segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 36 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 36 – Aventuras

Camila, que estava no quarto, desceu. Percebeu que uma das gêmeas e Viviane haviam saído. Foi para a sala e sentou-se, folheou uma revista que se encontrava próxima. De repente, Emanuela entrou na mansão. Acabara de chegar do encontro que teve com Fabrício.
— Olá, Emanuela. – disse Camila ao ver a garota passando.
Emanuela parou de repente.
— Olá. Me desculpe, não tinha te visto.
Camila sorriu.
— Não se preocupe. Não sou o tipo de pessoa que é facilmente notada, a menos que queira. Um pouco parecida com você nesse aspecto... O que nos diferencia de pessoas como sua irmã.
— O que quer dizer? – perguntou Emanuela intrigada, já que Camila normalmente não falava com ela na mansão. E, naquele momento, parecia ter a intenção de chegar a algum lugar.
— Vocês duas podem ter uma aparência quase idêntica, mas são muito diferentes. – e olhando para a garota. – Você parece ter mais noção do que é a vida do que a sua irmã. Na verdade, se não fossem irmãs, seria até natural que você não gostasse dela.
Emanuela ficou calada por uns instantes, ainda não conseguia entender o porquê daquelas palavras.
— Não sei que objetivo tem ao dizer isso. Mas se acha que vou detestar minha irmã por causa disso...
— Está enganada... – interrompeu Camila, ainda enquanto folheava a revista – Não estava me referindo a isso. Só estou dizendo que deveria se preparar. Sua irmã é do tipo de pessoa que não é tão forte. Pessoas que riem facilmente, são positivas demais, também são ingênuas demais. É do tipo que se deixa enganar muito fácil e quando percebem já se quebraram. Se realmente quer sobreviver, é melhor não ser tão dependente emocionalmente dela, já que pode acabar caindo da mesma forma. Ou isso, ou então deveria ensiná-la mais um pouco sobre como a vida pode ser difícil.
— Eu agradeço o conselho, mas não preciso dele. E já que está me dando conselhos e está disposta a conversar, gostaria de perguntar uma coisa.
Camila olhou interessada para a garota.
— O quê?
— Você... Por acaso desconfia de quem colocou aquela carta nos objetos pessoais do meu pai?
Camila ficou sem reação por alguns segundos. Emanuela era direta demais.
— Se refere à carta que fez o Dr. Otávio chegar até você? – disse, tentando disfarçar sua reação - Não sei... Mas se eu fosse você, não faria esse tipo de pergunta tão abertamente. Há pessoas nessa família que não gostariam de saber que está interessada nisso. Pode ser um pouco... perigoso. – deixou a revista de lado e saiu.
Emanuela permaneceu parada por um instante, por alguma razão, aquela mulher parecia ser mais misteriosa do que aparentava. Acordou de seus pensamentos e subiu para o seu quarto.
***
Já eram sete da noite, quando Mariana e Viviane desceram do carro em frente a uma mansão.
— A gente tinha que passar tanto tempo no cabeleireiro? Pensei que quando saímos de casa já estávamos prontas. Nunca imaginei que ainda teria que passar por uma maratona para chegar até aqui. Me sinto uma sobrevivente.
No stress, ok? Afinal, precisávamos compensar o fato de não termos convites.
Mariana olhou para Viviane assustada.
— O que você disse?
— O quê? No stress?  – desconversou Viviane.
— Não, a parte que você disse sobre convites. Você acabou de dizer que não temos convites, é isso?
Viviane sorriu.
— São só detalhes.
— Detalhes?! Detalhes é a música do Roberto Carlos! Convites não são detalhes. Então, a gente vai entrar como penetra?
Viviane olhou de repente para Mariana.
— Não. Não é que não fui convidada. Só que na raiva, eu rasguei os convites. Se conseguirmos encontrar a dona da festa, poderemos entrar. – e com um tom incerto. - Eu acho.
— Acha? – perguntou Mariana incrédula. – Em todo caso, dá no mesmo. – e voltando para o carro. – Me desculpe, Viviane, mas eu não quero pagar esse mico.
Viviane puxou Mariana pelo braço.
— Se acalma, está bem. Se os seguranças da festa não acreditarem, há sempre outro caminho. Eu trouxe dinheiro para isso.
— Dinheiro? O que uma coisa tem a ver com a outra?
Viviane parecia um pouco impaciente.
— Você não sabe mesmo como o mundo funciona, não é? Mariana bobinha, bobinha.
Mariana percebeu do que Viviane estava falando e ficou boquiaberta.
— Não me diga que você vai subornar os seguranças? Você é maluca? Tanto secador nessa sua cabeça desintegrou algumas proteínas que formavam seus neurônios?
Viviane sorriu surpresa.
— Você sabe isso? E não, não estou maluca. E muitas pessoas fazem isso. Você não vê na televisão? Se todo mundo faz isso, então deve ser normal. – disse, tentando parecer natural.
Mariana olhou séria para Viviane.
— É por isso que esse país não vai para frente. São pessoas como você que não respeitam as simples leis que fazem o país assim. E afinal de contas, você já fez isso? – perguntou curiosa.
— Tudo tem a primeira vez. Não é?
Mariana olhou para os céus.
— Não acredito... Não deveria ter acreditado em você, quando me disse que não entraria em confusão. Ah, claro! Eu esqueci que você jurou por uma tia-avó inexistente. Não. Talvez ela até exista no mundo de Nárnia.
— Não fale assim da minha não existente tia-avó, se ela existisse, mereceria respeito. E, por favor, vamos nos acalmar, ok? Sem estresse. O estresse piora a pele, além de ser responsável por mais de 10.000 tipos de doenças, sabia?
— Me admira você saber disso.
— Vai dar tudo certo. Vamos. Isso é só um plano B. – disse, enquanto puxava Mariana pelo braço.
Mariana e Viviane iam entrando na mansão, quando o segurança exigiu os convites. E por mais que Viviane insistisse que ela havia rasgado os convites, ela não teve êxito. Ela ainda acabou vendo Emily, que se aproximou.
— O que está acontecendo?
— Os seus seguranças não me deixam entrar. – disse Viviane orgulhosa. – Diga a eles para me darem acesso.
— Eu te dei o convite. Apenas mostre e você entra.
Viviane ficou boquiaberta.
— Mas foi você mesma quem me convidou! E você viu o que aconteceu com o convite. Em todo caso, é só dizer para eles me deixarem entrar.
Emily sorriu maliciosa.
— Desculpa, querida. Sinto muito, mas são as regras. Se você perdeu ou rasgou os convites, isso não tem nada a ver comigo. Por aqui, você não entra. Se conseguir entrar de outro jeito, por mim tudo bem.
Depois que Emily saiu, Viviane ainda tentou subornar os seguranças, mas foi em vão. As duas voltaram para o carro.
— Ai que raiva! Como podem me tratar assim?! Eu, a pessoa que atrai as festas!
— Eu disse que não ia dar certo. – e olhando para Vivi – Mas que miséria de suborno foi aquele? 10 reais? Se quiser quebrar a lei, faça pelo menos com decência!
Viviane olhou confusa por alguns instantes.
— Não coloca a culpa em mim. E você viu? Eu ia aumentar, mas ele não quis. Além de tudo, eu ainda sou principiante!
— E você diz “ainda”? Não me diga que vai fazer isso de novo? Ó céus, temos aqui uma pessoa com uma carreira política promissora. – e um pouco mais calma - E o que você vai fazer agora? É tão importante assim entrar nessa festa?
— Sim. É superimportante eu fazer isso, é questão de vida ou morte. – e pensativa. – Mari, você ouviu o que a chata da Emily disse, se conseguirmos entrar de outro jeito, então, ela não pode fazer nada. Ela mesmo falou, você viu?
— Sim. – concordou.
— Ok. Então, você aprova meu plano.
— O quê? Espera... Quando foi que eu...?
— Venha comigo.
As duas se dirigiram para o portão dos fundos, onde os carros com encomendas entravam. Um carro parou, esperando que o portão abrisse para a entrega dos itens encomendados.
— Agora, eu só tenho que subornar o motorista.
— Deixa que eu vou. – disse Mariana, indo em direção ao motorista.
De repente, o homem desceu e abriu a porta de trás do carro. Mariana chamou Viviane e as duas entraram, enquanto ele fechava a porta. As duas esperaram até que ele abriu novamente a porta. Perceberam que já estavam no interior da propriedade.
— O que você fez? – perguntou Viviane ao sair. – Quanto você ofereceu?
— Nada. – disse Mariana, saindo também.
— Nada? Ele fez isso por nada?
— Claro. Se você não sabe, existe algo chamado educação...
Viviane sorriu.
— Não fale em educação, quando acabamos de entrar como se fôssemos penetras em uma festa.
— Que seja. Eu apenas expliquei a situação para ele.
Viviane olhou para Mariana desconfiada.
— Como você consegue fazer isso? Será que esse seu jeito de inocente ajuda a seduzir os homens?
— Vivi, não seja tão suja. Só aconteceu de ter um empregado junto com o motorista que parece conhecer muito bem a personalidade da dona da festa. Por isso, ele riu e disse que ajudaria. – explicou Mariana.
As duas foram na direção onde a festa acontecia.
— Vivi, não me leve a mal, mas o que cargas d’água você queria fazer aqui? – disse Mariana, observando toda aquela movimentação de pessoas indo e vindo, dançando, rindo alto e conversando mesmo com o barulho alto do som.
— Não sei que diabos é cargas d’água e nem de que época tirou isso, mas o que tenho a tratar aqui é assunto particular. – disse ela como que procurando alguém no meio de tantas pessoas.
De repente, alguém tocou no braço de Viviane.
— Espera aí, Mari...
— Não sou eu. – disse Mariana que já tinha pegado alguns salgadinhos e estava comendo.
Viviane olhou para trás e levou um susto. Era Gabriel.
— G-Gabriel?
— Viviane. O que está fazendo aqui?
— Apreciando a festa. Como todo mundo aqui... – disse, rindo meio sem graça.
— A festa da Emily? – e pensativo. – Então, como conseguiu entrar, mesmo tendo rasgado os convites? Por onde entrou?
— Pelos fundos. – respondeu Mariana, que acabara de engolir o quarto salgadinho.
Vivi olhou para Mari.
— Continua só comendo, Mariana.
Gabriel riu.
— Não me diga que a princesinha, herdeira do Grupo Demontieux, entrou de penetra em uma festa?
Viviane sorriu sem graça.
— Não foi de penetra. Eu tinha sido convidada, formalmente e tudo. Só não tenho os convites, ok?
— Realmente, o mundo está acabando... – comentou ele rindo. – De qualquer forma, já que conseguiram entrar, aproveitem a festa.
Viviane suspirou, enquanto via Gabriel se afastar.
— Ele não esteve na sua festa de aniversário e no hospital? – perguntou Mariana. – Ele já é seu namorado?
— Ah?! Claro que não! Nunca!
— Sério? Por que está na cara que você gosta dele.
— Nada a ver! O que tem para gostar nesse tipo de cara?
Mariana pareceu pensar.
— Deixe-me ver... Ele é bonito, tem cara de inteligente, simpático. E também parece ser um bom rapaz. Bem... Com essas características até eu me apaixonaria se quisesse.
Viviane olhou para Mariana.
— Então, fica com ele. – e olhando para o salgadinho na mão de Emanuela. – Aproveita e come junto com esses salgadinhos aí. – disse.
— Não precisava dessa cena de ciúmes... Eu só falei por falar, não vou me apaixonar por ele de verdade. E qual o problema em comer salgadinhos? É crime gostar de comer salgadinhos? Eles te fizeram alguma coisa? – e olhando para os salgadinhos – Bebês... Ela não falou por mal, ok? – e percebendo que Viviane estava muito afastada. – Espera, Vivi. – disse, indo apressada em sua direção.
Vivi entrou na mansão sem fazer barulho. De vez em quando, algumas pessoas pegavam algo do lado de dentro para o pavilhão onde se encontrava a festa. Algumas pessoas também conversavam na varanda da mansão do lado fora. Escondeu-se atrás da janela que dava para a sala principal. Na sala, Gabriel e Emily estavam no estofado conversando e segurando alguns CD’s.
— Então, você gosta mesmo dele...  – sussurrou uma voz por trás de Viviane, que tomou um susto.
Era Mariana que a estava seguindo.
— Você ainda está comendo? – sussurrou ela – Você é magra de ruim, não é?
— Ai, Vivi. Deixa de ser chata. Depois de você fazer passar o maior estresse, é claro que eu ia ficar ansiosa. E quando fico ansiosa, fico com fome.
— E por que estaria ansiosa?
— Não sei... Parece que estamos naqueles filmes de agente secreto, sei lá... Espiando o pessoal, entrando de penetra. Não te lembra aqueles filmes?
— Não, não lembra. Agora, faz silêncio, por favor.
As duas observaram os dois que estavam afastados a alguns metros.
— Você gostou desses? – perguntou Emily ao lado de Gabriel.
— Esses aqui são muito bons. Tem certeza que vai me dar? – perguntou ele.
— Claro, não tem problema. Mas tem mais... No meu quarto... – disse Emily.
— No seu quarto? – perguntou Gabriel, logo percebendo a intenção da garota. – Sabe o que é, Emily, acho que está ficando tarde, quem sabe outro dia... Tem muitas pessoas também.
— Ah? – riu ela. - Você não pensou coisas estranhas, não foi? Sério, tem outros CD’s lá... Vamos? – disse ela, enquanto o puxava pelo braço. Os dois subiram as escadas.
Mariana olhou para Viviane e viu que ela estava furiosa.
— Você viu? CD’s? Que desculpa mais esfarrapada foi aquela? Eu já vejo a cena, ele sendo encurralado como um rato por aquela víbora idiota! – e olhando para Mariana. – O que eu faço? O que eu faço?
— E por que você deveria fazer alguma coisa? O que um casal faz entre quatro paredes fica entre eles.
— Não faça perguntas difíceis, Mariana. – e olhando em súplica. – Por favor, me ajuda! Me dê uma ideia para tirar aquela idiota de lá agora! Antes que seja tarde... E ele seja devorado.
— Antes que seja tarde e seja devorado? Ai, Vivi, não é como se ele fosse um rato mesmo... Na verdade, se eu fosse colocar isso da maneira certa...
— Mariana! Não estou aqui para ouvir sua lógica sem noção.
Mariana ficou pensativa.
— Tudo bem. Eu tenho uma ideia. Mas se não tomarmos cuidado, as coisas não vão sair muito bem. E pode até acabar com a festa.
— Eu não me importo!
Mariana foi rápida. Em poucos segundos, subiu em uma mesa e pediu para que Viviane lhe entregasse uma das velas que estava em um castiçal. Logo, Viviane percebeu qual era a ideia da garota. Mariana aproximou a vela do alarme de incêndio. De repente, o alarme foi acionado, molhando toda a casa e espantando as pessoas que estavam na varanda da mansão e fazendo as pessoas gritarem ‘fogo’ em desespero a ponto de abafar o som da música. Foi o maior reboliço. Pessoas gritavam e se alarmavam, enquanto outras começavam a sair correndo do local. Viviane e Mariana conseguiram sair naquela confusão.
— Mariana, você é incrível! – disse Viviane molhada. – Maluca, mas incrível!
— Eu disse a você que ia acabar com a festa, só esqueci que as roupas e a maquiagem iam juntas... Tantas horas de preparação para absolutamente nada.
Viviane sorriu.
— Com certeza, você é demais! – disse rindo. – Você passou no teste para ser minha irmã!
As duas entraram no carro e do portão podia-se ver Emily, aos berros tentando dizer que não havia incêndio algum, mas, infelizmente, muitos já haviam saído apavorados. Viviane aproximou do portão com o carro. Abriu o vidro e acenou para Emily.
— Foi uma festa legal, pena que acabou desse jeito.
Emily ficou em choque por alguns instantes antes de ter uma reação.
— Viviane! – gritou Emily furiosa.
Viviane arrancou, enquanto via pelo retrovisor Emily gritando de raiva. As duas começaram a rir.
— Ela deve ter inventado novos palavrões agora. – disse Mariana rindo. De repente, espirrou.
— Você está resfriada? Vamos aproveitar e passar no hospital, quem sabe o Dr. Rafael não passa um remédio.

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