sábado, 29 de novembro de 2014

PARA MEDITAR



SESSÃO FOTONOVELA - A GAROTA DESCALÇA

A fotonovela abaixo pertence à revista Supernovelas Capricho nr. 457-A, publicada em 25/05/78.
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Boa leitura!































sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 90 - TONI FIGUEIRA


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 90

Participam deste capítulo

Baby  -  Cláudio Cavalcanti
Inês  -  Betty Faria
Cyro  -  Tarcísio Meira
Otto  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Catarina  -  Lídia Mattos
Tula  -  Lúcia Alves
Mestre Jonas  -  Gilberto Martinho
Daniel  -  Paulo Araújo
Pé-na-Cova  -  Antonio Pitanga
Delegado  -  Vinicius Salvatori



CENA 1  -  PORTO AZUL  -  PRAIA DOS PESCADORES   -  EXTERIOR  -  DIA

INÊS DECIDIRA BRINCAR NA ÁGUA VERDE, À BEIRA-MAR. SOB OS RAMOS FRONDOSOS DA MANGUEIRA, O FILHO ERGUIA A MÃOZINHA BRANCA, DENTRO DO CARRINHO COR-DE-ROSA. A MOÇA SUSPENDERA A SAIA ATÉ AO MEIO DAS COXAS MORENAS, GROSSAS. ERA UM TRECHO ISOLADO, ONDE SÓ OS PESCADORES SE BANHAVAM AO RETORNAR DO MAR.

BABY DEMOROU-SE NA VISÃO DA FAMÍLIA. INÊS, BELA, DESEJÁVEL. REPARAVA PELA PRIMEIRA VEZ NAS PERNAS PERFEITAS DA MULHER. MAIS AMADURECIDA COM O CASAMENTO. APROXIMOU-SE, PÉ ANTE PÉ.

BABY AJOELHOU-SE JUNTO AO CARRINHO DO MENINO. LEANDRO PISCOU UNS OLHINHOS NEGROS PARA O PAI. BABY SEGUROU-O E RETIROU-O DE DENTRO. O MENINO MOVEU A MÃO, ESPERTAMENTE.

FOI AÍ QUE INÊS VIU TUDO E COMO UMA LOUCA CORREU EM DESESPERO ATÉ ONDE SE ENCONTRAVA O MARIDO.

INÊS  -  (gritou) Larga ele! Você não vai fazer isso comigo! Não toca no menino, Leandro! Não toca!

BABY DEITOU A CRIANÇA E PUXOU A MULHER CONTRA SEU CORPO, ABRAÇANDO-A FORTEMENTE, COM ARDOR.

BABY  -  Venha cá, sua tonta!

INÊS  -  (imobilizou-se) Que é que você tá querendo, Leandro?

BABY  -  Você sabe que não dá uma dentro? Sabe que você só dá fora na vida?

INÊS  -  (agasalhando-se entre os braços fortes do marido) Eu nunca consegui te entender! Que é que você tá querendo desta vez?

BABY  -  Estou querendo que você reconheça que seu sacrifício foi o mais cretino de toda a história.

INÊS  -  Que sacrifício?

BABY  -  Ai, meu Deus! Como é burrinha! Ela nem sabe que sacrificou uma vida toda, um futuro, uma felicidade, por minha causa! Ela nem se lembra mais de que fez tudo isso... só pra que eu não descobrisse a verdade sobre a podridão da minha vida!

INÊS  -  (abismada) O que é que você sabe... sobre isso?

BABY  -  Tudo... tudo. E cheguei à conclusão que a coisa mais importante que aconteceu na minha vida... foi ter encontrado você... e ganhar meu filho!

BABY SENTOU-SE NA AREIA FRESCA, ENQUANTO A MULHER SE AJOELHAVA DIANTE DELE, ENTRE ENCANTADA E DESCRENTE.

INÊS  -  Bem! Bem... você soube? Como foi? Quem teve a maldade de te dizer?

BABY  -  (tornou a puxá-la para si) Isso importa, agora?

INÊS  -  Eu não queria... não queria que você soubesse assim... olha, nem tudo é verdade, viu? Se te disseram sobre aquela mulher...

BABY  -  (virou o rosto, aborrecido) Não tente tapar o sol com a peneira, tá?

INÊS  -  Coitada, Leandro! Pensando bem... olha... ela até que não é tão ruim assim! Sabe o que me disseram? Que aquela casa é só de dança mesmo! E que Dona Naná é até uma mulher muito séria!

BABY  -  (berrou) Inês... quer parar de tentar consertar o que não tem jeito?

INÊS  -  Eu só quero, amor... só quero que você não sofra!

BABY  -  (voltou-se e segurou o rosto da esposa com ternura) Mosquinha morta da minha vida... quando você vai aprender a não dar tanto fora assim? Tudo o que faz pensando em endireitar...só atrapalha!

INÊS  -  Você acha que eu fiz mal em esconder de você esse tempo todo que sua mãe era aquela... quero dizer... até que não é tão má assim... mas todo mundo fala mal dela... e... sabe?... eu não queria que você tomasse conhecimento pra não sofrer mais do que tem sofrido!

BABY  -  Idiota! Cretina! (falou carinhosamente, afagando-lhe o nariz) Não queria me causar sofrimento... e por isso me deixou penar o tempo todo... pensando tudo de ruim... a seu respeito.

INÊS  -  Ué, Leandro... acho que só assim eu podia provar como te amo tanto...

BABY  -  Burra... burrinha... eu me sinto envergonhado do seu sacrifício... e te peço mil vezes perdão...

BEIJOU-LHE O ROSTO, MORDISCANDO-A E BRINCANDO COM OS LÓBULOS DA ORELHA.

INÊS  -  Ai... amor!

BABY  -  Perdão... perdão... perdão... sua trouxa! Sua errada!

BEIJOU-LHE OS LÁBIOS APAIXONADAMENTE. INÊS DEIXOU-SE APOSSAR SEM RESISTÊNCIA. A TERRA FUGIRA A SEUS PÉS. ERA COMO SE ESTIVESSE A MIL QUILÔMETROS DA REALIDADE...

BABY  -  Sabe de uma coisa? Acho que até hoje o único fora que você não deu... foi me dar um filho! (levantou-se, puxando-a pelo braço) Vamos dar um mergulho. Estou precisando me limpar até a alma... de tanta sujeira... tanto lixo que jogaram na minha vida!

ATIROU-SE SOBRE AS ONDAS QUE QUEBRAVAM NA AREIA ALVA. INÊS RESFOLEGOU. BABY JOGOU-SE SOBRE ELA. E BEIJARAM-SE ALI MESMO, SOB O SOL ESCALDANTE. 

UMA ONDA MAIS FORTE ENVOLVEU O CASAL DEITADO NA AREIA, COMO UM IMENSO COBERTOR DE ESPUMAS...

CORTA PARA:

CENA 2  -  PORTO AZUL  -  CASA DE INÊS  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

BABY RECEBIA A VISITA DE SEU ADVOGADO, EM COMPANHIA DE CYRO VALDEZ E MESTRE JONAS.

ADVOGADO  -  São vinte propriedades. Os homens que serão beneficiados também são vinte?

MESTRE JONAS  -  Vinte contados no dedo, doutor. Taí. O Pé-na-Cova, o Martins, o Pedrão...

BABY  -  (cortou) Espera, Jonas. (entregou ao advogado uma relação nominal.) Os nomes certos estão todos aqui.

ADVOGADO  -  As ações... da Companhia...

BABY  -  Também quero passar pra eles.

ADVOGADO  -  Um conselho apenas. Eu acho que o senhor deve conservar as ações... como... como uma medida de precaução.

BABY  -  Medida de precaução?

ADVOGADO  -  No caso de arrependimentos...

BABY  -  Mas eu estou dizendo...

CYRO  -  (interveio, lógico) O Dr. Lauro tem razão, Baby. Não se sabe o que vai acontecer com essa doação que você está fazendo. Deixe a Companhia para pensar depois...

BABY  -  Mas eu não quero administrar!

CYRO  -  Se aceita um conselho... creio que você pode passar procuração para alguém de sua confiança... pelo menos até segunda ordem... Ricardo, por exemplo.

ADVOGADO  -  Também acho mais prudente.

BABY  -  Certo. Eu passo a procuração pro Ricardo. Vamos lá ver como fica tudo isso, Dr. Lauro!

CORTA PARA:
Tula (Lucia Alves)

CENA 3  -  PORTO AZUL  -  PRAIA DOS PESCADORES  -  CABANA DE BABY  -  EXTERIOR  -  NOITE

JÁ CAÍRA A NOITE E PORTO AZUL COMEÇAVA A ADORMECER.
TULA PAROU DIANTE DA CABANA. BABY E ELA CONVERSAVAM EM TOM BAIXO.

BABY  -  Eu ia te procurar... pra te dar uma satisfação.

TULA  -  Você não tem de me dar satisfação nenhuma, Baby! Eu vim te esperar justamente para te dizer isso. Eu não tenho nada com a sua vida. Você é casado e faz muito bem em ir buscar sua mulher. Eu não represento nada em sua vida. Não represento nada na vida de ninguém...

BABY  -  Você está sentida, Tula.

TULA  -  Que nada! Estou conformada com esse destino que Deus me deu. Uma decepção atrás da outra... Primeiro com aquele patife do Cesário. O mais engraçado é que eu pensei que você fosse melhor do que ele...

BABY FITOU-A, SÉRIO. ANTES DE RESPONDER OLHOU POR SEGUNDOS PARA A ENTRADA DA RESIDENCIA. INÊS DEVIA ESTAR DORMINDO ÀQUELA HORA. 

BABY  -  Está vendo... é uma queixa. Você está muito magoada comigo.

TULA  -  (sufocou um soluço de desespero) Estou magoada com a vida, Baby!

BABY  -  (tentou abraçá-la) Tula...

TULA  -  Não... não se aproxime de mim. Desculpe! Você não tem culpa de meus fracassos.

BABY  -  Tula, você mesma me aconselhava a ir buscar Inês. Você mesma me dizia que ela estava inocente. Você mesma dizia que Inês era a melhor criatura do mundo.

TULA  -  E não digo o contrário! Nunca direi!

BABY  -  Pois então... eu tive a confirmação de tudo isso, Tula. Inês foi maravilhosa... eu nem tenho explicação para tudo o que ela fez... e sofreu por mim. Essa mulher aguentou tudo, tudo!  As piores ofensas, as piores infâmias, calúnias jogadas por mim... e pra quê?! Você sabe? Pra me evitar o desgosto de saber que minha mãe... que aquela mulher... aquela mulher... eu quero dizer que comanda os espetáculos... daquele cabaré de quinta classe... (respirou fundo) enfim...

TULA  -  Eu sei. Não precisa continuar. Só quero te dizer que eu também teria feito o mesmo por você...

BABY  -  Tula!

A JOVEM AFASTOU-SE E TOMOU O CAMINHO DA ESTRADA.

TULA  -  Está tudo acabado, Baby! Fim. Só quero continuar aqui tendo o direito de viver a minha vida em paz. E que ninguém pense que fiquei por sua causa....

CORTA PARA:

CENA 4  -  PORTO AZUL  -  PREFEITURA  -  GABINETE DO PREFEITO  -  INTERIOR  -  DIA

OTTO MULLER ESBRAVEJAVA.

OTTO  -  Mas... isto é certo? Você tem certeza, mamãe?

CATARINA  -  (abanou-se com o leque) Ora, Otto! Acabo de vir do hospital onde está meu irmão. O advogado de Baby foi procurá-lo, enquanto estava lá... e a notícia que deu foi esta que acabo de lhe dar! Terrível!

PAULUS  -  (engoliu a dose de uísque puro e entrou na conversa) Foi sim, Otto! Eu também tomei conhecimento hoje, logo cedo, nas minas. Dr. Ricardo confirmou. Baby está passando para o nome dos mineiros despedidos todas as suas propriedades aqui em Porto Azul. Quanto às minas, vai dar uma procuração ao Ricardo, para administrar sua parte...

OTTO  -  (esmurrou a mesa, histérico) É um disparate!  Um disparate! Isto não pode acontecer! Nós temos de evitar, Paulus!

PAULUS  -  Sim, Otto. Acho que você tem razão... mas não acho uma maneira! 

OTTO  -  Arranje uma! Consulte leis! Faça alguma coisa! Como aceitar a ideia de ver aqueles mineiros sujos, indecentes, proprietários de residências na cidade onde eu sou prefeito! Eu não admito! Eu não aceito, Paulus! 

OTTO CHEGAVA ÀS RAIAS DA LOUCURA. CONTINUAVA ESMURRANDO A MESA, COMO SE ESMAGASSE UM DOS MINEIROS BENEFICIADOS.

CATARINA  -  (pediu) Calma, meu filho!

OTTO  -  Não aceito! Não aceito! Temos de tentar impedir! Isto só pode ser obra daquele patife do Dr. Cyro. Foi ele quem enfiou na cabeça daquele playboy do inferno que deveria repartir seus bens com os miseráveis desempregados! Foi Cyro Valdez! Aquele bandido camuflado de santo, de homem do outro mundo! Foi Cyro Valdez!

CORTA PARA:

CENA 5 -  PORTO AZUL  -  PREFEITURA  -  INTERIOR  -  DIA

OTTO MULLER MANDOU CHAMAR O DELEGADO DE PORTO AZUL.

OTTO  -  (ordenou ao criado) Abram aquela porta da varanda... (o delegado virou-se para ver) Eu quero que o senhor assista àquela cena na praça... Faça o favor de olhar.

DELEGADO  -  O que se passa, Sr. Otto?

OTTO  -  O que se passa? É aquele médico maníaco, aquele charlatão... está se aproveitando dos seus feitos absurdos, sobrenaturais... para explorar a boa-fé do povo desta cidade que eu governo. Eu não aceito esta espécie de coisas. E se os senhores da justiça estavam procurando provas... para indiciá-lo... como eu sei, ali está a maior prova. Esse homem é um cínico, um explorador, um charlatão! Exijo que o prenda imediatamente!

CORTA PARA:

CENA 6  -  PORTO AZUL  -  PRAÇA  -  EXTERIOR  -  DIA

NO CÍRCULO DA PRACINHA DE PORTO AZUL, OS VENDEDORES CONTINUAVAM MERCANDO AS COISAS DE CYRO: MEDALHAS, AMULETOS, VELAS. E REVIVENDO “OS MILAGRES DO SANTO VIVO”.

CYRO APROXIMOU-SE DOS EXPLORADORES. VINHA ACOMPANHADO DE MESTRE JONAS, BABY, DANIEL E PÉ-NA-COVA. TRAZIAM GROSSOS PEDAÇOS DE PAU, PICARETAS E PÁS.

A UMA ORDEM DO MÉDICO, OS HOMENS INICIARAM A DESTRUIÇÃO DAS BARRACAS, ENQUANTO CYRO, LEMBRANDO UM CRISTO SÉCULO VINTE, CHICOTEAVA INEXORAVELMENTE OS MERCADORES.

O CHÃO DA PRAÇA SE COBRIU DE SANTINHOS, FITAS E MEDALHAS. A CONFUSÃO ERA TOTAL.

CYRO ARRANCOU UM DOS HOMENS DA MÃO DE JONAS.

CYRO  -  Quem te mandou fazer isso?

HOMEM  -  (berrou, apavorado) Ninguém!

BABY  -  (pediu) Deixa ele comigo, Cyro!

CYRO  -  Quem te pagou pra explorar meu nome? Quem?

HOMEM  -  Tou dizendo! Foi ninguém. Ninguém.

BABY  -  Vamos levar ele, Cyro! Ele acaba confessando!

DANIEL  -  É isso mesmo! Vamos levar ele!

DELEGADO  -  (que acabava de chegar) Larguem o homem! Larguem!

CYRO  -  (ordenou) Deixem que ele vai dizer ao delegado quem está pagando para fazer isso!

DELEGADO  -  Está muito errado nesse caso, Dr. Cyro!

CYRO  -  Quem está certo, delegado? Este sujeito que foi pago para explorar meu nome... para que todos desacreditem em mim? Para que não tenham mais confiança em mim? Já sabe o que ele fez?

DELEGADO  -  Sei! Recebi ainda há pouco uma denúncia! Mas tudo indica que foi o senhor quem mandou fazer isso!

A PACIÊNCIA DE CYRO IRRITAVA OS AMIGOS.

CYRO  -  Pergunte a ele quem mandou fazer! Diga ao delegado, fui eu?

HOMEM  -  Não foi ninguém! Fui eu mesmo! Agora me deixem ir embora!

CYRO  -  Tem mais alguma coisa a me perguntar, delegado?

DELEGADO  -  Não, Dr. Cyro! Só lamento que coisas como essa aconteçam. Vou pegar este camarada se ele tentar de novo prejudicar seu nome.

FIM DO CAPÍTULO  90

... E NA PRÓXIMA TERÇA, CAPÍTULO INÉDITO!