabe, né? Ele é super sensível e sabe muitas coisas... Enfim, você sabe.
— Bem, isso explicaria o fato de que ele não demonstra qualquer coisa quando Viviane o visita.
 — Foi o que pensei também. Mas mudando completamente de assunto...
— Sim?
— Já faz um tempo que estamos aqui nessa mansão... E não vimos nem um sinal do Fernandes.
Emanuela pareceu ansiosa de repente.
— Nem falar. Também tenho estado preocupada. Tivemos várias oportunidades para que ele viesse se vingar e até agora nada. Ainda acho que Fabrício tem alguma coisa a ver com isso. Você e eu conhecemos muito bem que tipo de pessoa Fernandes é. Ele não é do tipo que apenas deixa passar a menos...
— Que ele faça um acordo. Fernandes adora fazer acordos. E no final, ele se dá bem em todos... – completou Mariana. – Você acha que Fabrício ou alguém pode ter feito algum acordo?
— Eu não sei... Mas mesmo assim. Ainda acho estranho demais esse silêncio por parte dele. É como uma calmaria antes da tempestade.
***
Dr. Fabiano conseguira uma folga nos horários do hospital e estava agora ali, em frente ao apartamento onde Receba morava. Tocou campainha e ela atendeu.
— Dr. Fabiano! Que surpresa. Pode entrar.
Fabiano entrou.
— O que o traz aqui?
— Bem, vim lhe avisar que já foram marcados alguns exames para que possa verificar sua atual situação. Afinal, sua memória não voltou, não foi?
— Não, ainda não... – disse ela com um tom de voz um pouco triste.
— Não precisa ficar assim... Não seja tão pessimista. Possivelmente, sua memória voltará mais cedo do que imagina e sua rotina voltará ao normal.
Rebeca sentou-se e indicou um lugar para Fabiano também se sentar.
— Não é isso com que estou preocupada...
— Então com o quê?
— Fico pensando que se por um lado não ter memórias é como não ter uma própria história... Por outro lado, tenho medo do que essas memórias me trarão. Se até meu cérebro bloqueou essas lembranças, talvez eu, realmente, como você disse antes, tenha sido abençoada.
— Então, realmente, não quer lembrar?
Rebeca ficou pensativa por alguns instantes.
— Na verdade, acho que tenho sido hipócrita, não é?
— Por que diz isso? – perguntou Fabiano, confuso por não saber como Rebeca havia chegado àquela conclusão.
— Eu disse a você que quero lembrar, mas inconscientemente estou bloqueando todas as lembranças do meu passado. Isso não significa exatamente o contrário?
— Talvez não... Talvez só esteja se protegendo para o momento certo. Na verdade, eu que tenho sido hipócrita.
Rebeca olhou confusa para o médico.
— Eu disse que tinha vindo aqui apenas para lhe falar sobre os exames, mas a verdade é que também queria lhe perguntar se queria ir à festa de aniversário da minha sobrinha. Acho que seria bom você conhecer novas pessoas.
Rebeca sorriu.
— Tem razão.
— Então, você vem?
— Claro, por que não?
— Está bem, então virei lhe pegar. – disse satisfeito.
***

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