quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

SESSÃO LEITURA - GRAMADO, CANELA E CAFÉ - DOMINGOS PELLEGRINI

O texto abaixo é da autoria de Domingos Pellegrini.
Para maiores informações sobre o autor, favor acessar: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa390086/domingos-pellegrini.
Boa leitura!

GRAMADO, CANELA E CAFÉ

“Lave as mãos antes de sair”: o aviso, num sanitário de Gramado, sintetiza a limpeza e a graça duma cidade que vive do turismo e vive o turismo.
Conta a lenda que tudo começou com as hortências, plantadas nos jardins, nas floreiras, nas varandas, nas encostas e até nas estradas, emoldurando uma cidade com cultura italialemã, compensando com cremes a friagem da serra, esquentando a alma com chocolates, enchendo os olhos com arquitetura, com comércio e serviços do melhor dos mundos. E com artesanato autêntico, quase – quase – sem meidinchina.
Uma dúzia de museus numa cidade de 35 mil mil almas! Com dois milhões e meio de turistas por ano, o turismo gera 90%  da renda da população. Sempre tem festivais e eventos, ou, como dizem, Gramado flore o ano inteiro. Você compra pão artesanal aqui, feito na hora diante de você. Ali toma um fondue caprichado como que. Aqui, acoli e acolá se come em restaurantes charmosos, passeia-se em parques que parecem tirados da Europa, as ruas são animadas de dia e agitadas à noitinha.
A vizinha Canela é irmã gêmea de Gramado, também com talvez mais arquitetura alpina que muitas cidades dos Alpes. O comércio é fino, da decoração ao atendimento, e as ruas são  bem cuidadas, as praças bonitas, os sanitários públicos  limpinhos, e em cada esquina belos bancos de madeira esperam por conversas.
Então volto a Londrina e vou ao recém inaugurado Museu do Café, que beleza!  Quantos objetos e utensílios a cafeicultura gerou! E, no Cine Café do museu, que belos documentários sobre o ouro-verde! Que depoimentos emocionantes de quem viveu do café, mais que uma cultura, uma paixão! O bazar é uma beleza, com tantas lembranças artesanais para a gente levar, cafeteiras, louças, bules, coadores de pano como o que coa café na hora ali no Bar Rubiácea.
Mas o melhor é sentir no ar o cheirinho de café torrado na hora, em torradeira manual sobre braseiro, depois moído em moinho manual, os turistas fazem fila para cada um girar um pouco a manivela. E quantas geléias e doces e licores de café, além das cervejas com gosto de café, sorvetes e até chicletes de café!
Depois saímos do Museu e já embarcamos em ônibus direto para uma fazenda histórica da cafeicultura, com sua sede reformada e decorada tematicamente, as casas da colônia transformadas em chalés para pernoite, e, no terreiro onde se secava café, agora dançam catira e cateretê, entre barracas de artesanato e comidas típicas do colonato. Porco frigindo no tacho, pão saindo do forno de barro, doces de abóbora e goiaba borbulhando noutros tachos, e, quando sobe a lua, começa a Folia de Reis.
Lá pelas tantas bate bumbo, vai começar o batuque, então acordo, estava sonhando no avião de volta para casa. A comissária (era tão melhor quando eram chamadas de aeromoças!) oferece bebidas, diz que o café está bom, peço só água.
– Sou de Londrina, café me dá muita lembrança.

Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/domingos-pellegrini/gramado-canela-e-cafe/.

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